Brasileiros trazidos do epicentro do coronavírus na China chegam a Goiás

Brasileiros e familiares chineses que estavam em Wuhan, epicentro da epidemia do novo coronavírus na China, chegaram à base aérea de Anápolis (GO) na manhã deste domingo (9). As duas aeronaves que levavam o grupo pousaram às 6h e 6h10.

Os passageiros desembarcaram em meio a uma chuva fina e usando máscaras sobre o nariz e a boca, exigência durante o voo. Duas pessoas também levavam uma pequena bandeira brasileira. Em seguida, eles foram levados de ônibus até um hotel de trânsito dentro da base aérea, onde devem ficar por 18 dias. O acompanhamento da chegada foi restrito à imprensa e militares.

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, 34 pessoas fazem parte do grupo – entre eles, há sete crianças. A viagem de volta durou cerca de 37 horas. O grupo foi trazido em duas aeronaves VC-2 da Força Aérea Brasileira, com capacidade para 30 pessoas cada.

Regresso

Chamada de Regresso, a operação para trazer o grupo começou oficialmente na quarta-feira (5), quando as aeronaves partiram da base aérea de Brasília em direção a Wuhan.

O voo teve escalas em Fortaleza, Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Ürümqi (China). Antes de embarcar para fazer o trajeto oposto, o grupo passou por avaliação médica e exames. Ninguém apresentava febre ou outros sintomas, condição para que pudessem fazer a viagem.

No voo, passageiros tiveram que usar máscaras cirúrgicas e tiveram a temperatura testada a cada quatro horas. Imagens publicadas pela FAB mostram as áreas destinadas à tripulação e passageiros divididas por cortinas e equipe médica com máscaras, avental e luvas.

Quarentena

Segundo o general Manoel Pafiadache, do Ministério da Defesa, não houve necessidade de nenhum atendimento específico durante o voo. “A equipe de saúde a bordo informou que todos os 34 passageiros estão muito bem de saúde”, afirma.

De acordo com o general, a quarentena foi uma exigência para garantir que o grupo não teve contato com o vírus. O prazo máximo indicado pelo Ministério da Saúde para observar se há aparecimento de sintomas é de 14 dias – o grupo, porém, ficará mais quatro até saírem resultados de exames.

No momento do desembarque, membros de uma equipe militar especializada esperavam com roupas impermeáveis que cobriam todo o corpo, luvas e máscara para fazer a limpeza da aeronave. Além dos brasileiros e parentes, outras 24 pessoas, entre tripulantes e equipe médica, também podem fazer parte da quarentena. Segundo o ministério, a situação será avaliada de acordo com as funções exercidas dentro do voo.

Tripulantes que tiveram apenas contato eventual não ficam em quarentena, mas devem ser monitorados ao menos duas vezes ao dia por 14 dias para verificar se houve aparecimento de sintomas. Já a equipe médica deve acompanhar o grupo que ficará na base.

Semelhante a um hotel, o local planejado para a quarentena tem 38 quartos com TV, cama box e mesa pequena para refeições. Fora, há um gramado com cadeiras e telão para filmes e um pula-pula para crianças. Já no corredor de entrada, há uma brinquedoteca e uma placa com a imagem de uma aeronave VC-2 e os dizeres: “Sejam bem-vindos à pátria amada”.

Liberação

De acordo com o Ministério da Saúde, a liberação da quarentena será condicionada ao resultado negativo de exames a partir da coleta de amostras respiratórias no 1º e 14º dia.

A medida será a primeira atividade dentro do espaço, afirma o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, que coordena a operação. “Eles farão um primeiro exame dentro dos seus quartos e irão repousar. Já no final do dia, haverá uma apresentação de regras de convivência”, afirma. (Natália Cancian e Pedro Ladeira/Folhapress)

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