Plateia emocionada, aplaudindo de pé. Assim terminou o espetáculo “Nosso chão”, do Teatro Universitário da UNIVALE, que encantou aproximadamente 600 pessoas na noite de quarta-feira (4), no Centro Cultural Hermírio Gomes da Silva, campus II. No sábado (31 de agosto), a peça já tinha sido apresentada com casa cheia também no Teatro Atiaia, para um público de cerca de 300 pessoas. A equipe do Teatro Universitário encenará a peça novamente no dia 28 deste mês, em Mariana, no Festival de Teatro Comunitário realizado no município. Antes disso, nos dias 20 e 21, alguns trechos do espetáculo serão apresentados novamente na UNIVALE, durante o 22º Simpósio de Pesquisa e Iniciação Científica da instituição.
Utilizando recursos cênicos como música e dança, a peça “Nosso chão” mostra a história de uma família que sobrevive no Vale do Rio Doce quando o território deixa de ser considerado terra prometida e passa a ser terra de desalento. Grilagem, exploração, violência na disputa pela terra e apagamento dos povos originários são alguns dos elementos da trama, que é narrada de forma inclusiva, com tradução na língua brasileira de sinais (libras) para pessoas com deficiência auditiva.
Docente no curso de Pedagogia da UNIVALE, diretor do espetáculo e um dos roteiristas, o professor Valdicélio Martins dos Santos explica que o texto de “Nosso chão” é inspirado em pesquisas feitas pelo mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) e no livro “Nas terras do rio sem dono”, de Carlos Olavo da Cunha Pereira. “Fizemos uma longa pesquisa do que tem sido discutido no próprio mestrado, e também com uma inspiração no livro ‘Nas terras do livro sem dono’. Para a gente é uma honra contar as delícias e as dores deste Vale, que talvez grande parte das pessoas ainda não conhecia”, destacou o diretor da peça.
“Nosso chão” em Mariana
Lembrando o rompimento da barragem da mineradora Samarco, quando resíduos de mineração foram despejados no Rio Doce, Valdicélio enfatiza a importância da apresentação no município de Mariana, onde ocorreu a tragédia. “A gente quer se apresentar em vários lugares, aí de repente surgiu um edital do Festival de Teatro na cidade de Mariana. A gente precisa mostrar esse espetáculo em Mariana, pensando na tragédia, que é um crime ambiental e passou pela Bacia do Rio Doce, começando lá, na região de Mariana. Precisamos mostrar que essa resistência não é só nossa”, frisou o dramaturgo.
“Nosso Chão” é uma produção do Teatro Universitário – embora seja um programa de extensão do curso de Pedagogia da UNIVALE, o grupo é aberto para participação de toda a comunidade. A apresentação conta com apoio da UNIVALE e da Fundação Percival Farquhar (FPF, a mantenedora da universidade), e recebeu recursos federais de incentivo à cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo. O roteiro, além de Valdicélio Martins, também foi escrito pelas professoras Patrícia Falco Genovez e Joana Paula Ataíde. Para a realização do espetáculo, o grupo também conta com contribuições voluntárias, que podem ser feitas para a chave pix do diretor, no CPF 06181000674.
Um dos atores do espetáculo é o professor Arthur Minelli Araújo, que celebra a oportunidade de representar no festival de Mariana. “Foram oito meses de trabalho até aqui, entre montar personagem e terminar de fechar algumas coisas do roteiro, além pensar cenário, fotografia, luz e direção de arte. A gente está fazendo o que a gente sabe fazer, da melhor forma possível, e em Mariana vamos participar com pessoas da América Latina inteira. A gente já viu lá o quadro de pessoas que vão se apresentar, e o fato de a gente ter sido selecionado já é muito importante para oferecer visibilidade tanto para o projeto de extensão, quanto para especificamente o espetáculo ‘Nosso Chão’”, afirmou.