Apneia do sono e a obesidade como fator de risco reversível

Muitas vezes sem perceber, a pessoa passa suas noites de sono intercalando roncos barulhentos com ruídos e interrupções na respiração, que se repetem, no mínimo, cinco vezes num período de 60 minutos, diminuindo a concentração de oxigênio no sangue.

Estamos falando da apneia do sono, uma doença crônica, evolutiva, em que há uma obstrução, que pode ser total ou parcial, das vias respiratórias. Essa interrupção colapsa as vias aéreas, fazendo com que a respiração pare, impedindo que o ar chegue até os pulmões.

Além dos incômodos citados acima, outros sintomas podem ocorrer em portadores da apneia do sono, como sentir-se fadigado ou sentir sono durante o dia, ter dores de cabeça, perda de memória, alterações no humor, dificuldade de concentração, irritabilidade, diminuição do desejo sexual.

Isso corre principalmente porque o sono desse indivíduo, embora ele não perceba na maioria das vezes, é interrompido diversas vezes durante a noite. Além disso, a apneia do sono também está associada ao aumento do risco da hipertensão, insuficiência e arritmias cardíacas, diabetes, derrames e outras doenças.

A apneia do sono é mais comum em homens e em pessoas mais velhas. Em mulheres, costuma ocorrer durante a menopausa. Ela acomete aproximadamente 30% da população adulta mundial e mais de 80% dela, por não saber o diagnóstico, vive sem o tratamento. Diversos fatores contribuem para o surgimento da apneia do sono, entre eles:

O formato da cabeça e pescoço resultar em um espaço menor para passagem de ar na boca e garganta.

Os músculos da garganta e da língua relaxarem mais do que o normal.

Amígdalas e adenoides grandes.

Dormir de barriga para cima.

Consumo de bebida alcoólica em excesso; tabagismo; uso de remédios para dormir.

Enfim, são diversos os fatores que contribuem para a apneia do sono, mas um dos principais e também o único que é reversível é a obesidade, visto que cerca de 70% dos que sofrem dessa síndrome são obesos, explica a dra. Bruna Marisa, médica endocrinologista, especialista em emagrecimento e que acompanha diversos casos de apneia do sono em seu consultório.

Ela diz que a obesidade faz com que o excesso de tecido mole na garganta dificulte mantê-la aberta e explica que perder peso reverte totalmente esse quadro.

Sabemos que a obesidade já atinge 38% da população mundial. Em um estudo realizado no Laboratório de Sono do Hospital Português em Salvador, Bahia, os indivíduos apresentaram-se com sobrepeso (38,4%) e obesidade (36,3%), e esses valores demonstraram forte relação com a gravidade da apneia do sono, sendo que, na medida que aumentava o IMC, aumentava a gravidade do problema.

Vale ressaltar que o aumento da gordura corporal é o único fator reversível para a SAHOS – Síndrome da Apneia e Hipoapneia Obstrutiva do Sono.

Nem todo mundo que ronca tem apneia do sono. O diagnóstico deve começar com o próprio indivíduo e seu parceiro de cama, verificando sinais de tudo que foi tratado aqui. Havendo sinais, ele deve procurar um especialista, que fará um exame chamado polissonografia, para verificar a qualidade do sono.

Esse exame é feito em clínica, onde o paciente passa a noite ligado a um aparelho que verifica a oxigenação do sangue, os batimentos cardíacos, a atividade cerebral, a respiração e o movimento dos olhos.

TRATAMENTO:
Como já dito, a apneia do sono é uma doença crônica e evolutiva. O tratamento mais comum é o uso do CPAP, um aparelho que empurra o ar para as vias aéreas, facilitando a respiração e melhorando a qualidade do sono.

Outro método utilizado é a cirurgia, que é feita quando não há melhoras com o uso de CPAP. Essa cirurgia visa o estreitamento ou obstrução do ar nas vias respiratórias, corrigir as deformidades da mandíbula, ou fazer a colocação de implantes.

Ainda assim, não existe um procedimento que possa resolver todas as necessidades do indivíduo e, muitas vezes, a combinação de cirurgias passa a ser a melhor forma de tratamento.

Dra. Bruna Marisa termina concluindo: “Pessoas que sofrem de apneia do sono devem cortar imediatamente o tabagismo e o álcool, além de algumas drogas sedativas como os benzodiazepínicos, barbitúricos e narcóticos, adotar um estilo de vida saudável, que interaja com uma atividade física e uma alimentação balanceada, e principalmente: perder peso.

Lembramos que a obesidade promove riscos ao indivíduo, podendo desenvolver doenças crônicas como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e a própria Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.

Quanto a perda de peso, um endocrinologista pode auxiliar. O restante do tratamento é feito pelo pneumologista, para fazer o diagnóstico e indicar o melhor tratamento.

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