A fala é do chaveiro Adriano Roberto (42), que, durante a rotina de trabalho no centro da cidade, escuta mais rumores do que informações verdadeiras sobre a doença
Na última sexta-feira (13), a Prefeitura Municipal de Governador Valadares divulgou um decreto com medidas que devem ser tomadas em prevenção ao novo coronavírus. As ações incluem o cancelamento de eventos públicos, de cirurgias eletivas – para aumentar a disponibilidade de leitos nos hospitais públicos – e a criação de uma equipe de atendimento domiciliar nas unidades de saúde, que deverá ser acionada sempre que alguém apresentar suspeita de contaminação pelo vírus Covid-19.
No entanto, as informações que circulam nas ruas e nas redes sociais ainda são incertas. O Diário do Rio Doce foi às ruas para ouvir o que as pessoas estão falando sobre o assunto.
José (53), que tem contato próximo com inúmeras pessoas durante o dia, já está preocupado com a situação e não dispensa o uso da máscara.
“O que eu tenho ouvido é que já virou pandemia e que vai pegar todo mundo, ninguém escapa. É isso que eu tô sabendo, e é por isso que eu tô usando essa máscara. Eu já tive alguns sintomas leves, mas não procurei ainda o hospital. Gripe eu sei que eu tô, mas se piorar eu vou no hospital.”
José, 53 anos, motorista rodoviário.
“Tá todo mundo desatualizado. Aqui a gente tá igual papagaio, repetindo o que o outro tá falando. Mas saber de fato mesmo o que tá acontecendo, ninguém em Valadares sabe não. Eu ouvi dizer que no Regional [Hospital Municipal] tinha quatro pessoas com suspeita de coronavírus. Eu ouvi hoje também de uma moça que trabalha no Regional, que disse que não ia trabalhar porque o Regional tá fechado, a Prefeitura tá fechada. Mas, de fato mesmo, o que tá acontecendo de verdade eu acho que ninguém em Valadares sabe.”
Júlio César, 32 anos, vendedor.
“Eu acho que tem muita informação falsa circulando e as pessoas estão entendendo cada vez menos o que tá acontecendo. Não que não seja necessário se proteger, mas a gente não pode sair acreditando em tudo que ouve.”
Augusto, 16 anos, estudante.
Como aconteceu em outras epidemias e pandemias que chegaram ao Brasil, como a Gripe Aviária (2004) e a Gripe Suína (2009), os recipientes de álcool gel já podem ser vistos pelos estabelecimentos da cidade. Adriano, que é dono de uma banca de revistas no centro da cidade, mesmo sem acreditar que a situação é tão grave como tem ouvido, já comprou o vidro de álcool para disponibilizar aos clientes.
“Eu ouvi que Valadares já tem 4, 5, 6 casos [confirmados], e na verdade não tem. Eu acho que há muita mídia e poucos fatos. Como dizia minha vó antigamente, é muita fumaça pra pouco fogo. Eu, pra mim, isso é algo fabricado, é uma especulação de mercado. O vírus é algo concreto, real, que existe mesmo, tanto que a Itália já tem mais de dois mil casos. O ideal é se prevenir, sim, como eu aqui, que já tenho meu álcool gel. Mas eu acredito que isso não deve chegar tão forte na nossa região, tanto que em Minas só tem dois casos confirmados. Mas esse alarme todo é fabricado. A gente já vive uma epidemia, mas é de fake news.”
Adriano Roberto, 42 anos, chaveiro.
“Eu não sei o que está acontecendo de fato, mas eu sigo as orientações que eu escuto. Carrego o álcool, uso, lavo as mãos. É aquele caso, com epidemia ou não, é melhor prevenir do que remediar.”
Ana Paula, 32 anos, comerciante.
Até as últimas informações divulgadas pela Prefeitura, na sexta-feira (13), Valadares tinha quatro casos suspeitos de coronavírus e nenhum caso confirmado.
Confira algumas informações úteis:
Quem deve usar máscara?
Apenas quem apresenta sintomas compatíveis com a doença, além de profissionais da saúde e pessoas que lidam diretamente com pacientes contaminados.
Quem apresenta os sintomas deve procurar um hospital?
Não. A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que qualquer um que apresente os sintomas fique em casa, e faça contato pelos telefones 99165-5791 (24h) e 3271-0196 (horário comercial). As equipes preparadas farão o atendimento domiciliar e tomarão as medidas necessárias, de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Veja no site da Prefeitura a lista de unidades de saúde que estarão em horário especial de atendimento.
Quais são os sintomas?
Confira o quadro explicativo divulgado pelo Ministério da Saúde: