As eleições municipais de 2020 começam a ganhar evidência entre partidos em Governador Valadares. Sempre que se encerra um processo de eleições presidenciais e estaduais, o foco dos bastidores da política se volta, quase que automaticamente, para os municípios. Dando sequência à série de reportagens com partidos que pleiteiam a disputa pelo Executivo no ano que vem, o DIÁRIO DO RIO DOCE ouviu nesta semana o presidente do diretório municipal do MDB, Renato Fraga. Sempre presente na disputa eleitoral, a sigla ainda permanece de “molho” nos bastidores da política. Para 2020, Fraga afirmou que o partido vai continuar sendo decisivo nas eleições municipais, ou apresentando candidaturas ou apoiando candidaturas.
Durante a entrevista, Renato Fraga falou sobre as opções para a disputa eleitoral nos poderes Executivo e Legislativo, os primeiros meses do governo Romeu Zema, entre outros assuntos. Para o emedebista, mesmo com o fim das coligações proporcionais, o partido quer manter a hegemonia na Câmara Municipal. “No nível municipal, o MDB segue firme. Desde o último pleito (2016), coligou-se com o PSDB e o PSB, e nessa coligação nós elegemos quatro vereadores: Enes Cândido, Dr. Marcílio, Pastor Elias e Jacob do Salão. Hoje, temos o Enes na Secretaria da Saúde, temos também o Carlos Teixeira na pasta da Cultura, Esporte, Lazer e Juventude. Claro que, quando chegar o período eleitoral, nós estaremos conversando novamente com os parlamentares, para ouvir suas intenções. O MDB está trabalhando para montar uma chapa forte no Legislativo no ano que vem. Mas não iremos tomar atitudes individuais, e sim coletivas”, disse.
Partido cascudo em Valadares, Renato lembra que o MDB nunca ficou de fora das disputas eleitorais. “O MDB tem história em Valadares. Houve uma época em que havia apenas dois partidos na cidade, MDB e Arena, e as duas siglas se alternavam na Prefeitura. Nós temos nomes que deixaram uma memória política valiosa para nossa cidade, casos de Dr. Raimundo Rezende, Ronaldo Perim, Sebastião Mendes Barros e Ruy Moreira. Políticos que trouxeram contribuições gloriosas para Valadares. Eu mesmo fui candidato duas vezes pelo partido. Essa história não pode ser ignorada. Acredito que o MDB vai continuar participando do cenário político sozinho, em coligação majoritária”, afirmou.
Forte aliado do PSDB nas últimas eleições, o MDB ainda não se posicionou sobre a disputa pelo Poder Executivo no ano que vem. Renato Fraga disse que ainda é cedo para articulações e prefere trabalhar para manter a base na Câmara. “Veja, nós temos a velha guarda do MDB que ainda está de pé na cidade e temos os novos, que estão chegando. Muitos já se manifestaram querendo se filiar ao partido, pensando em candidatura a vereador”, disse.
Embora nada esteja confirmado para o pleito municipal, nos bastidores da política o nome do atual secretário de Saúde, Enes Cândido, é bastante especulado para concorrer ao cargo de prefeito em 2020. Ele foi o vereador mais votado pelo MDB em Valadares nas eleições em 2016, com 3.340 votos, e é suplente de deputado estadual, com os 35.922 votos obtidos nas eleições de 2018.
“Sobre o Enes Cândido é questão de opinião. Acho que ele deveria vir novamente como vereador, pois vem fazendo um bom trabalho na Secretaria de Saúde, mesmo sem recursos. Foi muito bem votado para deputado estadual. Mas é uma decisão dele. Não podemos tomar uma atitude isolada sobre lançamento de candidatos. Isso vai depender da coligação futura, pois somos ainda aliados ao PSDB e não sabemos se o atual prefeito (André Merlo) será candidato à reeleição. Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. Iremos tomar uma decisão colegiada e nunca uma decisão individual sobre esse assunto”, comentou Renato Fraga.
O presidente do diretório também analisou a atual gestão municipal. “Veja, na verdade os municípios mineiros têm enfrentado uma crise financeira muito grande nos últimos três anos. Isso tem refletido negativamente em todas as administrações municipais. Para se ter uma ideia, só com a saúde a dívida do Governo de Minas chega a R$ 87 milhões em Valadares. Isso limita muito a ação administrativa do prefeito na cidade. Mas acredito que o prefeito tem demonstrado trabalho considerável, preocupado com a infraestrutura, dentro das limitações dele. Na política, a gente faz o que é possível e prioritário. O apoio das entidades empresariais tem ajudado muito também”, comentou.
Por fim, Fraga disse que o cenário eleitoral se mostra reconfigurado, com o crescimento de legendas até então pouco conhecidas, que podem deixar a disputa mais acirrada no ano que vem em Valadares. “Primeiro, eu acredito que não teremos segundo turno em Valadares. O cadastro biométrico não vai conseguir alcançar a meta de ultrapassar 200 mil eleitores. Acredito que haverá muitos candidatos para a disputa eleitoral, devido à quantidade de gente nova que vem aparecendo por aí. A disputa será mais acirrada do que a última”, completou.
por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br