ANA CORA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um pouco mais de uma hora. Esse foi o tempo que Alexandre Pires ficou trancado em uma das cabines do navio onde se apresentou neste final de semana, ao tomar conhecimento que era alvo de uma investigação da Polícia Federal contra garimpo ilegal. Ao sair da área privativa, o cantor entregou o celular e o aparelho foi apreendido pelos agentes.
A reportagem apurou que a tripulação se preparava para deixar o navio quando várias viaturas da Polícia Federal chegaram na área de desembarque do porto de Santos na manhã desta segunda-feira (4). Apesar de um estranhamento inicial por causa dos agentes no pátio, a saída da embarcação era tranquila. Até que começaram a surgir rumores de que policiais estavam à procura de Alexandre Pires e do empresário Matheus Possebon.
Possebon foi o primeiro a ser procurado pelos policiais e acabou sendo preso preventivamente após desembarcar do cruzeiro temático do artista em Santos (SP). Já Alexandre Pires foi conduzido à sede da Polícia Federal local, onde prestou esclarecimentos e foi liberado. Os policiais também foram ao apartamento do artista em Itapema, no litoral norte de Santa Catarina.
Os dois são investigados por suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro de garimpo ilegal na terra indígena Yanomami, em Roraima. Existe a suspeita de que Possebon seja um sócio oculto de uma mineradora e tenha transferido quase R$ 1,4 milhão a Alexandre Pires em um esquema de lavagem de dinheiro. A organização movimentou nos últimos anos cerca de R$ 250 milhões, de acordo com a PF.
A defesa de Alexandre Pires informou que ele “não tem e nunca teve qualquer envolvimento com garimpo ou extração de minério, muito menos em área indígena”.
A operação chamada “Disco de Ouro” foi deflagrada pela Polícia Federal nesta segunda-feira (4) para investigar um grupo criminoso suspeito de exploração ilegal de cassiterita da Terra Indígena Yanomami e lavagem de dinheiro com o garimpo ilegal.
O portal oficial da PF informou que os agentes cumpriram dois mandados de prisão – contra Matheus e contra outro empresário chamado Christian Costa dos Santos, além de seis — busca e apreensão em imóveis ligados a dupla e a Alexandre Pires. As ordens judiciais foram expedidas pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima. As ações ocorreram em Boa Vista e Mucajaí (Roraima), São Paulo e Santos (São Paulo), Santarém (Pará), Uberlândia (Minas Gerais) e Itapema (Santa Catarina).