por NATÁLIA CANCIAN E RENATO MACHADO
da FOLHAPRESS
Ao menos 941 pessoas morreram pelo novo coronavírus no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta (9). Foram registradas 141 novas mortes nas últimas 24 horas, um novo recorde diário.
O país soma 17.857 casos confirmados da doença. No dia anterior, eram 15.927. O ministério, porém, tem informado que o número real de casos tende a ser maior, já que só pacientes internados em hospitais fazem testes e há casos represados à espera de confirmação.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que equipes de atenção básica em várias cidades e estados afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos tem sido gigantesca.
Até a quarta (8), o país registrou 34.905 hospitalizações por síndrome respiratória aguda, o que representa alta de 277% em relação ao mesmo período de 2019.
Os idosos seguem as maiores vítimas do coronavírus. Do total de mortes, 78% ocorreram em pessoas com mais de 60 anos.
“A distribuição etária tem uma relação também com a influenza. Podem ser casos de co-infecção”, disse o secretário de vigilância em saúde.
Ao todo, 74% das mortes também tinham ao menor um fator de risco, como doenças associadas, em especial cardiopatias e diabetes.
Entre as pessoas com menos de 60 anos, chama a atenção a ocorrência de asma e obesidade.
O secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, ressaltou a necessidade de manter medidas de distanciamento social em locais com maior incidência de casos. Segundo ele, a previsão da pasta é que esses locais atinjam o pico de casos entre o fim de abril e início de maio.
Ele diz, no entanto, “não ter críticas” em permitir uma mudança nas medidas de distanciamento em outros locais com baixo registro de casos e estrutura suficiente de leitos e equipamentos de proteção —nestes casos, a pasta recomenda medidas de distanciamento seletivo, com foco em públicos vulneráveis.
Questionado sobre o total de municípios que podem aderir a esse modelo, Gabbardo disse não ter esses dados.
A pasta pretende publicar uma portaria que obriga estados e municípios a informarem dados sobre internações, o que permitirá esse acompanhamento.
São Paulo, o estado mais populoso, continua sendo o mais atingido pelo novo coronavírus e agora contabiliza 7.470 casos confirmados e 496 mortes. Na sequência aparecem o Rio de Janeiro, com 2.216 casos e 122 mortos, Ceará, com 1425 casos e 55 mortos, e Amazonas, com 899 casos e 40 mortes.
Tocantins segue como a única unidade da federação que ainda não registrou mortes em decorrência do vírus.
Apesar de ser apenas o nono em casos confirmados, com 555, Pernambuco já contabiliza 56 mortes. O secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, no entanto, explica que não se trata exatamente de uma alta letalidade do vírus no estado. As autoridades de saúde pernambucanas estariam apenas seguindo “à risca” os protocolos e aplicando os testes do novo coronavírus apenas nos casos mais graves.
Pela primeira vez, a pasta divulgou dados de incidência por regiões de saúde. Aquela que tem a maior incidência é Fortaleza (CE), com 43,9 casos por 100 mil habitantes, seguida de São Paulo, com 40,4, e Manaus e entorno, com 28,1. “Isso dá uma visão melhor de onde devemos ter mais atenção”, afirmou Oliveira.
Já quando observado o coeficiente de mortalidade, o valor é maior em São Paulo, com 7,8 casos por 100 mil habitantes.
Na quarta (8), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse estar preocupado com possíveis afrouxamento das restrições nas grandes cidades. Com relação às mortes, ele ressaltou que, apesar do avanço no número das vítimas, cerca de 85% dos infectados consegue se curar.
O Brasil confirmou o primeiro caso de Covid-19 em 26 de fevereiro. Um homem de 61 anos de São Paulo contraiu o coronavírus em viagem à Itália, que tem alta taxa de casos da doença.
A primeira morte foi confirmada 20 dias depois, em 17 de março. O paciente era um homem de 62 anos que tinha diabetes e hipertensão. Ele estava internado na UTI do Hospital Sancta Maggiore Paraíso desde o dia 14 e morreu no dia 16. Ele não tinha histórico de viagem para o exterior.