O dia a dia dos residentes da Associação de Acolhimento a Dependentes Químicos e Familiares (ADQF) ganhou mais cores, aromas, sabores e também mais afazeres. Atualmente, o centro conta com 45 acolhidos e propõe diversas atividades de interação. As práticas visam o cultivo do aprendizado sobre funções do cotidiano externo entre os homens assistidos. E se o assunto é cultivo, por que não semear, além da esperança de uma vida melhor, alimentos que potencializam a saúde, o bem-estar e o meio ambiente?
Este é o propósito do projeto Hortas Urbanas – uma inciativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento (SEMA) – que visa incentivar o cultivo de hortas e o aproveitamento de locais propensos ao plantio. De acordo com a Prefeitura, além da ADQF, participam do projeto os grupos Missão Vida, Cristolândia, Dejord, Núcleo Assistencial São Francisco de Assis e outras cinco instituições.
Plantio, cuidado e renascimento
“Através da instituição, estou me renovando, renascendo. Aqui eu faço desde a semeação, regamento e colheita. Aqui, tiramos o alimento para a gente e para a outra instituição feminina também. Aprendi isso tudo aqui porque meu setor de trabalho é outro, é em obras. Aprendia a cozinhar, a fazer muitas coisas, salada, feijoada. Essa situação da cozinha e da horta aprendi tudo aqui”, contou um dos acolhidos.
Aliás segundo a supervisora da ADQF, Daniele Caeiro Carvalho, todos os acolhidos da instituição participam do cultivo da horta. Pois além do plantio, há outros setores no espaço e cada um dos residentes atua em cada uma das tarefas, conforme um padrão de rotatividade já estabelecido. A cada duas semanas, é feita a troca das funções.
“A horta é uma dessas atividades. Diariamente eles participam dessas atividades na horta. Não são todos [ao mesmo tempo], há uma rotatividade a cada 15 dias. Então todos passam por essa horta e, lá, eles têm a oportunidade de preparar o solo, o local onde vai ser plantado e, ali, também ver germinar. Então a gente trabalha esse momento de renascer através também da horta, que possibilita o cuidado com o solo e ele já vai preparando o cuidado com ele também, associando esse cuidado com ele. É uma forma deles aprenderem com a horta dentro do processo do acolhimento e da reinserção”, disse Daniele.
Ainda segundo a supervisora, a atividade integra o conjunto de práticas terapêuticas adotadas pela instituição com o objetivo de resgatar os sentidos prejudicados pelos efeitos do uso de drogas ou álcool, o que ela chama de “sintonia fina”. Portanto estão inclusas nessas práticas, atividades manuais como o artesanato, o plantio e o manuseio de instrumentos musicais.
“No ano passado eu vim para a casa por vontade própria, porque eu precisava de ajuda. Fiz o tratamento de nove meses e, no final do tratamento, pedi para ficar de voluntário na casa. Assim como deu certo para mim, posso estar aqui demonstrando para as pessoas que estão chegando agora que dá certo para eles também”, relatou o ex-acolhido e agora voluntário da instituição, Kelvin.
Monitoramento
“A Prefeitura de Governador Valadares, desde o ano passado, instituiu o programa Hortas Urbanas. Nós prestamos assistência técnica para as instituições socioassistenciais montando, do zero, a horta. Desde a doação de sementes, mudas, tratores para estarmos preparando os canteiros. E o acompanhamento semanal e há diário da produção. Então nós definimos o que vai ser produzido na estação do ano”, explicou o responsável técnico do projeto, José Augusto Tomaz.
Segundo Tomaz, a horta da ADQF, hoje, conta com três espécies de alface; além de tomate, agrião, cebolinha e salsa.
A instituição também conta com uma sede voltada ao público feminino, localizada no bairro Santo Antônio. Os interessados em saber mais a respeito do trabalho realizado pela ADQF ou buscar orientações para acolhimento podem entrar em contato com a instituição pelo telefone e whatsapp (33) 3278-7011.