[the_ad id="288653"]

‘O hospital é municipal, não é regional’, afirma Renato do Samaritano

FOTOS: Fred Seixas/DRD

Renato Fraga, o Renato do Samaritano, defende mediação sanitária com municípios vizinhos pelo uso do Hospital Municipal de Valadares

GOVERNADOR VALADARES – Faltam menos de duas semanas para as eleições municipais, mas ainda dá tempo do eleitorado em Governador Valadares conhecer mais a fundo as propostas dos candidatos à Prefeitura. Em um momento crucial para o futuro da cidade, quatro nomes estão na disputa, cada um trazendo suas visões e projetos para a administração municipal no período de 2025 a 2028. Para ajudar você, o DIÁRIO DO RIO DOCE apresentou uma série de entrevistas nas últimas semanas com os candidatos. A ordem das publicações das entrevistas seguiu a ordem alfabética dos nomes de registro de campanha dos candidatos. Na última entrevista da série, o candidato a prefeito Renato do Samaritano (Republicanos-10) destaca as principais propostas do plano de governo. Renato tem o coronel Élio Lacerda (PRB) como candidato a vice.

PERFIL: Renato Fraga Valentim, de 73 anos, nasceu em Santana do Manhuaçu, na Zona da Mata. Ele é ex-superintendente e conselheiro do Hospital Bom Samaritano e atualmente é consultor técnico da mantenedora do hospital. Na política, Renato já foi vereador eleito por dois mandatos em Governador Valadares e presidente da Câmara Municipal. Em 2003, tomou posse como deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas. Em 2015, assumiu a presidência da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Em 2008, se candidatou à prefeitura de Valadares e, em 2010, disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ambas as vezes pelo MDB (então PMDB).

Igor França: O que o senhor planeja para melhorar a qualidade da educação nas escolas públicas de Governador Valadares?
Renato do Samaritano:
A educação hoje em Valadares está indo bem. A gente até ganhou um prêmio do IDEB, a cidade foi a primeira em Minas Gerais para os alunos dessa faixa etária fundamental 1. Então isso mostra que a educação evoluiu em Valadares, mas sempre há condições para melhorar. Eu tenho sido cobrado pelas mães que a gente precisa estender o horário até as 17h, porque hoje o funcionamento das creches elas vão até as 15h, embora tenha duas creches que funcionam até às 17h. E aí a gente tem que atender esse apelo; nós vamos ter pelo menos uma creche que vai funcionar à noite para atender os enfermeiros, os técnicos, pessoas que trabalham à noite. Tem muitas pessoas que trabalham à noite e não têm com quem deixar a criança, e nós precisamos cuidar das crianças. Então essa vocação de cuidar da criança é inerente no meu trabalho, fui professor também durante 14 anos, a minha esposa também foi professora. Hoje Valadares tem 36 escolas que estão melhor do que a regra geral de todas as escolas de Minas Gerais, nós temos hoje 5.568 municípios [no Brasil] e desses 5.568 municípios Valadares ocupa uma posição privilegiada, exatamente porque ganhou inclusive o primeiro lugar. A gente também tem que ampliar o polo de transformação digital. Hoje nós temos esse programa, um programa muito importante, inclusive os alunos estão sendo selecionados para prestar serviço de transformação digital para os Estados Unidos e os Estados Unidos estão usando esse programa para que a pessoa daqui de Valadares possa então fazer essa prestação de serviço com um salário estipulado de mil dólares. Eles vão prestar serviço aqui mesmo. Inclusive, dois alunos da rede pública também vão estar indo para a NASA nos próximos meses. A gente procura também criar condições e oportunidades para que eles possam se desenvolver. Nós queremos também valorizar o professor. O professor precisa ser valorizado e ele só é valorizado quando ele se qualifica. Então, nós teremos, então, que investir na qualificação do professor. À medida que ele se qualifica, ele estuda mais, ele se desenvolve, ele vai ter um salário melhor a cada progressão na faixa salarial dele.

