Especialista sugere aos jovens que aproveitem esta fase de muita energia e sonhos para investir
GOVERNADOR VALADARES – Será que a icônica Elis Regina foi visionária ao dizer que “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais?” Economicamente falando, essa é uma questão que ainda gera dúvidas. Sobretudo na intitulada Geração Z, que faz referência a pessoas nascidas entre 1995 e 2010, ou seja, jovens com até 28 anos de idade.
Aliás, não é difícil ver, nas redes sociais, brincadeiras entre os internautas sobre como estavam nossos pais quando tinham essa faixa etária, em comparação à juventude atual. Muitos deles, aos ‘vinte e poucos anos’, já tinham a casa própria, o carro ou a moto, e até constituíram suas famílias em meio aos altos e baixos econômicos que o Brasil sempre enfrentou.
O que mudou
Sendo assim, surge o questionamento do que pode ter mudado ao longo das décadas, ou qual ensinamento das gerações passadas deve refletir-se na atualidade, para que, ainda que não sejamos os mesmos, “vivamos como nossos pais”. Pelo menos quando o assunto é independência. Com base nisso, uma pesquisa publicada pela revista Forbes, no início deste ano, revelou que a Geração Z, no Brasil, está determinada a gastar dinheiro adquirindo bens materiais. Desse modo, outras experiências como viagens, cursos e demais realizações ficam em segundo plano. Para ser mais específica, a pesquisa, que estudou diversos países latinos, detalha que o objetivo maior dos jovens brasileiros, com essa decisão, é conquistar a independência total. Assim, conforme o estudo, essa geração almeja sair definitivamente da casa dos pais e, portanto, a prioridade é adquirir casa própria (83%) e veículo (63%).
Em contrapartida, vêm algumas adversidades. O estudo não informou a renda de cada um dos 2 mil jovens entrevistados, mas ressaltou que esse público trabalha pela aquisição de bens com seu próprio dinheiro. Porém de acordo com o levantamento, 85% desses jovens já têm responsabilidades, como arcar com as despesas da casa onde já vivem, além das contas pessoais. Além disso, o estudo conclui que, no Brasil, a Geração Z tem priorizado a melhor remuneração em vez do ‘emprego dos sonhos’. Dessa forma, segundo o levantamento, na busca por independência, além do trabalho fixo, 73% dos jovens se arriscam em serviços-extras para ganhar renda adicional. Trazendo essa realidade para jovens que recebem, em média, de um a três salários mínimos, temos ainda mais questionamentos.
Com a palavra, o especialista
Diante disso, nada melhor do que a visão de um experiente especialista em finanças sobre as dúvidas e dívidas que preocupam a sonhadora Geração Z. Para isso, o DRD entrevistou o professor Marcos Chaves. A princípio, o especialista associa este anseio por independência também a algumas mudanças culturais. Uma vez que, culturalmente, já não é preciso se casar para sair da casa dos pais.
“Entre essas ocorrências, a gente vê a própria globalização, as redes sociais mais acessíveis, o marketing em si, que está muito mais próximo das pessoas… E dentre esses fatores, a gente vê também uma mudança cultural. Há um tempo atrás era mais difícil um jovem sair de casa para morar só, sem ser para se casar, como na época de nossos pais. No entanto, hoje em dia, é culturalmente mais comum o jovem, atingindo a sua maioridade, ter esse anseio por conquistas de casa e veículo”, pontua.
Então já que é para gastar, o especialista sugere que, inicialmente, se tenha equilíbrio com o salário recebido e, aos poucos, armazene uma quantia para dar entrada no ato da compra. O professor ressalta que a aquisição de um bem exige capital inicial. Para renda média entre um e três salários mínimos, o especialista destaca a alta adesão aos financiamentos. Por outro lado, Marcos Chaves reforça que não recomenda o sacrifício de todo o salário em prol de uma aquisição. O que pode comprometer a qualidade de vida do jovem.
Equilíbrio financeiro
“O equilíbrio nas contas consiste em algo primordial. Atualmente, em virtude da economia do nosso país, as taxas de juros estão bem elevadas. Então é preciso ter o cuidado, em caso de estar adquirindo esses bens financiados, de fazer orçamentos, procurar juros mais baixos, pesquisar preços. Muitos desses bens exigem recursos para adquirir a partir de um ‘sinal’, uma entrada. Então na maioria das vezes, ele ou ela não vai adquirir imóveis ou veículos sem ter um capital inicial. E, aí, é preciso entender também que o valor das parcelas precisa entrar no orçamento desse jovem, para que não comprometa sua qualidade de vida”, orienta.
O especialista, por fim, sugere aos jovens que aproveitem essa fase de muita energia e sonhos para investir, se organizar e, sem dúvidas, realizar cada um deles com muita sabedoria. Afinal, o professor pontua que, um dos diferenciais desta geração é o acesso rápido à informação.
“Façam investimentos, reservem valores, guardem esse dinheiro mensalmente. Para que, em uma data futura, consiga adquirir o seu bem. Às vezes pagando o valor integral ou, em caso de financiamento, financiar a menor parte possível desse bem. Atualmente, os jovens também têm muito mais acesso à informação, aos estudos. E isso tudo é uma base para que ele possa conquistar sua independência financeira”.