Orçamento de reforma aguarda aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Quem passa pela avenida Brasil, no centro de Governador Valadares, não consegue deixar de notar o prédio do Teatro Atiaia. Antes, destaque pela imponência e pela beleza da arquitetura, que se diferencia dos demais prédios do local; hoje, chama atenção pela decadência. As infiltrações e o lodo tomaram conta das paredes.
Em 2015, o Atiaia foi interditado por uma ordem judicial, depois que o Ministério Público entrou com uma ação que acusava falta de acessibilidade ao local e problemas estruturais. O processo já estava em andamento desde 2005. Foi diante desse cenário, e depois de diversos pedidos da população e da classe artística da cidade, que a Prefeitura Municipal de Governador Valadares e a Vale assinaram o contrato para a restauração do prédio, no dia 31 de janeiro.
As obras, estimadas em R$ 2,5 milhões, serão patrocinadas com R$ 1,5 milhão pela Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e serão coordenadas pela Companhia de Teatro Katarriso. A reforma conta, ainda, com a participação da Cenibra, que doou o montante de R$ 600 mil. Os custos que não forem cobertos pelo patrocínio ficarão sob a responsabilidade da Prefeitura.
Só que as obras ainda não começaram e a população, vendo a situação se arrastar por quase duas décadas, teme que elas sejam adiadas mais uma vez. “O Teatro Atiaia, até uns 20 anos atrás era muito ativo, e depois disso ele ficou ‘ao deus-dará’: cadeiras quebradas, piso estragado, mau cheiro… sem falar que não é só isso, o problema não é só a estrutura física, falta incentivo mesmo; nossa cidade não tem incentivo à cultura”, afirma o empresário Geraldo Barroso, de 58 anos, que frequentou o Atiaia durante a infância e a juventude.
Já a contadora Fernanda Fernandes, que tem 24 anos, não conheceu os tempos de glória do teatro. “Eu fiz algumas aulas no teatro em 2014 e me lembro que a situação era bem ruim. Eu via entulho encostado pelos cantos, coisas quebradas, mas o pior mesmo era o cheiro de mofo”.
Orçamento de reforma precisa ser aprovado pelo Iphan
De acordo com a Companhia de Teatro Katarriso, o projeto está pronto para começar, o único impedimento no momento é a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. “Nós enviamos o orçamento da reforma para o Iphan e eles mandaram uma diligência pedindo alguns ajustes. Esses ajustes já foram feitos e o pedido voltou para lá há três semanas. Agora nós temos que esperar a aprovação para começar a obra de verdade”, destacou Luiz Mauro, diretor da Katarriso.
Em nome da companhia, o diretor também destacou que tem recebido o apoio necessário da prefeitura e da Vale, e que tem uma reunião agendada com o órgão municipal na tarde desta quarta-feira (4), para tratar sobre detalhes da reforma e verificar o que pode ser feito para adiantar o início das obras.
Procurada pelo DIÁRIO DO RIO DOCE, para dar informações sobre o andamento da reforma, a Prefeitura de Governador Valadares informou que o comando da obra está com a Companhia Katarriso, e que cabe à Prefeitura apenas fiscalizar.
Em nota, a Vale também informou que o projeto está sendo executado pela Katarriso, que aguarda liberação dos órgãos competentes para início das obras, e que o Teatro Atiaia será totalmente modernizado seguindo as normas de segurança vigentes e valorizando as características históricas da edificação.
Teatro Atiaia e a cultura em Valadares
O Teatro Atiaia foi inaugurado em maio de 1982, com a intenção de se tornar o principal ponto de referência cultural em Governador Valadares e região. O nome “Atiaia”, que foi escolhido por meio de um concurso, significa “raio de luz” em tupi-guarani.
“Um local tão importante para a cidade nunca poderia ter sido deixado assim, ao acaso. Para mim, o que falta é interesse do poder público em promover a cultura. E falta a Câmara de Vereadores cumprir seu papel de fiscalizar e propor projetos de interesse público. Eu não vejo cultura sendo promovida em Valadares, e a situação desse teatro é a maior prova disso”
Destaca o enfermeiro Ulisses, de 58 anos.
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