Igor França: Quais são as principais mudanças propostas no plano de mobilidade urbana para melhorar o transporte público e a acessibilidade na cidade? Quais são suas propostas para melhorar a infraestrutura urbana de Governador Valadares?
Renato do Samaritano:
Você tem que pensar no pedestre, tem que pensar no ciclista e tem que pensar no motorista. Hoje o planejamento de mobilidade urbana visa exatamente atender essas três categorias de pessoas que movem e que andam na cidade. Então nós temos que ter mais ciclovias, elas já começaram a ser realizadas, mas precisam ser ampliadas para que dê proteção ao ciclista. Nós precisamos pensar nas nossas calçadas, inclusive que elas tenham guia para as pessoas portadoras de necessidades visuais, para poder saber onde é que elas andam, fazer rampa para essas calçadas. E a gente tem que pensar também no bom transporte coletivo. O transporte coletivo hoje na nossa cidade, ele está com a sua passagem praticamente há dois anos sem nenhum aumento. Isso porque a Prefeitura complementa com o subsídio, nós vamos continuar a manter esse subsídio para que a passagem seja no preço que a pessoa possa pagar. E a gente também tem que ver as questões dos horários, se a gente vai ampliar os horários, se há necessidade disso, tem que ser feito um estudo. Eu sou engenheiro e não gostaria de fazer nada sem fazer um planejamento estratégico sobre isso. E eu posso dizer a você que a passagem, ela está num preço mais ou menos razoável, e esse subsídio que a Prefeitura está fazendo mensalmente, ajuda muito as pessoas a usarem o transporte coletivo, e a gente tem que incentivar isso. Eu pretendo também, dentro desse plano de mobilidade urbana, fazer uma ponte ligando o lado da Ibituruna até o lado de cá do bairro São Tarcísio, e ali só passaria carros leves para a pessoa chegar mais rápido ao centro da cidade sem ter que passar pela JK, evitando o congestionando daquela via. A mobilidade urbana também visa você colocar informações, placas horizontais e verticais para orientar as pessoas, faixa de pedestre. Então, a mobilidade urbana exige todo esse processo.

Igor França: Qual seria a sua relação com a empresa de transporte coletivo do município?
Renato do Samaritano:
Olha, eles têm um contrato a longo prazo, não sei se é 20 ou 25 anos, né? Então nós temos que honrar esse contrato. A questão jurídica nos impede de tomar qualquer providência quanto à concessão, que é uma concessão pública. Mas eu tenho que fiscalizar bem esse contrato. A frota de ônibus, hoje da Mobi, tem que ser renovada de 5 em 5 anos. Parece que alguns ônibus não estão oferecendo essas condições. E a gente também providenciar, pelo menos, aquelas linhas mais extensas, o ar-condicionado. Então é questão de fiscalização da empresa, fazer ela cumprir o contrato e que esse contrato possa trazer benefícios e cuidar da vida dos nossos usuários.

Igor França: Quais iniciativas serão implementadas para reintegrar pessoas em situação de rua?
Renato do Samaritano:
A população de rua hoje deve estar na faixa de 630 pessoas, mais de 600 pessoas. E realmente isso tem movimentado nosso coração no sentido de a gente encontrar uma solução. Essas 630 pessoas, 300, metade aproximadamente, são de outras cidades. Então eu pretendo criar um centro de triagem, que esteja um pouco mais afastado da cidade, da área urbana, passar a noite convidando essas pessoas para poder ir para esse centro de triagem. Lá eles teriam a oportunidade de tomar um banho, uma alimentação e uma assistência multidisciplinar com psiquiatra, psicólogo, assistente social, sociólogo e uma assistência espiritual, com padre, com pastores. Porque eu vejo assim, se você vai identificar naquele grupo que as pessoas têm sua residência fora de Valadares, nós vamos oferecer a passagem para que ele retorne a essa cidade, mas primeiro nós vamos fazer um contato com a Assistente Social daquela cidade dizendo que nós temos aqui em Valadares um cidadão, uma cidadã que está aqui na rua e que precisa se locomover até a cidade, nós vamos dar a passagem, mas que elas possam recebê-la lá nessa cidade. E aquelas outras que são realmente daqui da cidade, que estão ali por uma dificuldade qualquer de relacionamento em casa ou com a questão de droga ou de álcool, nós vamos usar a estrutura que nós temos no município, como os CRAS que nós temos aqui em Valadares, o CAPS AD, o CAPS infantil, que vão auxiliar nesse tipo de cuidado com essas pessoas, vão arranjar serviço para elas para que ela seja inserida novamente na sociedade e seja produtiva também para a sociedade. Então, com essas medidas nós esperamos minimizar bastante essa questão de moradores de rua.

