Lojas tradicionais começam a investir em vendas on-line e notam mudanças no comportamento do consumidor
Já faz tempo que as vendas on-line não são mais novidade, afinal, desde que os primeiros e-commerces começaram a surgir, esta prática só cresceu e se estendeu para diferentes segmentos. No entanto, o que tem surpreendido é a aderência de lojas tradicionais, que nunca haviam vendido on-line, e que adotaram a nova prática, como forma de driblar a baixa nas vendas, que veio com a crise provocada pelo novo coronavírus.
“Este tem sido um ano atípico, porque estamos no meio de uma pandemia, mas nós estamos com esperança de que o fim de semana seja bom. Porque mãe é mãe, não tem jeito de deixar faltar. É hora de retribuir todo o carinho que ela sempre deu pra gente”, lembra Haroldo Guerra (59), dono da loja de presentes Etc e Tal.
Haroldo ressalta os esforços da loja para se adaptar ao novo contexto: “A loja trouxe muitas novidades em termo de mercadoria, e estamos trabalhando em cima do cliente, passando informação, mandando mensagem, ligando, entregando. Nos anos anteriores a gente não tinha esta preocupação, mas com a pandemia, tudo mudou”.
Mudança nos hábitos de consumo
Outra loja que não tinha vendas on-line e precisou se adaptar foi a Katuxa Modas, que trabalha com o segmento de calçados. Alessandra dos Santos (44), que é gerente da loja e atua no segmento do comércio há 10 anos, conta que as mudanças são perceptíveis.
“Hoje a pessoa consegue fazer a compra pelo whatsapp e parcelar em até 10 vezes no cartão, e sem taxa de entrega, pra pessoa ter a segurança de não ter que sair de casa. Nós não conseguíamos fazer isso antes, por causa do público que a loja tem, mas agora nós criamos este whatsapp pra facilitar. A pessoa entra em contato e pode pedir, e a gente entrega. Também estamos divulgando no site, Facebook e Instagram”, conta Alessandra.
Além disso, a gerente também notou mudança no comportamento dos consumidores que vão até a loja. “As pessoas que estão entrando no comércio estão entrando pra comprar, não estão especulando preço. Porque nos outros anos, muita gente pesquisava antes. Não tem muita pesquisa, não é nem preço, a pessoa já vem sabendo o que vai levar”.
Vítor Coleta (24), que é vendedor das Óticas Maria José, destaca que, apesar da necessidade de aumentar as vendas, as estratégias precisam visar também o bem do consumidor. “Tem gente aumentando o preço absurdamente, e numa crise dessas a gente não pode enfiar a faca nos outros, porque a gente acaba perdendo”, destaca.
Ele conta que, mesmo com o Dia das Mães, as expectativas não são boas. No entanto, assim como os outros comerciantes da cidade, a loja tem buscado formas de se reinventar. “O comércio deu uma paralisada por causa da Covid-19. Ficou bem complicado. Aqui na loja as vendas caíram muito, mas nós estamos sempre correndo atrás de jeitos de melhorar isso. Estamos investindo em promoções”.
Comércio deve buscar alternativas, mas mantendo as medidas de segurança
A orientação é do Sindicato do Comércio Varejista de Governador Valadares, o Sindicomércio. O DRD entrou em contato com o órgão para saber quais são as expectativas dos comerciantes para o Dia das Mães. Confira a entrevista.
DRD – Quais eram as expectativas para o comércio de Valadares antes da pandemia?
Sindicomércio – De acordo com uma pesquisa da Fecomércio Minas, realizada no mês de janeiro de 2020, 74% das empresas do comércio varejista acreditavam que as vendas no primeiro semestre de 2020 seriam melhores em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entre as datas comemorativas do primeiro semestre, o Dia das Mães é a que mais tem impacto positivo para o comércio (41,5%).
DRD – Qual é a perspectiva atual do comércio na cidade?
Sindicomércio – A perspectiva atual do comércio valadarense tornou-se uma incógnita. Com o atual cenário, entendemos que muitas pessoas pensem que não é o momento certo para destinar sua renda na compra de presentes. No entanto, a expectativa é de que a retração seja menor, tendo em vista que o comércio local está em pleno funcionamento, sendo este um grande fator para que os impactos causados pela Covid-19 sejam menores se comparados com outras regiões.
DRD – Os comerciantes têm tomado alguma medida para diminuir os prejuízos?
Sindicomércio – O Sindicomércio tem orientado as empresas que utilizem principalmente as redes sociais; elas podem ser excelentes aliadas para divulgar produtos e serviços, com um alcance ainda maior. Orientamos, também, que, neste momento de crise, ações promocionais sejam adotadas com vistas a atrair a atenção dos clientes, dentro das orientações sugeridas pelos órgãos públicos, com o intuito de minimizar os prejuízos causados pela queda na movimentação do comércio.
DRD – Alguma outra orientação aos comerciantes e à população em geral?
Sindicomércio – Reiteramos o pedido para que as empresas sigam os protocolos de saúde informados pelas autoridades competentes, para reduzir a proliferação do vírus. Entendemos que é um cenário novo para todos. Mesmo com o impacto econômico causado por estas medidas, reconhecemos a importância do cuidado no intuito de preservar a saúde dos trabalhadores e clientes neste momento de enfrentamento.
O Sindicomércio acompanha, diariamente, as medidas públicas e privadas que afetam as empresas do comércio de bens e serviços e tem buscado, juntamente com outras entidades e com o Poder Executivo Municipal, soluções que minimizem os impactos para a comunidade empresarial valadarense.
Por Camila Fernandes e Arthur Pimentel