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Talento, beleza e musicalidade: o fenômeno Nêga Ágna

FOTO: Fred Seixas

A artista expressa, por meio da arte, a valorização da cultura ancestral e da mulher negra na sociedade

Ela se descreve como uma ótima ouvinte, mas não imagina o quanto os ouvintes de uma boa música gostam de escutá-la. Até porque, difícil mesmo é não se render aos encantos da voz de Ágna Suellen Pereira de Oliveira, ou simplesmente Nêga Ágna, como é conhecida pelo público.

Natural de Governador Valadares, a cantora, hoje com 36 anos, teve seu primeiro contato com a música ainda muito pequena, aos 7 anos de idade. A pequena Ágna dedicava seu talento aos corais infantis das igrejas. “Foi lá que me descobri musicalmente. De lá para cá, a coisa ficou séria e não consegui mais parar de cantar. Foi um processo natural. Eu cantava, me sentia bem e completa e as pessoas gostavam de me ouvir”, relembra.

Desde então, cantar se tornou parte da vida de Ágna, que cresceu aprendendo a amar e a dedicar seus dias à arte. “A música passou a ser mais do que uma diversão. Nunca pensei na minha vida fora da música. É algo que passou a ser inconcebível para mim. Tanto que hoje é a minha profissão, além de ser minha paixão”, conta.

Espetáculos musicais

A artista, que também é atriz, já abrilhantou espetáculos musicais de teatro e, inclusive, apresentações com a Orquestra Filarmônica de Valadares, o que ela diz ser uma “realização”. Além disso, Nêga Ágna já levou seu talento para fora do país, quando se apresentou na Feira Internacional de Pedras Preciosas em Hong Kong, na China.

No entanto, muito além de uma profissão, a cantora define a arte como um dos elementos cruciais na formação dela enquanto pessoa. Seja no campo pessoal ou na sociedade, cantar é a forma que Nêga Ágna encontra para se posicionar, ser autêntica e ter voz mediante temas que ela considera importantes.

“Sempre acreditei que eu não havia nascido apenas para viver e trabalhar. Sempre enxerguei a vida como um ciclo interminável de evolução e isso fez com que muito cedo eu entendesse o meu lugar no mundo como ser. A arte me conduziu muito nesse processo porque a arte é um romper constante de muitas barreiras. Quando entendi a importância de me posicionar politicamente, eu comecei a plantar a minha própria semente e a construir a minha própria história”, explica Ágna.

‘Uma questão de sobrevivência’

Entre os desafios sociais que Nêga Ágna encara com o poder da música, está o de ser uma mulher preta e feminista. “Sou uma feminista negra. A questão de ser feminista negra numa sociedade machista e racista é uma questão de sobrevivência. Se tudo estivesse bem, não precisaríamos nunca dizer e lutar pelo óbvio. Não dá para eu simplesmente fingir que as coisas não acontecem. Isso impacta diretamente”, relata.

Com base na sede que a artista tem pela valorização da cultura negra, nasceu o projeto Raízes. Um show repleto de canções que marcaram gerações do mundo inteiro e exalam referências à ancestralidade do povo preto.

“Raíz é o que dá estrutura, a base que sustenta e nutre. A origem de algo, a fonte, a essência, o elo. É o sentimento entre alguém e seu lugar de nascimento, sua cultura. O show Raízes é algo que eu queria fazer há muito tempo, porque minhas raízes estão fixadas na minha ancestralidade, na cultura e arte do povo preto. Eu queria mostrar mais os estilos e ritmos musicais que compõem a música negra mundial para as pessoas conhecerem e entenderem como isso influencia não só a nossa arte [Brasil], como a arte no mundo inteiro”, disse.

Tributo à Elis Regina

Outro projeto de destaque de Nêga Ágna que conquistou o público é o conhecido tributo à Elis Regina. “Um show muito especial concebido para um momento específico, mas que ultrapassou e ganhou outros palcos. Além desse trabalho, desenvolvo trabalho de shows em bares e festas particulares com meus parceiros Arnaldo Jr. e Luca Trezza e também com a banda Supergroove. Começou com uma brincadeira de Carnaval e logo se transformou em uma banda com repertório dançante que anima qualquer festa”, afirma.

Para 2023, Nêga Ágna decidiu não traçar objetivos profissionais, mas voltar seu coração totalmente à família. Afinal, a mamãe das lindas Luísa e Liz acaba de dar à luz a sua terceira filha, a baby Maia.

“2023 será um ano mais tranquilo em relação à minha carreira. Como serei mãe novamente, estarei, em boa parte do ano, me dedicando à minha bebê. Então estou deixando as coisas acontecerem, sem elaborar muitos planos. Quero que seja um ano leve, tranquilo e vou equilibrando isso. Como foco, eu tinha imaginado voltar a atuar e, se acontecer, será lindo. Mas prefiro ir experimentando e fazendo as coisas de acordo com as possibilidades”, conclui.

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