O Dia dos Queijos Artesanais de Minas Gerais se comemora anualmente no dia 16 de maio. A data foi instituída pelo Governo de Minas, após a sanção da Lei 22.506/2017, que reconheceu o queijo minas artesanal como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em Governador Valadares, uma família se tornou parte dessa história de cultura e sabor, de forma imprevisível.
Foi em um momento de completo desespero que o casal Izabela Dias Fiorentini e Wagner Ribeiro Fiorentini tomou a decisão que mudaria definitivamente o rumo de suas vidas. E para melhor! Afinal, o que era para ser uma simples “mudança de planos” colocou-os entre os principais nomes da culinária nacional e até mesmo mundial.
Campeonato Mundial de Queijos
O Campeonato Mundial de Queijos do Brasil é uma disputa que reúne produtores de queijo de todo o mundo. Segundo Izabela Fiorentini, em 2022, doze países participaram do evento. Os jurados avaliaram aproximadamente 1.200 queijos considerando critérios como: textura, aroma, casca e sabor. Então para a surpresa do casal, quatro tipos de queijo produzidos pela equipe Ribeiro Fiorentini conquistaram as medalhas de prata e bronze do campeonato. São estes os queijos: Meia Cura, Giovanna, RF 120 Dias e o mais recente queijo Luiza.
Os nomes Giovanna e Luiza são homenagens às filhas do casal, sendo Luiza a caçula, de apenas dois anos.
Como tudo começou…
A aclamada queijaria iniciou suas atividades em um momento adverso. O casal Fiorentini, que possui uma fazenda em São Geraldo de Tumiritinga, tinha como principal atividade a pecuária leiteira. Mas com a greve dos caminhoneiros, em 2018, a retirada e o transporte do leite produzido na fazenda do casal estavam impossibilitados. O que paralisou as atividades, a renda e ocasionou o descarte de litros e mais litros de leite que não puderam ser armazenados.
Então ainda durante a greve, Izabela e Wagner se viram, mais uma vez, diante de uma situação que sinalizava prejuízo: a propriedade estava com mais de 4 mil litros de leite acumulados, sem ter para onde dar vazão, uma vez que não havia transporte.
“A gente era especialista em pecuária leiteira, entregávamos todo o leite. E em 2018, na greve dos caminhoneiros, a gente estava com quatro mil litros de leite armazenados, já não tínhamos mais para onde escoar esse leite, ninguém tinha combustível para retirar esse leite da fazenda. Nós resolvemos fazer queijo. No início parecia uma loucura, mas foi uma situação desesperadora mesmo, e falamos: ‘Vamos fazer!’ Eu falo que é projeto de Deus na vida da gente, porque a greve acabou no dia seguinte e nós nunca mais paramos de fazer queijo”, conta Izabela Fiorentini.
Produção dos queijos
A equipe que trabalha na produção dos queijos é composta por cerca de dez pessoas e a fabricação ocorre na fazenda do casal, que fica a aproximadamente 30 quilômetros de Governador Valadares. Os locais onde a equipe fabrica e armazena o produto possuem climatização e umidade do ar adaptados por meio de aparelhos de monitoração.
Aliás a proprietária ressalta que a produção dos meses que antecederam a premiação foi negativamente afetada em razão das baixas temperaturas e também com a mudança de mão de obra pela qual a equipe passou. Por isso, Izabela Fiorentini celebra os queijos premiados com ainda mais entusiasmo.
“Nós perdemos muita produção. Muita mesmo. Começou a desandar. Os queijos começaram a derreter. As temperaturas estavam muito baixas e o nosso pingo começou a ficar muito pobre. O pingo é o último soro que escorre do queijo, e esse último soro é rico em bactérias lácteas. E essa bactéria láctea é como se fosse um ‘protetor do queijo’, um conservante natural que impede que o queijo venha a desenvolver sabores indesejáveis. Nós chegamos ao ponto de ter que instalar um aquecedor dentro da queijaria. Olha que piada isso, dentro de Governador Valadares. Então para a gente, receber essas premiações é uma vitória!”, ressalta.
Outros eventos
Além do Campeonato Mundial de Queijos do Brasil, que ocorre a cada dois anos, a equipe Ribeiro Fiorentini também já participou de outros eventos em âmbitos nacional e internacional, também conquistando premiações. A queijaria também é um dos pontos turísticos indicados pela Rota Culinária Afetiva de Governador Valadares.
Dentre as conquistas que emocionam Izabela Fiorentini está o reconhecimento vindo de grandes nomes da culinária, como o autor e especialista em queijos Múcio Furtado e o autor mexicano Carlos Yescas, que fizeram questão de vir a Valadares conhecer o casal e os produtos.
No perfil do Instagram a queijaria já acumula mais de 56 mil seguidores. Além disso, no próximo mês, a família vai inaugurar a primeira loja física. O estabelecimento ficará localizado na rua Sá Carvalho, n° 93, Centro. “Estaremos inaugurando nossa loja física, moderna, elegante e cheia de novidades para os amantes de queijos!”, acrescenta Izabela.
De acordo com o casal, a queijaria comercializa, atualmente, uma média de 2.500 queijos por mês. As peças custam entre R$ 50 e R$ 150.
