O motorista Jean Neto é natural de Frei Inocêncio. Na manhã desta quinta-feira (14), Neto veio com seu caminhão de Mossoró (RN) e tem por destino final o município de Serra (ES). E tão variável como a rota do caminhoneiro, estão seus gastos. Aliás pela primeira vez, desde 2004, o diesel está sendo comercializado com um valor mais alto do que a temida gasolina. O último reajuste aplicado pela Petrobras, no último mês, aumentou em 14,26% o preço do combustível nas refinarias.
“Hoje o óleo [diesel] está mais barato, amanhã eles aumentam, depois abaixa de novo. Atrapalha bastante. Não só o motorista, o trabalhador, como o dono também do caminhão. Acho que todo mundo é afetado nisso daí. É uma coisa que prejudica muito, um impasse que a gente vive”, lamentou Neto.
Impasses
O motorista pontuou alguns dos impasses que o ramo do transporte rodoviário vem enfrentando nos últimos dias: “Por exemplo, vai aumentar o diesel amanhã, aí os donos das cargas não querem liberar as cargas para não terem aquela briga depois: ‘Ah, o diesel aumentou, então o frete vai ter que aumentar’. A gente acaba demorando mais na viagem também por causa disso. Chega no lugar para carregar e eles não querem liberar a carga e a gente fica esperando lá três, quatro dias, uma semana”, conta Jean Neto.
Além disso, a variação dos preços de um estado para outro torna o percurso dos caminhoneiros ainda mais instável. Por isso, Maurício Coimbra, que veio do Nordeste do país trazendo uma carga de laranjas, considera “seguir viagem” um desafio para o bolso. “Isso é uma brincadeira que estão fazendo; não é justo. Cada estado aí tem uma diferença de preço. O estado de Minas Gerais é mais caro do que os outros estados. Passei no Nordeste agora, está R$ 7,19. Aqui está quase R$ 8. Está difícil para a gente trabalhar”, reclamou o motorista que também passou por Valadares nesta manhã.
Redução dos preços
Nos últimos dois dias, houve redução de uma pequena porcentagem no valor do diesel no Brasil, que corresponde a aproximadamente R$ 0,05. Por fim, a economista Beatriz Almeida considera provável outra diminuição à medida que os postos vão renovando o estoque. Segundo a especialista, a previsão é que a alta no valor do diesel permaneça enquanto os comercializadores tentam repor o investimento aplicado após o último reajuste da Petrobras.
“A gente vê que os donos de postos de combustível precisam terminar os estoques antigos, pelos quais eles pagaram um preço maior, com ICMS [Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias] anterior, para esse reajuste continuar acontecendo”, explica Beatriz Almeida.
Nesta quinta-feira (14), os postos de Valadares estão comercializando o combustível em torno dos seguintes preços:
- Diesel S500: R$ 7,29
- Diesel S10: R$ 7,39
- Gasolina comum: R$ 6,29
- Etanol: R$ 4,69
- Gás natural veicular: R$ 5,60