Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil foi o país que obteve o maior crescimento do agronegócio nas duas últimas décadas. Dessa forma, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Minas Gerais (Senar Minas) tem intensificado a oferta de cursos aos produtores rurais, para qualificar a mão de obra e alavancar o mercado.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a tendência é que o setor continue crescendo em 2022. O Valor Bruto da Produção (VBP) da Agropecuária é projetado em R$ 1,38 trilhão em 2022, um crescimento de 4,8% em relação a 2021.
Em 2021, 60 mil pessoas receberam treinamento pelo Senar no estado de Minas Gerais. “O Senar tem o propósito de trabalhar toda parte de mão de obra para atender as demandas das atividades rurais. O leste de Minas tem uma característica muito específica: produção de leite, café e gado de corte. São setores que demandam maior mão de obra, e nosso trabalho é identificar as pessoas que precisam ser capacitadas e levar a elas cursos para que possam ter um desempenho cada vez melhor”, disse Luiz Ronilson Paiva, gerente da FAEMG-SENAR em Valadares.
Segundo Luiz Paiva, cerca de 14 mil pessoas realizam os cursos do Senar no leste de Minas por ano. Além disso, a região abrange 104 municípios e conta com 32 entidades parceiras, que são sindicatos de produtores rurais. “Temos uma estrutura dividida em 10 regiões, para atender as demandas, e trabalhamos com parcerias com os sindicatos: fazemos o levantamento e direcionamos os treinamentos. Quem apresenta o tipo de qualificação são os produtores rurais”, afirmou.
Os cursos
De acordo com o gerente regional, os cursos podem ser de cargas horárias menores, de 16 a 80 horas, ou chegar a 600 horas. “O trabalho do Senar é amplo, vai desde um curso básico até o tecnológico. O custo é zero, porque captamos recursos pelas atividades rurais. Colocamos como requisito ser maior de idade – a não ser alguns programas em execução -, ser filho de produtor rural, trabalhador rural ou que esteja procurando inserir nesse ramo”, explicou.
Silvania Zanuncio é instrutora do Senar há 19 anos. Para ela, o curso é de extrema importância para o produtor rural, porque é necessário estar sempre se qualificando: “Eu ministro curso na área de derivados do leite e quitandas mineiras. Nós estamos aqui desde segunda (4) e o curso termina amanhã. São 40 horas. Fizemos queijo minas frescal temperado e trufado, requeijão, doce de leite pastoso, iogurte, entre outros”.
Já Herberth Mota é instrutor do curso de drone para produtor rural. Segundo ele, os drones são uma ferramenta que ajuda a otimizar o trabalho.
“Esse curso tem o intuito de inserir para o produtor rural uma geotecnologia de precisão. Abordamos tanto a parte teórica, de onde vieram a ferramenta e os modelos, e na parte agronômica o cálculo diário, para saber a quantidade de gado na pastagem, ataque de pragas, entre outros. A segunda parte aborda a legislação; não pode estar voando em qualquer local e distância. Buscamos mostrar para o produtor rural como utilizar uma ferramenta que vai otimizar o trabalho e ajudar a tomar as próprias decisões”, disse Herberth.
Em entrevista ao Diário do Rio Doce, Flaviane Afonso, instrutora do curso de bem-estar animal, explicou o objetivo da capacitação: “Com as técnicas ensinadas, o produtor rural produz mais leite e carne, e minimiza o estresse causado aos bovinos. Existe legislação que garanta a execução dessas práticas. É muito importante para o produtor sobreviver e ter mais benefícios”.
Tratoristas
De acordo com Agostinho Bossi, instrutor do curso de tratorista, as máquinas ajudam a valorizar o trabalho do produtor rural: “Com a capacitação, o trabalhador terá mais motivação e valorizará o profissional. No curso o operador aprende a cuidar da máquina da forma mais confortável e econômica possível. Verifica todos os pontos de segurança para ter a integridade física preservada, mostrando quais as regulagens necessárias, e a pessoa não habilitada não vai aproveitar o que a máquina tem de potencial”.
Já segundo Vinícius Soares, supervisor de vendas de uma empresa de tratores em Valadares, a falta de mão de obra é o que tem mais contribuído para o aumento da venda das máquinas. “A empresa está aqui há mais de 15 anos, e expomos todo ano os tratores, plantadores, entre outros. Neste ano a expectativa está muito grande, porque tem dois anos que não tem feira na região, e estamos com condições especiais. O que tem contribuído para que vendamos mais máquinas é a ausência de mão de obra, e temos realizado, junto com Senar, curso de tratorista.”