Igor França: No seu plano, você menciona a ampliação da rede de assistência social. Quais são os principais serviços que serão priorizados nessa expansão, e como pretende garantir que eles cheguem às comunidades mais vulneráveis?
Renato do Samaritano:
Nós temos um Centro Pop já em Valadares. Então esse Centro, talvez seria a gente ter um ou dois a mais para você trabalhar essa questão da Assistência Social. Mas a assistência social ela se prende muito mais pela qualificação profissional das pessoas, para que ela possa ter seu emprego, ela possa ter sua renda e, de fato, essa questão ela tem que ser bem trabalhada nessa área. Tem a questão do Bolsa Família, que o CRAS cuida de fazer o cadastro dessas pessoas, nós temos um déficit hoje de seis mil moradias e a assistência social aqui cuida de fazer o cadastro dessas pessoas, saber a faixa de renda dessas pessoas e em inserir também essas pessoas no mercado de trabalho. A assistência social é muito ampla, ela alcança também essa questão habitacional, a questão de saúde, você muitas vezes encontra uma pessoa perdida que não fez um exame preventivo do câncer, seja ginecológico, seja de mama ou de próstata, o assistente social tem que trabalhar essas orientações, melhorar esse fluxo de pessoas que têm necessidade de um acompanhamento nesse tempo. Hoje, a grande maioria da população possui um celular e tem WhatsApp. Então nós vamos fazer um trabalho tecnológico, vou trabalhar com três eixos aqui, vou trabalhar com a tecnologia, vou trabalhar com o processo e vou trabalhar também com a humanização. Então você tendo a tecnologia, nós vamos pegar o celular e ele vai oferecer todo o serviço para o cidadão, até mesmo uma consulta com especialista, porque você tem que ter a Medicina já reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Você vai poder acessar pelo WhatsApp o serviço disponível sem precisar ficar se locomovendo. Ela vai poder marcar sua consulta via celular, vai poder saber o horário de funcionamento de cada unidade de saúde. A gente vai ter que fazer um trabalho tecnológico para que o médico realmente fique às oito horas no posto de saúde. E vamos ter também uma equipe médica para dar esse retorno a essas pessoas que moram mais distante e que não têm acesso às informações. Esse trabalho vai permitir tecnologicamente que a pessoa conheça a prevenção do câncer ginecológico, conheça a prevenção do câncer de mama, o câncer de próstata. Nós vamos estar sempre informando a pessoa através do celular, ela vai poder receber toda assistência e evitar esse deslocamento que muitas vezes prejudica o usuário do serviço público. Mas é também necessário que você tenha muita atividade física, desenvolva as praças da nossa cidade, elas precisam ser modernizadas e criados mais espaços para prática de esporte, caminhada, fazer exercícios físicos, tudo isso onde a pessoa mora. Eu visitei, por exemplo, a Unidade Residencial Sertão 1, onde as pessoas estão querendo uma quadra de esporte lá pra praticar esporte. Então, se eu levar o equipamento público o mais próximo do morador, com certeza ele vai ser melhor atendido e vai ter uma qualidade de vida melhor. Nós já estamos com recursos para construir mais dez unidades de saúde com recurso da prefeitura, que ainda não foi utilizado, porque está fazendo o projeto. Nós vamos dar sequência a isso. Nós vamos fazer essa ampliação dos postos de saúde, levando o equipamento municipal para perto do morador.

