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Rogério Caboclo é afastado da presidência da CBF

ALEX SABINO, CARLOS PETROCILO E JOÃO GABRIEL / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rogério Caboclo não atendeu aos pedidos para se afastar e resistiu até o fim. Mas neste domingo (6), ele foi retirado da presidência da CBF por 30 dias. A decisão foi tomada pelo conselho de ética da entidade.

Ele terá esse tempo para se defender da acusação de assédio moral e sexual feito por uma cerimonialista da entidade.
Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, assume a presidência por ser o vice mais velho (82 anos). Ele ocupou o cargo entre fevereiro de 2017 e abril de 2019, no período entre o banimento de Marco Polo Del Nero e a posse de Caboclo, eleito para ficar até 2023.

Em nota, a CBF confirma ter recebido a decisão.

“A CBF informa que recebeu na tarde deste domingo, 6, decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro suspendendo temporariamente (pelo prazo inicial de 30 dias) o Presidente Rogério Caboclo do exercício de suas funções. Seguindo o Estatuto da entidade, toma posse interinamente, por critério de idade, o vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima. A decisão é sigilosa e o processo tramitará perante a referida Comissão, com a finalidade de apurar a denúncia apresentada”, diz o texto.

A decisão ocorre após quase uma semana de tentativas e pedidos de diretores da confederação e presidentes de federações estaduais para que Caboclo se afastasse.

Como último argumento para convencê-lo lhe foi sugerido atender ao conselho do diretor de governança, André Megale, de se licenciar por tempo determinado para se defender das acusações de assédio sexual e moral.

Os argumentos apresentados a Caboclo, segundo soube a reportagem, era que a saída dele, mesmo que temporária, abafaria todos os problemas.

Faria sair do noticiário a denúncia de assédio, aplacaria o descontentamento dos jogadores da seleção e de Tite, garantiria a realização da Copa América sem sobressaltos e atenderia ao desejo manifestado por presidentes de outras confederações nacionais, da Conmebol e até de representantes da Fifa: tirá-lo da organização do torneio.

O cartola continuou a negar essa possibilidade por acreditar que, se saísse, a chance de não voltar seria grande. Ele confessou isso a um presidente de federação do Nordeste.

Um problema para Caboclo se tornou o isolamento. A não ser por alguns presidentes de federações estaduais do Nordeste, ele não contava mais com apoios políticos. Mais importante do que isso, seus diretores na CBF, quase todos os que o aconselharam a se afastar, já estavam cansados da instabilidade e das variações de humor do dirigente. Às vezes, se dirigia aos palavrões a eles.

O vácuo no poder da confederação será discutido nesta segunda-feira (7), para quando foi convocada uma reunião extraordinária dos oito vices da entidade. Dois deles disseram à reportagem que quase todos estarão presentes. Há dúvida a respeito da presença de Fernando Sarney, que está em quarentena por causa da Covid-19.

Alguns vices da CBF já foram sondados sobre a possibilidade de assumir o lugar do atual presidente na organização da Copa América. Por ter sido decidido às pressas que a sede seria o Brasil, não houve tempo para montar um comitê organizador. Tudo tem sido resolvido por Caboclo. Mas a polêmica de abrigar o torneio faz com que os demais cartolas mostrem resistência em herdar a atribuição.

Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, o receio de Caboclo era que, sem o poder da presidência da CBF, ele voltasse ao ostracismo. O hoje homem mais poderoso do futebol brasileiro nunca foi uma liderança nem mesmo no seu clube do coração, o São Paulo. Subiu na Federação Paulista de Futebol e depois na CBF sob as bênçãos de Marco Polo Del Nero, banido do futebol pela Fifa, mas ainda consultado por Caboclo quanto à tomada de decisões na entidade, como mostraram áudios obtidos pela ESPN.

Na luta pela sua sobrevivência política, Caboclo manteve contatos constantes com dirigentes estaduais. No governo federal, ele encontrou o interlocutor que procurava, que o incentivou a resistir no cargo e até sugeriu a demissão de Tite do comando da seleção brasileira. Era uma possibilidade que alarmava a cartolagem, pela certeza de que os jogadores se recusariam a disputar a Copa América, o que poderia causar um dano à imagem da competição e da CBF.

A pressão contra o presidente Caboclo vinha também de fora de campo.

Neste domingo (6), a reportagem questionou os patrocinadores da confederação acerca das denúncias. O banco Itaú disse estar preocupado com as acusações e que acompanharia “de perto a apuração do caso”.

A Gol se disse preocupada e que iria “acompanhar de perto as apurações e desdobramentos”, enquanto a Mastercard pediu investigações profundas e rápidas sobre as “sérias alegações”.

“Manifestamos nossa profunda preocupação com os relatos divulgados, pois reportam práticas que não toleramos. Seguimos atentos à apuração do caso e esperamos uma análise com a seriedade e rapidez que a situação requer, escreveu a Ambev.

A Vivo respondeu que “repudia qualquer ato de assédio ou discriminatório”. Na mesma linha, a 3 Corações disse que “repudia qualquer ato de assédio ou descriminatório e seus valores são inegociáveis”.

Ao colunista Rodrigo Mattos, do Uol, a Nike afirmou que seguirá “acompanhando de perto à apuração do caso e qualquer investigação futura”.

Ao TNT Sports, a Fiat disse que “não temos como nos manifestar no momento”, e a Semp TLC declarou que não tolera este tipo de conduta e que “aguarda a apuração criteriosa dos fatos a fim de ponderar acerca das correspondentes implicações”.

Cimed, Kin Analytics, 3 Corações, TechnoGym e Pague Menos não responderam até a publicação deste texto. A StasSports não foi encontrada para se manifestar.

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