Que calor!!! E papagaio de pirata(DRD325)

Nossa, que calor!!!. Quem mora em Governador Valadares sabe que a cidade é muito quente, calor abrasador, senegalês. Aqui temos quatro estações: verão, verão, verão e verão. Para justificar esse fenômeno meteorológico, a população local conta com uma série de mitos, tendo o pico da Ibituruna – logo ele que repousa tranquilo e silencioso – como protagonista. Um deles é a narrativa de que durante o dia o sol bate na pedra do pico, que, superaquecida, irradia ondas caloríficas, inclusive à noite. Já pelo lado científico pode ser entendido assim: a cidade está localizada numa planície, com altitude próxima à do nível do mar e, como venta pouco, devido à baixa altitude, a temperatura é sempre elevada.

Entre os mitos, ditos e feitos, um dos teóricos da história da cidade prefere acreditar que o pico da Ibituruna funciona como um paredão natural, que retém em sua parte de trás os ventos que vêm do sul do país, normalmente mais frios, o que ajuda a compreender por que a temperatura do outro lado da serra é mais amena. Essa teoria se fundamenta no fato de a serra se estender da BR-116, próximo à entrada para a cidade de Itanhomi, indo até pouco depois do distrito de Derribadinha, afastada poucos quilômetros das margens do rio Doce. Seu cume atinge 1.146 metros de altura.

Como a ventilação suave não consegue transpor o paredão, os ventos frios ficam retidos lá atrás, e a cidade vive ao sabor de um mormaço, mesmo noturno. Já que imaginar é um exercício saudável, um outro teórico diz como a temperatura da planície poderia ser amenizada. Imagine a Ibituruna localizada do lado oposto, depois do Anel Rodoviário Pedro Tassis, com seu lado frontal virado para o Centro da cidade. Nessa posição, a massa de ar frio vinda do sul ficaria retida sobre a planície pelo paredão. Como consequência, a cidade teria um clima bastante agradável.

Mas como não se pode ir contra a natureza de Deus, ou mesmo mudar Valadares para trás da montanha, um terceiro teórico imagina uma fórmula artificial, um realismo fantástico: a construção de uma imensa biosfera, em forma de meia laranja, feita em aço e coberta por vidro fumê, alimentada por vários aparelhos de ar-condicionado de proporções gigantescas. Certamente resolveria o problema. Mas quem pagaria a conta?

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A expressão papagaio de pirata é usada para caracterizar aquele político de pouca expressão que, para se promover em uma campanha eleitoral, adora ser fotografado ao lado de um político famoso. É comum ver só a cabecinha do dito cujo misturada à dezenas de outras, atrás do ombro da celebridade. O importante para ele é ser fotografado junto, para dizer que está sendo apoiado pelo candidato majoritário.

Papagaio de pirata é também aquele ilustre desconhecido que gosta de ser fotografado ao lado de celebridades, seja artista, atleta ou até mesmo um religioso. A diferença entre o papagaio de pirata político e esses é que, enquanto os primeiros saem nas fotos misturados à multidão, os segundos, conhecidos como alpinistas sociais, aparecem com o astro nas colunas dos jornais, como se quisessem dizer: “Estão vendo!, somos  amigos”, quando, na verdade, tudo não passa de uma gentileza de quem tem fama.

Mas brasileiro fatura de qualquer forma. É o que acontece no caso de filhos de imigrantes brasileiros que nascem nos Estados Unidos. Por ironia do destino, até meados da década de 90, a classe média tinha certa resistência, um certo preconceito contra “brasucas”. Se alguém falasse que um imóvel localizado num bairro nobre foi comprado por um deles, o que valia era o valor da transação financeira; já a convivência com o “americanizado”… Hoje, muita gente da classe média que não se deu bem por aqui foi embora para os EUA, na expectativa de que seja mais fácil ganhar dinheiro por lá. Até avós ricos, e não são poucos, costumam dizer com o maior orgulho que têm um neto “americano”. Isto é, um filho de filho de brasileiro que nasceu nos EUA, que vai carregar em sua genética uma contradição. Aliás, brasileiro vira europeu até a passeio pelo velho continente. A frase “Esta é a foto européia(eu) de fulana(o), passeando nos Champs Élysées” é uma inversão, uma invenção. Nesse caso, a foto é de papagaio com um pirata  nas costas.

Crisolino Filho | (*) (WhatsApp: 9-8807-1877 – E-mail: crisffiadv@gmail.com)

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