Igor França: O seu plano propõe uma reforma profunda na Secretaria Municipal de Saúde. Quais mudanças específicas estão previstas, e como essas reformas impactarão a eficiência e a qualidade do atendimento à população?
Renato do Samaritano:
A Secretaria de Saúde, ela precisa de um trabalho que, na minha época, quando eu fui secretário de Saúde de Governador Valadares, eu coloquei na Secretaria de Saúde o serviço de compras e parecer jurídico. Por que que falta remédio no Hospital Municipal? Por que que falta manutenção dos equipamentos? Porque hoje quem faz a compra e a licitação de toda a estrutura do município é apenas a Secretaria de Administração. Então acumula tudo lá nessa secretaria. E muitas vezes o que é prioridade fica para depois e a Saúde tem que ser resolvida imediatamente. Então, tendo o setor de compras e o setor jurídico, nós vamos mudar essa estrutura da secretaria, nós vamos ter mais agilidade nas compras. Quando eu resolvi o problema da saúde, quando eu fui chamado em 2003, a primeira coisa que eu fiz foi isso. Então teremos esse setor funcionando para que possa agilizar nessas compras, dar manutenção aos equipamentos. O Hospital Municipal, ele é um hospital que tem bons equipamentos, até agora, recentemente a Secretaria comprou novos equipamentos e nós vamos dar sequência a isso. O hospital está sendo reformado e ele precisa ser concluído e vai ser concluído na nossa gestão.E a gente precisa fazer uma mediação sanitária. O que é mediação sanitária? 48% dos atendimentos do Hospital Municipal são de pessoas que vêm de fora, não são de Valadares. O hospital é municipal, ele não é regional, o regional vai ser o outro, porque a gente precisa acabar de construí-lo. Então, essa mediação sanitária, você chama todos os prefeitos dessas cidades que são atendidos aqui, em Valadares, são mais de 80 cidades. Aí você estabelece um per capita para cada cidade ajudar nessa despesa do hospital, porque o Hospital Municipal hoje custa 17 milhões por mês e fatura 7 milhões. Tem um déficit de R$ 10 milhões, então são 120 milhões por ano. Então, somando cada cidade dessa é aproximadamente uma população de 1 milhão de habitantes. Se você tem um déficit de 10 milhões, você pega 10 milhões e divide por 1 milhão, você vai achar o per capita de cada cidade dessa que vai ter que contribuir. Vai dar um valor médio aí para uma cidade pequena com um per capita de 10 mil por mês. 10 mil por mês você não paga nem um médico, e ele tem toda assistência aqui. O paciente, por exemplo, é atendido na UPA, aqui do Hospital Samaritano, mas eles não contribuem com o custeio disso. Então o problema da saúde é o custeio. Então a Secretaria, ela tem que voltar a olhar para uma estrutura mais eficiente e passa pela mudança da estrutura administrativa, e é o que faremos com certeza.

