A Casa Perso-Brasileira comemora neste mês 70 anos de fundação. Criada em 25 de março de 1953, a história da empresa se confunde com a de Valadares, que completou em janeiro 85 anos. A empresa é uma das mais antigas do município. Mas qual o segredo do sucesso? Para saber a resposta embarque nesta reportagem.
A Casa Perso- Brasileira foi criada pelo senhor Nilson Persiano, filho de judeus que vieram para o Brasil durante a segunda guerra mundial para escapar dos horrores do nazismo. Atualmente quem coordena a Casa Perso, como é carinhosamente chamada por muitos valadarenses, é o filho do senhor Nilson, Davson Persiano Schamache.
Davson, que é valadarense, conta que o pai era natural de Belo Horizonte e trabalhava com vendas. Na época ele saía de BH e vinha até Valadares oferecer de porta em porta produtos de cama, mesa e banho. “Daí ele alugou um ponto e começou o negócio. Depois ele comprou o ponto em que estamos até hoje. Nós temos tradição no comércio de móveis. Meus avós tinham lojas de móveis em Belo Horizonte, e isso contribuiu para o meu pai vir para Valadares e abrir a própria loja. Por isso a transição de vestuário para móveis aconteceu de forma natural em Valadares. Como naquela época a cidade era muito pequena, as pessoas vinham até a loja perguntar se tínhamos fogão, geladeira, eletrodomésticos…Com isso ele viu a necessidade do povo e começou a trazer produtos de fora para a cidade. Fomos a primeira loja a vender eletrodomésticos em Valadares”, conta.
Um dos segredos do sucesso da empresa, segundo Davson, foi o fato de o pai ser muito observador. “Ele observava já naquela época o comportamento das pessoas. Ele via a necessidade da cidade e trazia o produto certo. Começou com vestuário, depois fomos para eletrodomésticos, depois começamos a vender brinquedos. Ele viu a cidade crescer… Na época Valadares tinha empresas fortes, como a Vale do Rio Doce, a Cobraice, que trabalhava com madeira, tinha uma usina de mica também. Daí ele via a necessidade e ia acrescentando”, destaca.
Por isso, a empresa foi a primeira da cidade a vender no crediário. “Meu pai era muito visionário. Ele trabalhou na empresa por 65 anos, sempre presente. Ele gostava de ler muito sobre economia, mercado. Isso ajudou muito a empresa crescer e se fortalecer.
Paixão transmitida de pai para filho
Presente em 65 dos 70 anos da Casa Perso-Brasileira, o senhor Nilson Persiano sabia que para a empresa continuar viva era necessário um sucessor. Por isso, desde cedo, começou a levar o filho Davson Persiano à empresa. Com apenas 14 anos, o jovem já trabalhava na loja. Com o tempo ele aprendeu como o negócio funcionava e começou a amar o dia a dia da empresa.
“Com o passar do tempo meu pai foi se afastando e delegando funções a mim e aos demais filhos. Ele era muito paciente e foi dando aos poucos poderes pra gente e começou a ficar na retaguarda. E assim foi! Após a morte dele nós dividimos a sociedade e eu fiquei com a empresa”, explica Davson, ressaltando que ama trabalhar na loja. “Eu estou aqui porque gosto. Nosso povo é comerciante. Está no nosso sangue. Nós tivemos o interesse e meu pai foi nos ensinando. Tenho 43 anos de loja e todo dia eu abro, fecho e almoço na loja. E sou muito feliz com o que eu faço”, afirma.
Questionado sobre qual seriam os segredos para a empresa se manter por tanto tempo em atividade, com a mesma família, ele cita diferentes virtudes. “Nós tivemos interesse e aptidão para dar continuidade ao negócio. São poucas famílias que conseguem ter sucessores. Às vezes o filho quer mudar de ramo; às vezes o comércio passa por fase ruim e o empresário desanima. Temos várias empresas em Valadares que começaram na mesma época que meu pai e não sobrou nenhuma. A economia vai mudando e não é fácil manter uma empresa em várias gerações dentro da mesma família”, destaca.
Por isso e vários outros motivos a loja tem clientes fiéis desde a fundação. “Temos vários clientes da época em que a loja foi fundada. Trabalhando com ética, respeito, seriedade e produtos de qualidade conseguimos manter nossos clientes satisfeitos e a empresa viva”, conclui.