Impulsionado por um bom desempenho do comércio, o Brasil registrou em outubro a criação de 70,8 mil empregos com carteira assinada, informou o Ministério da Economia nesta quinta-feira (21). Foi o sétimo mês seguido de saldo positivo no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
O resultado do mês veio abaixo das estimativas de analistas consultados em pesquisa da agência Reuters, que projetavam abertura de 75 mil postos.
O saldo é melhor do que o registrado em outubro do ano passado, quando foram criadas 57,7 mil vagas formais, mas não é superior ao do mesmo mês de 2017, que teve 76,6 mil novos postos.
O setor de comércio foi responsável pela criação de 43,9 mil novos postos, 62% do total. Os varejistas responderam pela maior parte dessas contratações.
O saldo também foi positivo no setor de serviços (19,1 mil), na indústria de transformação (8,9 mil), na construção civil (7,3 mil) e na indústria extrativa mineral (344).
Por outro lado, foram fechadas vagas na agropecuária (-7,8 mil) e na administração pública (-427).
No período acumulado entre janeiro e outubro, o saldo deste ano, positivo em 841,5 mil vagas, é o melhor em cinco anos.
O professor do departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), Carlos Alberto Ramos, afirma que a recuperação lenta e gradual do mercado de trabalho está relacionada à também lenta evolução do PIB (Produto Interno Bruto) após a crise dos últimos anos.
“O PIB está começando a reagir, um crescimento muito modesto. Isso se manifesta no Caged. É uma correlação esperada”, disse.
Ramos explica que a geração de empregos é sazonal e tem flutuações ao longo do ano. Usualmente, comércio e indústria começam a fazer em agosto e setembro as contratações de fim de ano, em preparação para o Natal. Com isso, formam estoque e ampliam atendimento.
Em outubro e novembro, o saldo normalmente segue positivo, mas em patamar mais baixo. O mês de dezembro é marcado por um forte saldo negativo, fruto das demissões de trabalhadores temporários após o Natal.
Os dados mostram que todas as regiões do país tiveram saldo positivo de empregos com carteira assinada em outubro.
No recorte por estado, 23 unidades da federação criaram novas vagas no período. Os maiores saldos ficaram com Minas Gerais (12,3 mil), São Paulo (11,7 mil) e Santa Catarina (11,6 mil). Os piores resultados no mês foram de Rio de Janeiro (-9,9 mil), Distrito Federal (-1,4 mil) e Bahia (-589).
O resultado de outubro ainda não traz efeito do novo programa do governo para estimular a contratação de jovens. Apresentado neste mês, o modelo prevê uma redução de tributos para empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos em primeiro emprego com remuneração de até 1,5 salário mínimo (hoje, R$ 1.497).