Igor França: Quais ações serão implementadas para melhorar o serviço dos postos de saúde e garantir que as UBS estejam equipadas para atender as demandas da população?
Renato do Samaritano:
A gente tem que trabalhar com esses três sistemas: tecnologia, processo e treinamento. Então você tem que treinar nos postos de saúde o atendimento que é dado pela enfermeira, pelo técnico, pelo odontólogo que está lá. Então o que é que nós precisamos fazer primeiramente? A tecnologia exige que você controle a frequência dos profissionais no posto de saúde. Hoje nós não temos um setor de controle da frequência dos profissionais. Hoje você chega no posto de saúde e o médico diz assim: eu vou atender 20 pessoas hoje. Ele atende 20 pessoas e imediatamente ele está dispensado. Mas não pode ser assim. Ele tem um contrato para 8 horas, então ele vai trabalhar as 8 horas no posto de saúde e fazer o atendimento que ele precisa durante essas 8 horas. Mas o posto de saúde fecha às 17 horas. Então as pessoas que trabalham, vão até às 17 horas, ele não tem como ir fazer uma consulta depois das 17 horas. Então nós vamos construir mais duas UPAs em Valadares, porque a UPA é um sistema de atendimento entre o posto de saúde e o hospital, é uma unidade intermediária. Então teremos mais duas UPAs em Valadares, vamos ver qual o território. Vou dar um exemplo: Santa Rita, por exemplo, é uma cidade. Lá, ao meu ver, cabe uma UPA. E uma outra, talvez, mais voltada lá depois da Avenida Minas Gerais, ali na região do bairro Mãe de Deus, também alí no Altinópolis, por aí afora. Nós teremos mais duas UPAs para que a gente faça o atendimento de urgência e emergência e possa fazer um trabalho melhor na área da saúde. E eu também pretendo mandar entregar o medicamento de uso contínuo em casa. Quando eu entrego remédio de uso contínuo em casa, eu tenho dois benefícios: primeiro, eu quero ver se a pessoa tomou o remédio do mês anterior. Porque a gente, como cidade, vai exigir a caixa para ver se realmente a pessoa tomou. Geralmente, você vai ao médico, ele receita o seu remédio e você esquece de tomar o remédio. Isso acontece com a tuberculose, com a hanseníase, com a pressão arterial, a pessoa descontrola a pressão. Vai ter que ir para o hospital, não é isso? Tem a questão também das doenças cardíacas, que a pessoa precisa tomar o remédio diariamente. Nós temos o problema da diabetes, a pessoa não toma, a glicose vai lá para 500mg, a pessoa descompensa, aí procura o hospital. Então a gente dá uma assistência permanente, o médico fica oito horas dentro do posto de saúde. A gente vai saber se a pessoa está tomando o remédio direitinho; a segunda coisa é que todos os municípios recebem o recurso para comprar os seus remédios, tanto do Estado como do Governo Federal. E muitas vezes eles não compram e as pessoas vêm buscar em Valadares. Então eu vou saber se realmente a pessoa que está tomando o remédio é de Valadares ou está aqui em tratamento em Valadares, porque pode ser que ela venha de fora, mas está fazendo tratamento aqui em Valadares, mas ela tem uma residência fixa. Então a gente vai fazer um controle melhor da dispensação do medicamento. Então nós vamos ter medicamento, não vai ficar faltando medicamento em posto de saúde, nós não vamos ter mais problema do médico que não está trabalhando as oito horas, nem qualquer outro profissional da área da saúde. E dessa forma a gente vai ter uma saúde de proteção primária muito melhor.

Igor França: Como você pretende ampliar ou melhorar os espaços de lazer na cidade, garantindo que todas as comunidades tenham acesso a atividades recreativas e culturais? E como você pretende envolver a comunidade e os artistas locais nessas iniciativas?
Renato do Samaritano:
Aqui nós temos uma secretaria que é multiuso: cultura, esporte, lazer e turismo. Olha, não tem condições de fazer uma boa gestão dessa forma, nós temos que separar a cultura do esporte. Primeiro porque a gente precisa incrementar o esporte e temos que realmente trabalhar a cultura, com uma orquestra sinfônica. A Lira 30 de Janeiro, por exemplo, está precisando de apoio, a questão de música, a questão de shows, a questão do teatro. Eu acredito que o teatro que nós temos aqui, que foi reformado, ele deveria ser só usado para teatro mesmo, mas estão tendo outras atividades lá que não são da área do teatro, atividades comerciais, palestras de outras naturezas. Ali é para fazer show musical, show humorístico. E a cultura precisa estar resgatando também os valores que já temos. Lá em Penha do Cassiano, nos distritos, cada um desses distritos tem a sua cultura própria. Precisamos despertar essas culturas novamente, revivê-las para que os valadarenses conheçam das nossas atividades culturais. Então, eu pretendo separar a Secretaria, sendo uma a Secretaria de Cultura e a outra Secretaria de Esporte.

