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Audiência pública discute políticas de igualdade racial e valorização cultural em Valadares

FOTO: Câmara Municipal

GOVERNADOR VALADARES – A Câmara Municipal de Governador Valadares promoveu nesta terça-feira (18) uma audiência pública dedicada ao tema “Governador Valadares e a Consciência Negra: Políticas Públicas para a Igualdade Racial e o Resgate Cultural”. A iniciativa, da vereadora Sandra Perpétuo (PT), fez parte da programação do Mês da Consciência Negra e teve como foco a discussão sobre estratégias de acolhimento e permanência de estudantes, da educação básica ao ensino superior.

O evento foi aberto pelo professor titular da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Erisvaldo Pereira dos Santos, doutor e mestre em Educação pela UFMG, pesquisador sobre cultura afro-brasileira e religiões de matriz africana, e Babalorixá do Ilê Axé Ogunfunmilayo, em Contagem.

“Racismo não é mimimi: é tecnologia de poder”

Durante sua apresentação, Erisvaldo destacou a importância de casas legislativas promoverem debates que enfrentem o racismo estrutural no Brasil, principalmente em novembro. Para ele, trata-se de uma responsabilidade que vai além de cumprir datas comemorativas: é um compromisso político real.

O professor afirmou que o racismo funciona como uma “tecnologia de poder”, historicamente responsável por retirar da população negra acesso a espaços de decisão, reconhecimento e pleno desenvolvimento humano. “Racismo garante privilégios a quem, ao longo da história, naturalizou suas conquistas políticas e sociais a partir do pertencimento racial. E retira da pessoa negra a possibilidade de se desenvolver como pessoa humana na sociedade”, disse.

Ele também resgatou elementos históricos da desqualificação das culturas afro-brasileiras, destacando que crenças, tradições e expressões culturais foram marcadas pelo estigma de “primitivismo atrasado”, narrativa alimentada pelo período escravista e ainda presente em práticas sociais e educacionais.

Desafios na escola

O professor chamou atenção para o ambiente escolar, que ainda apresenta dificuldades em acolher crianças e jovens negros, especialmente aqueles ligados a religiões de matriz africana. Ele relatou que “uma criança de candomblé não pode se dizer de candomblé na escola, porque os colegas vão chamá-la de macumbeira. Professores fazem vista grossa, e muitas crianças voltam para casa chorando, sem querer voltar para a escola”.

Erisvaldo também criticou a aceitação limitada de expressões culturais negras, como capoeira e hip hop, que muitas vezes são valorizadas apenas quando descaracterizadas de sua ancestralidade e história. “Não queremos ser resgatados. Queremos ser respeitados, valorizados e acolhidos. Aquilo que é a nossa humanidade precisa estar dentro da escola para que ela seja realmente plural e cumpra o que celebra a Constituição cidadã”, concluiu.

Propostas e encaminhamentos

Após a fala do professor, representantes de coletivos culturais, instituições de ensino, movimentos sociais, pesquisadores e lideranças comunitárias participaram do debate, apresentando propostas para fortalecer ações afirmativas, ampliar políticas educacionais inclusivas e garantir o reconhecimento da presença e cultura dos corpos negros na cidade.

A vereadora Sandra Perpétuo reforçou a relevância da audiência para Governador Valadares: “Esse é um tema essencial para a cidade, que ainda enfrenta o racismo estrutural e suas marcas profundas na vida de pessoas negras. O encontro resultou em muitas tarefas, reflexões e compromissos coletivos. Momentos como este nos fortalecem e nos lembram por que seguimos lutando”.

A parlamentar acrescentou que os apontamentos reunidos serão sistematizados e encaminhados aos órgãos competentes, visando orientar políticas públicas futuras e fortalecer a luta por igualdade racial e direitos humanos no município.

Comments 1

  1. Francisco Teixeira says:

    Realmente ja passou da hora de haver maior integração da população negra e doutras etnias tambem, como os indígenas, nas várias camadas da sociedade brasileira. Vê -se pouca inclusão no fncionalismo municipal, estadual e federal;; forças de segurança,, politica ,enfim , em todos os diversos setores que compoem o sistema.AS cotas nas universadades mitigaram em parte esse problema e deveria ser utilizado tambem em todos as contratações, concursos, etc, ‘obrigando’ assim uma maior integração. Afirmo que inteligencia e competencia não tem cor;.

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