GOVERNADOR VALADARES – A morte de Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, na noite da última quarta-feira (14) repercutiu fora de Governador Valadares e virou assunto de debate nos últimos dias. A jovem morreu após uma abordagem no bairro Vila dos Montes. A ação fazia parte de uma operação da Polícia Militar para localizar um suspeito de homicídio ocorrido no mesmo dia. Durante a abordagem, Thainara tentou intervir e foi detida. Após passar mal, foi levada à Unidade de Pronto Atendimento, onde foi confirmada a morte da mulher.
O que diz a Polícia Militar
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que Thainara tentou intervir na ação policial e foi presa. Mas que durante a ocorrência ela se sentiu mal e foi socorrida pelos militares para a unidade de saúde. Além disso, a Polícia Militar também disse que está apurando os fatos e que deu início às investigações para que detalhes sejam esclarecidos.
“A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), esclarece que no dia 14 de novembro, no bairro Vila dos Montes, em Governador Valadares, policiais militares do 6º Batalhão de Polícia Militar diligenciavam no intuito de esclarecer um homicídio ocorrido na tarde do mesmo dia, quando obtiveram a informação que o autor do ocorrido encontrava-se no Residencial Ibituruna II.
Ao chegarem ao local, os militares tentaram realizar a condução do suspeito, mas foram atacados e agredidos por pessoas conhecidas dele, sendo necessário repelir as injustas agressões.
Uma mulher tentou intervir na ação policial e foi presa. Porém, durante a ocorrência, ela se sentiu mal e foi socorrida pelos militares para a unidade de saúde. Ao chegarem à Unidade de Pronto Atendimento, foi constatado o óbito.
A PMMG informa que está apurando os fatos e que as investigações estão sendo conduzidas de forma rigorosa para assegurar que todos os detalhes sejam esclarecidos, pois o compromisso da instituição é com a transparência e a verdade”.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a causa da morte. “Em relação aos fatos ocorridos no dia 14 de novembro de 2024, no bairro Vila dos Montes, em Governador Valadares, onde uma mulher de 18 anos morreu dentro da viatura da Polícia Militar, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o corpo da vítima foi encaminhado ao Posto Médico Legal de Governador Valadares para determinação da causa morte. Um inquérito Policial foi instaurado e diligências investigativas estão em andamento para apuração da autoria e materialidade do crime. Novas informações serão divulgadas oportunamente”.
O pai de Thainara se manifestou sobre o caso
Nas redes sociais, Walisson Regis, pai da jovem, acusou os policiais de violência e pediu justiça. O vídeo foi publicado no último domingo (17) no perfil dele do Facebook.
“Um dos PM, sem preparo, acabou tirando a vida da minha filha, deixou ela cheia de hematomas no pescoço, no rosto, como se fosse botinada, soco, não sei o quê. Mas acabou tirando a vida de uma criança, que ela ia trabalhar para sustentar uma filhinha de quatro anos que ela tem e a sua família que depende dela, que todos lá têm problemas. A mãe é doente, os irmãos são doentes. Ela saiu para ir para o trabalho e se deparou com essa situação e acabou perdendo a vida ao tentar defender o irmão dizendo que ele era especial. Agradeço a todos pelo apoio e que ainda estão tendo até hoje. E peço ao Ministério Público Federal que passe a empenhar nesse caso e ajudar a gente a desvendar, porque não pode ficar impune. Hoje em dia a polícia matar inocente e falar que foi justificativa de agressão. Se a pessoa não está armada, não tem um canivete e é franzina, porque oito homens em cima da criança. Agradeço a todos e que Deus abençoe a todos pela força. Muito obrigado, que Deus abençoe que a justiça seja feita”, disse Walisson Regis.
Uma manifestação em memória de Thainara será realizada na próxima quarta-feira (20), às 15h30, na Rua Engenheiro Roberto Lassance, no bairro Vila Isa. O evento contará com a presença de advogados que orientarão a família e os apoiadores sobre os próximos passos na busca por justiça. A mobilização é organizada por familiares de Tahinara, militantes de coletivos sociais e agentes políticos.
Ministério dos Direitos Humanos se manifesta sobre o caso
Em nota, publicada nesta segunda-feira (18), o Ministério dos Direitos Humanos manifestou pesar pela morte e solicitou celeridade e imparcialidade na apuração dos fatos.
“O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) manifesta profundo pesar pela morte da jovem Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, que estava grávida de quatro meses quando faleceu dentro de uma viatura policial, após abordagem ocorrida na região de Governador Valadares (MG), na noite da última quarta-feira (14).
Expressamos solidariedade à família de Thainara neste momento de dor e indignação.
A fim de cobrar uma apuração rigorosa e transparente dos fatos pelas autoridades competentes, o MDHC vai oficiar a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a Delegacia Geral da Polícia Civil, o Comando Geral da Polícia Militar, bem como a Corregedoria da Polícia Militar e a Ouvidoria das Polícias de Minas Gerais, solicitando celeridade e imparcialidade na apuração dos fatos e na investigação, de modo a garantir a devida responsabilização dos envolvidos no caso.
Cabe reiterar que o papel das forças de segurança é atuar estritamente em conformidade com protocolos que assegurem o respeito aos direitos humanos, como estabelece a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Estado deve ser um instrumento de proteção e segurança para todos, garantindo a dignidade e a vida como princípios fundamentais de uma sociedade justa”.
Comments 5
Em qualquer outro Estado da Federação, militares envolvidos numa situação de violencia dessa natureza – de tal gravidade que redundou na morte da jovem – estariam afastados do serviço de rua e recolhidos em serviços internos. Como o comando da PM nao se pronunciou a esse respeito, entende-se que nenhuma providencia nesse dentido foi tomada. Espera-se apuração realmente isenta, por parte da Policia Civil, para que não paire qualquer duvida sobre a responsabilidade de membros
Da corporação militar,
Meu Deus isto não pode cair no esquecimento só pq.a pessoa é.pobre tem que punir os culpados para que não venha acontece com outra família. Abuso de poder acha que em toda comunidade todo mundo é bandido.
Policiais demostraram total despreparo naquela abordagem.primeiro,se estavam a pricura de um suspeito de crime de homicídio, porque abordar um jovem de quinze anos,mesmo após a irmã alegar,quê o mesmo é especial,e mesmo assim foram truculentos.sera se fosse em um condomínio de luxo,teriam agido da mesma forma?…
Estou impactada com esta notícia desde quinta-feira. Acompanhando e partilhando a dor dos pais, familiares e amigos, sentindo uma indignação profunda. Não podemos considerar normal abordagens como esta. Com certeza não fariam isto se os “suspeitos” fossem brancos, ricos ou morassem em residenciais de luxo. É preciso punir essas práticas, colocar câmeras nos uniformes, capacitar melhor essa corporação. Providências precisam ser tomadas!…
Estou impactada com esta notícia desde quinta-feira. Acompanhando e partilhando a dor dos pais, familiares e amigos, sentindo uma indignação profunda. Não podemos considerar normal abordagens como esta. Com certeza não fariam isto se os “suspeitos” fossem brancos, ricos ou morassem em residenciais de luxo. É preciso punir essas práticas, colocar câmeras nos uniformes, capacitar melhor essa corporação. Providências precisam ser tomadas!…