Igor França: De que forma você pretende envolver a população na tomada de decisões importantes para a cidade?
Renato do Samaritano:
Uma das melhores coisas que um gestor tem que ter é saber ouvir. E aí você tem que criar realmente esse hábito na sociedade, estar sempre reunindo uma comunidade de cada território para você ouvir as suas reivindicações, valorizar essas reivindicações e trabalhar para que elas possam ter uma participação efetiva no governo. Por isso que nós temos um auditório lá na Prefeitura. Enquanto a gente pode usar esse auditório para poder estar ouvindo as comunidades, incentivar que as associações de bairros se organizem para que elas possam ter um representante, falar em nome da sua comunidade, a gente também pode fazer um trabalho itinerante, levar a prefeitura até outros lugares. Aliás, quando eu estou falando sobre isso aqui, eu penso em ter duas subprefeituras em Valadares. Uma subprefeitura lá na região da Ibituruna, para aqueles serviços imediatos. Você não vai ter uma estrutura de uma prefeitura, mas uma estrutura que possa atender o cidadão com maior urgência. Então, você tem aqui na cidade, o SAAE já tem uma concessão, mas eles fariam convênio com a prefeitura e teriam uma unidade avançada lá nessa subprefeitura. O tapa buracos também nesta subprefeitura e qualquer outro serviço que possa contribuir para o cidadão ter um atendimento mais rápido e mais digno.

Igor França: Quais são as principais estratégias que o senhor pretende implementar para impulsionar a economia local e gerar empregos em Governador Valadares? Quais são as propostas para melhorar as condições de empregabilidade e retenção de profissionais em Governador Valadares?
Renato do Samaritano:
Progresso é qualidade de vida, então na qualidade de vida você tem que trabalhar também com a qualificação profissional. Hoje nós temos muitas vagas na cidade, diversos setores, eu já fiz várias reuniões no Distrito Industrial com diversas empresas, cada uma delas me disse que está faltando mão de obra. E por que faltando mão de obra? Porque ela não está qualificada. Então nós precisamos ter este olhar para a educação profissional, olhar para poder levantar quais são as profissões que estão faltando em nossa cidade e trabalhar para que elas sejam qualificadas. Eu conversei recentemente com um empresário que só dá cursos de qualificação profissional, pedreiro, de eventos, mecânicos e torneiros. A partir disso, nós vamos estar também tendo uma forma da própria prefeitura fazer um convênio com empresa de formação profissional e usar o recurso do Tesouro Municipal para poder incentivar essas qualificações e assim a pessoa possa exercer esse trabalho e abrir esse leque de emprego na cidade. Além disso, nós precisamos trabalhar também a questão da infraestrutura. Ali para o lado da BR-381, indo para Belo Horizonte, tem uma baixada ali grande, que está margeada pela linha de ferro e a BR-381. Ali é o local ideal para Valadares fazer o condomínio industrial, e até já conversei com o proprietário daquela terra. Ele não é só proprietário, como também tem os recursos dos fundos, XP, outros fundos de investimento, que têm dinheiro para investir. Aí nesse local seria construído os galpões industriais. O que é uma fábrica? É um galpão. A energia em Valadares nós temos suficiente. A energia daquela subestação que tem ali perto da empresa Gontijo, ela tem energia suficiente, mas aquela energia ela precisa chegar no Distrito Industrial, por exemplo. O Distrito Industrial tem deficiência de energia, mas não é porque falta energia não, é porque a energia não chega ali, você tem que passar os cabos de energia no terreno das pessoas, onde tem loteamento, ninguém está querendo deixar passar, porque esses cabos de transmissão acabam transformando aquela área em área de servidão, que não pode ser usada para loteamento. Então você tem que criar dentro do Distrito Industrial uma subestação para que a subestação possa ter energia para suprir aquela região. E eu sei fazer, e eu sei como é que vai fazer isso, porque os empresários me cobraram essa situação, eu disse: ‘olha, o governador está conosco, deputado estadual com a gente, deputado federal, senador, nós vamos cobrar do governador essa medida, já que tem energia disponível’. Outra coisa é a questão do gás, por que o gás não chega até Valadares, parou ali em Belo Oriente? Porque é preciso ver se tem demanda. A Sudene, ela tem, por exemplo, juros para investimentos, para a indústria, juros de 6% ao ano e o juro hoje da Selic está a 10,5%. Você tem o desconto do imposto de renda, então tem vários benefícios, algumas empresas estão usufruindo. Nós vamos pegar a nossa Secretaria de Desenvolvimento Econômico e vamos estabelecer nela um setor para poder orientar o empresário. Eu senti que o empresário está sem orientação e eu sei como fazer isso e vou fazer, porque preciso fazer para que a cidade possa oferecer mais emprego e evitar a migração dos nossos valadarenses para fora de Valadares. E a gente vai investir, vamos aproveitar essa mão de obra que vai ser qualificada. Aliás já tem esse programa na administração atual e nós vamos dar sequência a esse trabalho.

