Expedição no Entorno do Parque Estadual do Rio Doce Fortalece Conservação do Muriqui-do-Norte

FOTO: Evandro Rodney

TIMÓTEO – Entre os dias 17 e 21, uma expedição no entorno do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), teve como objetivo identificar indivíduos isolados de muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), uma das espécies mais ameaçadas do Brasil. A ação faz parte do projeto “Levantamento de Indivíduos Isolados para Recuperação da População de Muriqui-do-norte de Ibitipoca”, que busca mapear espécimes da espécie e fortalecer a rede de conservação.

Conduzida pelo Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), sob a coordenação do biólogo Marcello Nery e da pesquisadora Fernanda Tabacow, a expedição contou com o apoio do IEF e envolveu os municípios de Marliéria e Timóteo. O projeto já vem sendo desenvolvido desde março de 2023, com ações realizadas também em outras regiões, como o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro.

A expedição foi marcada por um importante encontro com um grupo de muriquis no interior do PERD, além de reuniões com a equipe do Projeto Primatas Perdidos e representantes do próprio parque. A participação de comunidades locais e das 32 organizações cadastradas na rede de conservação tem sido fundamental para o sucesso da iniciativa.

Até o momento, o projeto conseguiu identificar três fêmeas subadultas e dois machos adultos da espécie, com o apoio das comunidades próximas. “A participação da população é essencial para a conservação do muriqui-do-norte. A mobilização local pode fazer uma diferença significativa para a preservação dessa espécie”, destacou a analista ambiental do IEF, Janaína Aguiar.

O muriqui-do-norte, classificado como criticamente em perigo de extinção, é um primata com características únicas, como membros longos e uma cauda preênsil, que facilitam a locomoção nas copas das árvores. Sua alimentação é baseada em frutos, folhas, flores e brotos, o que exige áreas com grande oferta de alimentos. Uma característica marcante dos filhotes é o desenvolvimento de manchas despigmentadas na face ao longo do crescimento.

A expedição também seguiu as diretrizes do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação dos Muriquis, que recomenda o manejo de populações isoladas. Além disso, um Plano de Contingência está sendo desenvolvido para orientar o manejo especializado de indivíduos encontrados na natureza.

Além do PERD, expedições anteriores ocorreram em locais como o Parque Nacional do Caparaó, no Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira, nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala e Mata do Sossego e em áreas de preservação no município de Peçanha. A equipe de pesquisadores considera a ação uma vitória, tanto pelos registros da espécie quanto pelo fortalecimento da rede de conservação. “A troca de conhecimentos e o engajamento da comunidade foram essenciais para o avanço do projeto”, afirmou Fernanda Tabacow.

Com a continuidade das expedições e o fortalecimento das parcerias, os especialistas esperam que a população de muriquis-do-norte possa ser melhor protegida, garantindo a conservação de uma das espécies mais emblemáticas do Brasil.

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