Centro socioeducativo de Governador Valadares oferece oficinas de violão popular

Além de compartilhar técnica instrumental, projeto promove pensamento crítico e amplia visão de mundo dos participantes

O centro socioeducativo de Governador Valadares, na região do rio Doce, iniciou um projeto semestral, para que adolescentes e jovens, em cumprimento de medida de internação, desenvolvam habilidades musicais. As oficinas de violão popular são ministradas para três aprendizes, por vez, com uma hora de duração.

O próprio diretor-geral da unidade, Renato Batista, apresenta o conteúdo. As lições são realizadas às segundas, terças e quartas-feiras, de modo a atender 18 rapazes diferentes por ano. A intenção é implementar audições internas, ao fim dos semestres, incentivando o interesse pelo instrumento, para todo o coletivo.

Outro objetivo é encorajar os demais servidores do centro socioeducativo a compartilharem suas habilidades com os jovens. Nesse sentido, uma proposta de conscientização ambiental deve ser executada, em breve, por um agente que possui formação na área.

Processo de ensino

Além de ensinar teoria e técnica instrumental, as oficinas são um espaço de escuta, orientação e acolhimento – por isso, limitadas a três adolescentes por turma. Os participantes foram selecionados de acordo com seus interesses e aptidões, sendo que alguns deles já possuíam, anteriormente, noções básicas de violão.

A ideia é desenvolver o trabalho socioeducador, por meio da melodia, da análise crítica e da interpretação das letras. Não há um ritmo privilegiado e, como proposta, serão introduzidos estilos com os quais os jovens tenham afinidade e canções, que provoquem reflexões relacionadas a temas da ressocialização.

Benefícios

Segundo Renato Batista, o retorno por parte dos adolescentes, que participam das aulas, tem sido bastante positivo, apesar do curto tempo de realização. “Há um entusiasmo dos jovens, que vêm perguntando sobre as próximas oficinas, e demonstram estar envolvidos no aprendizado. O violão é um instrumento democrático, que agrega pessoas”, afirma.

Em cumprimento de medida de internação, Gabriel Souza*, de 18 anos, concorda. “Quando eu soube que ia ter a oficina de violão, fiquei muito ansioso e com vontade de participar. Oportunidades assim a gente tem que agarrar”, conta. O garoto diz entender a música como forma de “expressar os sentimentos”.

Para o diretor-geral, os benefícios do ensino ultrapassam a musicalização e a perícia instrumental, estimulando liberdade de pensamento, ampliação de visões de mundo e motivação dos jovens. “A música é, também, uma possibilidade de controle da ansiedade, faz bem para a alma”, defende.

*Nome fictício para preservar a identidade do adolescente, conforme indicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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