Depois de adiar por duas semanas a “grande operação de deportação em massa de imigrantes ilegais”, o presidente Donald Trump deu entrevista no início da semana e informou que as batidas do Departamento de Imigração vão começar após o feriado de 4 de julho, em que é comemorada a Independência dos Estados Unidos. O anúncio de Trump causou reação imediata e vários grupos de ativistas defensores dos direitos dos imigrantes preparam-se para realizar protestos em massa por todo o país.
De acordo com o jornal Brazilian Voice, de Newark, New Jersey, Trump havia alertado anteriormente que uma operação do ICE, tendo como foco os imigrantes indocumentados que receberam ordem de deportação, estava para ser iniciada. Entretanto, ele a cancelou em 22 de junho e disse que, ao invés disso, daria ao Congresso duas semanas de prazo para criar novas leis que visassem diminuir o número de imigrantes que cruzam clandestinamente a fronteira dos EUA com o México. Entretanto, ele disse que não ocorreu progresso suficiente na reforma das leis de asilo para os imigrantes que chegam à fronteira, então, o ICE seguirá em frente com as batidas anteriormente planejadas. “Nós removeremos um número grande de pessoas”, disse Trump.
Inúmeros grupos de ativistas, incluindo o MoveOn, United We Dream, Families Belong Together e American Friends Service Committee, estão planejando manifestações por todo o país. “Nós temos visto as imagens e ouvido histórias vindas dos centros de detenção de crianças. Horrivelmente, essas condições não são por acaso. Elas são um subproduto de uma estratégia da administração Trump de aterrorizar as comunidades imigrantes e criminalizar a imigração”, disseram os grupos que planejam os protestos #CloseTheCamps, através de um comunicado.
Outros protestos estão sendo organizados em frente a centros de detenção espalhados pelo país e escritórios de membros do Congresso, incluindo em New York City e Filadélfia, informaram os organizadores. No domingo (30), agentes do Departamento de Polícia de Elizabeth prenderam 36 manifestantes judeus depois que eles bloquearam a entrada do centro de detenção do ICE na cidade. Eles estavam entre os 100 ativistas que participaram do “Never Again: Jews Against ICE Week of Action”.
Os organizadores relataram que o grupo bloqueou a entrada das instalações em Elizabeth durante 90 minutos. Eles compararam a detenção dos imigrantes à prisão dos judeus durante o holocausto.
“Os judeus estão fechando o ICE, pois quando dissemos nunca mais novamente, nós estamos falando sério”, disse o grupo através de um comunicado. “Como judeus, nós fomos ensinados a nunca deixar que algo como o holocausto ocorra novamente. Agora, com crianças detidas em condições inaceitáveis, batidas do ICE focalizando nossas comunidades e pessoas morrendo na fronteira quando buscam por segurança nos EUA, nós estamos vendo sinais de atrocidade em massa.”
Vaquinha virtual
Os apoiadores iniciaram uma campanha no GoFundMe.com com o objetivo de angariar dinheiro para pagar as fianças dos ativistas detidos e os custos com advogados. Até a tarde de segunda-feira (1º) haviam sido arrecadados mais de US$ 68 mil do gol de US$ 110 mil. O dinheiro não utilizado para liberar os 36 ativistas detidos será doado ao Movimiento Cosecha, uma ONG de ajuda aos imigrantes, explicaram os organizadores.
É incerto quantos imigrantes indocumentados o ICE está focalizando. O órgão não citou os comentários feitos por Trump ou se a operação de deter pessoas com ordem de deportação é iminente. O ICE possui a autoridade de prender pessoas com ordens de deportação e enviá-las a centros de detenção, onde elas podem ser enviadas de volta rapidamente aos seus países de origem, após a audiência na Corte de Imigração. Recentemente, New Jersey limitou a forma com que a polícia local pode colaborar com os agentes do ICE. (Fonte: Brazilian Voice)