Mais de 120 mandados de prisão e busca foram cumpridos; foco foi sufocar financeiramente a organização criminosa FTO
GOVERNADOR VALADARES – Uma grande operação coordenada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi deflagrada na última quarta-feira (24). Batizada de Operação Custos Fidelis, a ação teve como objetivo desarticular a estrutura financeira da facção Família Teófilo Otoni (FTO), afiliada ao Comando Vermelho (CV).
A ofensiva, que se estendeu por quatro estados, cumpriu mais de 120 mandados de prisão, busca e apreensão, além de determinar o bloqueio judicial de aproximadamente R$ 18 bilhões em bens e ativos suspeitos.
Segundo o MPMG, a FTO operava como uma “empresa do crime”, com núcleos específicos para logística, finanças e ataques armados. A facção atuava principalmente no tráfico de drogas e utilizava empresas de fachada nos setores de gás, internet, câmbio e comércio de pescados para lavar o dinheiro obtido com atividades ilícitas.
Estrutura empresarial e violência
As investigações apontam que a organização movimentava milhões de reais por ano, com depósitos pulverizados e fragmentados, prática conhecida como smurfing, usada para dificultar a detecção por órgãos de controle financeiro.
Além disso, a facção utilizava fuzis e uniformes policiais para realizar execuções de rivais, o que aumentava o poder de intimidação nas regiões em que atuava. Um dos bens identificados pela operação é um imóvel de luxo à beira-mar em Alagoas, adquirido com recursos do tráfico. A propriedade foi tornada judicialmente indisponível.
Expansão nacional e uso de criptoativos
Durante os 18 meses de investigação, foi constatado que a FTO mantinha conexões diretas com fornecedores do Comando Vermelho no Amazonas, criando uma espécie de “serviço de atacado do tráfico”. Facções de outros estados, como Goiás, Maranhão, Ceará, Acre, São Paulo e Rio Grande do Norte, também mantinham vínculos com o grupo.
Segundo o Gaeco, parte dos valores ilícitos era desviada por meio da compra de criptomoedas, o que dificulta o rastreamento e bloqueio dos recursos.


Estado reafirma controle e reação
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (25), o procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho, destacou a importância da articulação entre as instituições para atingir o “coração financeiro” da organização criminosa.
“Agora desejamos que esses valores sejam declarados como perdidos e revertidos aos cofres públicos”, afirmou.
O vice-governador de Minas, Mateus Simões, também enfatizou a postura do Estado diante da tentativa de expansão de facções no território mineiro.
“Em Minas, o monopólio da força continua sendo do Estado”, declarou.
Resultados parciais
Entre os principais resultados alcançados nos últimos 12 meses de ações contra a FTO, destacam-se:
- 23 integrantes presos;
- 26 armas apreendidas, incluindo quatro fuzis e uma calibre 12;
- Diversas apreensões de drogas, com destaque para uma ocorrência de 300 kg de maconha.
O nome da operação, Custos Fidelis, significa “guardião fiel” em latim, e simboliza o papel das instituições públicas na proteção do território mineiro contra a influência de grupos criminosos.
















