Apenas 18 municípios representam mais de 50% do PIB mineiro, segundo Fundação João Pinheiro

A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou nesta semana os dados referentes ao Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios mineiros em 2018. Os resultados são fruto da revisão e consolidação realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Associação Mineira de Municípios (AMM) apoia a divulgação do estudo, que apresenta os resultados do PIB, do PIB per capita e os valores adicionados da agropecuária, indústria, serviços e da administração pública para as 853 cidades mineiras, além dos valores revisados de 2018.

Os dados analisados pela FJP servem como base para que as administrações municipais elaborem o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

De acordo com o estudo, em 2018, pouco mais da metade (50,6%) do PIB de Minas Gerais veio de apenas 18 municípios (Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Betim, Juiz de Fora, Uberaba, Ipatinga, Nova Lima, Extrema, Montes Claros, Sete Lagoas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Ouro Preto, Itabira, Divinópolis, Governador Valadares e Araxá), sendo Belo Horizonte responsável por 15,0% do resultado total, que chegou a R$ 614,9 bilhões.

Para se ter uma medida da concentração espacial da produção, verificou-se que, aproximadamente, dois terços (66,9%) do PIB foram gerados em apenas 49 dos 853 municípios do estado; três quartos (74,9%), em 78; e nove décimos (9,0%), em 240.

De 2010 a 2018, Extrema foi o município com maior aumento de participação no PIB estadual (1,0 ponto percentual), impulsionado pelo comércio atacadista e serviços relacionados à indústria de transformação.

Em relação à renda per capita, metade dos municípios com os dez maiores PIBs per capita de Minas Gerais têm como principal atividade econômica a indústria extrativa, inclusive São Gonçalo do Rio Abaixo, que, com um PIB per capita de R$ 337.288,81, ocupou a primeira posição no ranking dos dez maiores.

Destacaram-se também Extrema, com o comércio; Jeceaba e Ouro Branco, com a indústria de transformação; Araporã, com a geração de eletricidade; e Confins, com os serviços aeroportuários.

De acordo com Raimundo Leal, pesquisador da Fundação João Pinheiro e coordenador de contas regionais, se considerada uma perspectiva em longo prazo, há uma grande desconcentração acontecendo na produção industrial e nas redes de distribuição dos bens e serviços para economia de Minas Gerais.

“A ligação da economia de Minas com o norte do estado de São Paulo, por exemplo, particularmente com o eixo de Campinas, Guarulhos e São José dos Campos, tem dinamizado de uma maneira extraordinária a região de Pouso Alegre e talvez o município que mais tenha se beneficiado desses transbordamentos seja Extrema. Além desse, vários outros eixos de desenvolvimento estão se expandindo em todo o estado”, explica Leal.

Participação

De 2017 a 2018, os municípios com maior ganho de participação no PIB estadual foram Ouro Preto (indústrias extrativas) com avanço de 0,3 pontos percentuais (p.p.), Extrema (comércio), Ipatinga (manufatura), Itabira (indústrias extrativas), Uberlândia (manufatura) e Três Marias (manufatura) com 0,2 p.p. Além desses, outros 17 apresentaram um ganho de 0,1 p.p.

Já as maiores perdas de participação (-0,5 p.p.) ocorreram em Contagem, por conta da retração no comércio atacadista, e em Belo Horizonte, em serviços privados. Belo Oriente (manufatura), Manhuaçu (comércio), Nova Serrana (manufatura), Mariana (indústrias extrativas), Vespasiano (comércio), Ubá (manufatura) e Ituiutaba (manufatura) tiveram perda de -0,1 p.p.

De 2010 a 2018, Betim (-2,6 p.p.), Belo Horizonte (-1,9 p.p.) e Contagem (-0,9 p.p.) tiveram as maiores quedas de participação entre os municípios mineiros, o que aponta para uma tendência de desconcentração do PIB em relação à capital e seu entorno.

Em todos eles, essa tendência consolidou fatores sobrepostos a efeitos do ciclo econômico e do impacto desproporcional da crise de 2014-16 sobre a produção industrial. Por outro lado, Extrema ganhou 1,0 p.p.; Uberlândia, 0,7 p.p; Pouso Alegre, Uberaba, Itabirito e Araxá, 0,3 p.p. cada.

Segundo o pesquisador da FJP, esses resultados são um reflexo de diferentes fatores que se completam e atuam de forma específica em cada localidade.

“É importante levarmos em consideração os efeitos das chamadas economias de escala, que é o caso de algumas atividades que são de fundamental importância para as economias locais, como as grandes usinas hidrelétricas, a fabricação de produtos de metais, boa parte da metalurgia e da siderurgia, a fabricação de veículos, toda a petroquímica, a produção de fertilizantes e as aglomerações urbanas que geram sinergias e transbordamentos que são fundamentais pra entendermos porque determinadas atividades ficam tão concentradas em poucas cidades”, conclui.

Setores

Em 2018, para 455 (53,3% do total) dos municípios mineiros, administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social foram as principais atividades econômicas; 279 (32,7%) municípios com os demais serviços; 33 (3,9%) tanto com a agricultura quanto com a indústria de transformação; 18 (2,1%) com as indústrias extrativas; 17 (2,0%) com a geração de eletricidade; dez (1,2%) com a produção florestal; cinco (0,6%) com o comércio e três (0,4%) com a pecuária.

Ainda no período de 2018, cerca de um quarto do valor adicionado bruto da agropecuária mineira veio de apenas 20 municípios; metade veio de 76 municípios; dois terços, de 151; e nove décimos (90%), de 411. Os dez municípios com os maiores valores, que juntos somaram 16,0%, foram Unaí, Uberaba, Paracatu, Uberlândia, Estrela do Sul, Coromandel, Patrocínio, João Pinheiro, Perdizes e Sacramento.

Na indústria, quatro municípios concentraram um quarto do valor adicionado bruto. A capital, Belo Horizonte, com R$ 11.387,7milhões (8,0% do total), obteve a primeira posição, seguida por Betim (7,1%), Uberlândia (6,4%) e Contagem (4,0%). Junto com Nova Lima, Ipatinga, Ouro Preto, Uberaba, Itabira, Itabirito, Juiz de Fora, Sete Lagoas, São Gonçalo do Rio Abaixo e Araxá.

Ao todo, 14 municípios concentraram pouco mais da metade (50,6%) do VAB industrial do estado e dois terços foram produzidos em somente 29 municípios.

Nos serviços (exceto administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social), Belo Horizonte concentrou aproximadamente um quinto do VAB estadual, com a geração de R$ 55.821,3 milhões em 2018. Em seguida, Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora, Betim, Uberaba, Montes Claros, Extrema, Ipatinga e Pouso Alegre completam o ranking dos dez maiores no VAB de serviços privados em Minas Gerais.

Junto com Poços de Caldas e Governador Valadares, são 12 os municípios responsáveis pela geração de metade do VAB setorial no estado (36, por dois terços). Por outro lado, a atividade da administração pública teve o valor adicionado menos concentrado espacialmente: seis municípios concentraram um quarto do valor adicionado, 42 responderam por perto de metade; 114, por dois terços.

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