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Auxiliar de limpeza de Belo Oriente se prepara para gravar filme baseado na própria história

FOTO: Divulgação

BELO ORIENTE – Aos 62 anos, a auxiliar de limpeza Maria da Conceição Costa, moradora de Belo Oriente, está prestes a realizar um sonho que até pouco tempo parecia distante: transformar as memórias da infância vivida no campo em um filme. A produção, intitulada “Aventuras nos campos, matas, ribeiros e lagoas, e o apito do trem”, é uma ficção baseada em fatos reais e relembra as experiências da autora e de sua irmã mais velha durante um período marcado por lutas, dificuldades e descobertas em meio à vida simples da roça.

Maria da Conceição — conhecida desde criança como Sônia — é uma das sete pessoas selecionadas para participar da quarta edição do Curta Vitória a Minas. O projeto oferece formação audiovisual para moradores das cidades ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas, incentivando que suas histórias ganhem vida na tela do cinema. Desde o dia 23 de novembro, os autores e autoras participam de uma imersão na sede do Instituto Marlin Azul, em Vitória (ES). As oficinas seguem até domingo (7) e abrangem noções básicas de roteiro, direção, direção de arte, produção, fotografia, som, montagem, finalização, mobilização comunitária e direitos autorais. As atividades acontecem nos turnos da manhã e da tarde e combinam aulas expositivas, práticas, exercícios de sensibilização do olhar e da escuta, além de experimentações com equipamentos de filmagem.

Ao término da formação, cada participante retornará à sua cidade para coordenar a pré-produção do curta-metragem, envolvendo a comunidade local em funções técnicas e artísticas. Serão definidos figurinos, locações, objetos de cena e personagens. Durante as gravações, profissionais de fotografia, som e produção se juntarão às equipes locais. Depois, os autores acompanharão as etapas de montagem e finalização das obras, que serão exibidas gratuitamente em ruas e praças das cidades participantes.

Emocionada com a oportunidade, Maria da Conceição descreve o momento como um renascimento. “Estou muito feliz de estar fazendo parte deste projeto para transformar a minha história em um filme. Não tem como não ficar emocionada. Eu digo assim, estou renascendo”, conta. “As pessoas vão assistir a um filme de uma pessoa da roça que conseguiu ser feliz e se estruturar apesar das situações que precisou enfrentar. Uma pessoa que, mesmo privada de muitas coisas, tirava do mato e das águas em volta bagagem para viver a vida.”

Esta é a terceira vez que Belo Oriente tem uma história selecionada pelo projeto. Na primeira edição, o filme escolhido foi “Recortes”, de Sebastião Nascimento; e na terceira, “Boi Balaio”, de Mauro dos Santos Júnior. Além de Belo Oriente, a quarta edição reúne participantes de Ibiraçu e João Neiva (ES), Aimorés, Conselheiro Pena, Nova Era e João Monlevade (MG).

Sobre o projeto

O Curta Vitória a Minas é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e realizado pelo Instituto Marlin Azul, com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal. O objetivo é estimular moradores das cidades que cresceram ao longo da linha férrea Vitória a Minas a registrar memórias, lendas e tradições, fortalecendo vínculos territoriais e comunitários por meio do cinema. Desde sua criação, o projeto já transformou 35 histórias em ficções e documentários. Na primeira edição, lançada em 2014, foram produzidos 15 filmes; na segunda, em 2022, outros 10; e na terceira, em 2023, mais 10 produções. Os filmes das duas primeiras edições estão disponíveis no site do projeto.

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