A Copa do Mundo deste ano terá como sede o Catar, um país de temperaturas elevadas durante todo o ano, localizado na região do Oriente Médio. O tempo de viagem que separa Brasil do Catar pode ser de até 20 horas, e mesmo assim a tradição de acompanhar os jogos da seleção brasileira na competição deve ser mantida em 2022, seja pelos torcedores mais empolgados ou aqueles que só acompanham de quatro em quatro anos.
Independentemente do perfil do torcedor, as partidas da Copa do Mundo sempre proporcionam uma boa desculpa de reunir os amigos e a família para fazer um churrasco. Só que, para este ano, quem quiser manter a churrasqueira acesa e abastecida de carne vai ter que se preparar para encarar os preços salgados com sabor agridoce na hora de pagar o açougue, em comparação à Copa anterior, em 2018.

Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas fez um comparativo nos preços das carnes em 2018 e em 2022. Segundo os dados analisados, há quatro anos, o quilo da carne bovina de primeira era vendido, em média, a R$ 22,63; agora os mesmos tipos de carne são encontrados na média de R$ 43,89. A variação no preço da carne, neste período, representa um aumento de 93,9%, ou seja, desde a Copa do Mundo de 2018, o valor da carne bovina de primeira quase que dobrou.
Entre 2018 e 2022, o preço médio do quilo do frango resfriado inteiro mais do que dobrou, de R$ 5,76 para R$ 11,86. A carne de boi de segunda também entrou na lista das proteínas que apresentaram variação de alta. No mesmo período, o preço médio do quilo subiu de R$ 17,74 para R$ 34,70, uma alta de 95,6% – ou R$ 16,96 a mais. Nesse caso, os cortes pesquisados são acém e músculo.
De acordo com o economista Matheus Sales, é possível apontar alguns fatores, como o aumento do dólar, a instabilidade política e os impactos da pandemia na economia global, que afetaram o preço das proteínas nesse período de quatro anos.
“Entre 2018 e 2022 teve uma variação muito grande dentro do cenário macroeconômico, principalmente pela questão da pandemia, que naturalmente trouxe uma inflação, um aumento de preço, e pelo que a gente viu a carne foi impactada por esse aumento de preços. O preço da carne foi afetado pelo aumento do preço das commodities, como, por exemplo o milho, a soja, que são insumos para a ração do animal, e consequentemente o preço da carne sobe”, explicou o economista.

As carnes bovinas de primeira, como alcatra e contrafilé, são os tipos de cortes normalmente mais escalados para o cardápio do churrasco, e foram eles que mais sofreram elevação nos preços. Segundo Cristiano Alves, gerente de uma rede de supermercado em Governador Valadares, o preço do quilo do contrafilé, desde o mês de junho, tem saído em média R$ 42,00. Antes o mesmo corte poderia ser encontrado por até R$ 29. Em resumo, as carnes de primeira são jogadores caros, valorizados, e vai ser necessária uma boa grana para bancar eles na grelha da churrasqueira.
“Nós tivemos uma alta no preço das carnes no primeiro trimestre deste ano, em seguida uma estabilidade desses preços. Aqui no supermercado nós temos feito algumas ofertas de carnes intermediárias, carnes de segunda, que às vezes o consumidor utiliza para churrasco também, uma vez que os cortes principais, como alcatra, contrafilé e picanha, tiveram um aumento considerável e se mantiveram estáveis”, disse o gerente.

Até este mês de setembro, o ano de 2022 tem registrado o preço das carnes em estabilidade. Isso quer dizer que não houve variações consideráveis no preço, mas, mesmo assim, os valores do quilo de carne (seja boi, porco ou frango) permanecem altos, puxados pela inflação acumulada dos últimos meses. A projeção até o final deste ano é que os preços se mantenham neste patamar, ainda mais quando é levada em consideração a expectativa de aumento na demanda interna do país no período em que se aproxima o final do ano. A opção mais rentável entre as proteínas, a princípio, é a carne de porco, que tem apresentado nos últimos meses queda no preço.
“No final de ano, por causa das festas de Natal e Réveillon, naturalmente há uma elevação nos preços [da carne], por conta de uma maior demanda. Portanto, neste final de ano, em específico, como ainda há Copa do Mundo, que é mais um motivo de festa, vai ter mais procura ainda pela carne e provavelmente os preços vão subir”, explicou Matheus Sales.