Igor França: Qual é a sua análise sobre o atual momento dos grupos políticos que se identificam com o posicionamento conservador, de direita, e da divisão que aconteceu no perído da pré-candidatura?
Renato do Samaritano:
Veja, não fui eu quem promoveu a divisão, posso dizer isso com toda segurança, mas também a gente precisa sair dessa discussão ideológica de extrema direita e extrema esquerda. Eu sou Valadares e Valadares não quer saber quando a pessoa chega no hospital se ela é de extrema direita, se ela é de extrema esquerda, ela vai querer o atendimento lá. Então eu tenho certeza de que Valadares, segundo a pesquisa, 58% da população não quer saber dessa discussão ideológica. Eu tenho os princípios que regem a minha vida, que é família, que é pátria, que são esses princípios defendidos aí, mas a gente tem que respeitar as pessoas, o respeito é extremamente importante. Agora, eu tenho certeza que mesmo as pessoas que querem me classificar, que eu sou de centro e o outro de direita, eu não estou preocupado com esse tema. Eu estou preocupado em ganhar a eleição para poder servir a cidade, para poder melhorar a qualidade de vida das pessoas, para poder mostrar que nesse momento, o que interessa para Valadares é um prefeito que quer cuidar da cidade, quer cuidar da criança, quer cuidar do adulto, quer cuidar do jovem. E tenho certeza que nós vamos vencer essas eleições, independentemente dessa disputa ideológica. Eu não quero fazer uma disputa ideológica, nem preciso fazê-la, eu quero fazer uma disputa democrática, uma disputa que leve Valadares a alcançar os seus objetivos de desenvolvimento e de geração de emprego, de geração de renda, é isso que eu pretendo fazer.

Igor França: Qual a sua relação com a cidade de Governador Valadares?
Renato do Samaritano:
Olha, tenho 63 anos de trabalho, porque eu comecei a trabalhar aos 10 anos de idade como engraxate, entregador de jornal. Depois eu fiz um curso técnico em patologia clínica, fiz engenharia, paguei com o meu próprio recurso. Então a minha relação é de trabalho e estudo. Olha, eu fui professor 14 anos, de segundo grau, lecionei química, a minha esposa tem 30 anos [de trabalho na educação]. Valadares me deu a oportunidade de fazer um curso superior que eu paguei com o meu recurso, fiz engenharia, depois fiz três cursos de pós-graduação, fiz engenharia do trabalho, fiz ergonomia e fiz por último um curso na PUC de gestão hospitalar e segurança do paciente e humanização. Então a minha relação com Valadares é uma relação de amor, porque aqui criei meus filhos, aqui nasceram meus filhos, aqui conheci a minha esposa, aqui eu convivi numa comunidade evangélica cristã, são 49 anos convivendo lá. Me deram as condições de ser presbítero da igreja, de ser diácono desta igreja, então, confiaram no meu trabalho, e fui até professor também da escola bíblica dominical. Isso mostra, assim, meu interesse pelo cristianismo, interesse para que as pessoas conheçam os valores cristãos. Porque a Bíblia resume todo ensino em uma única frase: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo. E o próximo é aquele que precisa de você, de imediato. Veja bem, sabe quantas pessoas eu atendo no Hospital Samaritano, tanto no hospital quanto na clínica? 1.100 pessoas por dia. Só na área de hemodiálise são 570, você imagina se nós não tivéssemos um serviço desse de câncer, a pessoa teria que ir a Belo Horizonte. Então eu cuidei do próximo, muitas vezes nem conheço o próximo, mas cuidei dele, cuidei por isso: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo. Isso resume toda a religião do mundo. Se fizermos isso o mundo será melhor, e Valadares será muito melhor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM