No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde declarou o novo Coronavírus como uma emergência de saúde pública global. O Covid-19, que tem afetado pessoas por diversos países do mundo, provoca uma infecção respiratória, com sintomas parecidos com o da gripe.
Desde a primeira identificação, no dia 31 de dezembro de 2019, já são mais de 100 mil casos confirmados da doença pelo mundo. O país mais afetado é a China, que concentra mais de 80% dos casos. No Brasil, já foram 8 casos confirmados até o momento.
Com o aumento dos casos e o surgimento de suspeitas, de que já esteja ocorrendo a transmissão interna no Brasil, cresce também o número de notícias falsas sobre o assunto. Com o intuito de esclarecer as dúvidas e trazer informações corretas sobre o tema, a Univale preparou uma entrevista com a biomédica Juliane Albuquerque, coordenadora do curso de Biomedicina. Confira as respostas abaixo!
1. O que é um vírus?
Vírus são agentes infecciosos de estrutura simples, basicamente formados por uma cápsula de proteína que envolve seu material genético, que pode ser constituído por DNA ou RNA.
2. O que difere o novo Coronavírus de outros tipos de vírus que são comuns por aqui, como o da gripe?
Os Coronavírus representam uma grande família de vírus que, ao contrário do que muitos pensam, podem causar desde resfriados comuns até doenças mais graves. O novo Coronavírus, responsável por causar a doença Covid-19, é uma cepa (subtipo) diferente das conhecidas anteriormente.
3. Como ele se manifesta e quanto tempo leva?
Os sintomas mais comuns da doença Covid-19 são: tosse seca, febre e cansaço. Em alguns casos pode haver dores no corpo, congestionamento nasal e inflamação na garganta.
O tempo entre a infecção e o surgimento dos sintomas pode variar entre 2 a 14 dias. O período exato de transmissão ainda é desconhecido, ocorre geralmente enquanto persistem os sintomas, no entanto, é possível que ocorra após a resolução dos sintomas.
4. Que cuidados devemos tomar? Tem algum fator que torna a pessoa mais suscetível ao vírus?
De acordo com as recomendações da Anvisa, devemos adotar medidas como:
· Lavar as mãos frequentemente com água e sabão durante, pelo menos, 20 segundos, principalmente, antes de ingerir alimentos ou após frequentar locais com grande fluxo de pessoas;
· Quando não for possível lavar as mãos, usar álcool em gel para higienizá-las;
· Evitar contato próximo com pessoas que estejam apresentando os sinais da doença (manter ao menos 1 metro de distância);
· Ao tossir ou espirrar, proteger a boca e o nariz com um lenço ou com os braços (não usar as mãos);
5. Como é o tratamento?
Estão sendo desenvolvidas diversas pesquisas, mas até o momento não existe vacina ou algum medicamento capaz de combater esse vírus. O tratamento básico consiste no alívio dos sintomas.
6. O gene foi sequenciado. Como isso ajuda?
O estudo conduzido pela biomédica Jaqueline Goes, juntamente com pesquisadores dos institutos Adolfo Lutz e de Medicina Tropical da USP, é de grande relevância e merece destaque. É por meio do sequenciamento, que podemos conhecer as características genéticas do vírus e, com isso, compará-lo com outras cepas, registrar mutações e obter outras informações, para o rastreamento e tomadas de decisão mais assertivas.
7. O vírus pode reagir de forma diferente por causa da diferença de ambiente? No caso, as diferenças no clima, principalmente?
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, geralmente em temperaturas mais baixas, o tempo de sobrevivência do vírus da gripe no ar é maior. Em situações de clima mais frio, é mais comum as pessoas permanecerem em locais fechados, favorecendo a transmissão. No entanto, não é garantido que em locais de clima mais quente a contaminação seja desfavorecida, por isso, não é possível prever o comportamento do vírus no nosso país.
8. Quem está mais suscetível ao novo Coronavírus?
Idosos, pessoas com doenças crônicas como diabetes, câncer, problemas cardiovasculares e respiratórios, bem como mulheres grávidas podem estar mais suscetíveis. A razão pela qual isso acontece é que, de maneiras diferentes, esses grupos de pessoas apresentam alterações no seu sistema imunológico, por isso, devem estar ainda mais atentos aos cuidados para prevenção da contaminação.
Currículo
Juliane de Carvalho Albuquerque é professora e coordenadora do curso de Biomedicina da Univale. Ela é graduada em Biomedicina, mestre em Análises Clínicas e Toxicológicas, e doutoranda em Bioquímica e Biologia Molecular.