JOELMIR TAVARES E MARCELO ROCHA / SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) sob a suspeita de crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Uma entrevista concedida em novembro pelo político do Ceará na qual ele fez críticas ao chefe do Executivo motivou a apuração, que tramita em Brasília.
O pedido de inquérito chegou à PF por intermédio do ministro da Justiça, André Mendonça, que recebeu do Palácio do Planalto o documento assinado pelo próprio Bolsonaro.
A legislação diz que a competência para pedir a apuração de crimes contra a honra do presidente é do titular da Justiça. O caso se enquadra no artigo 145 do Código Penal.
Ciro afirmou, via assessoria de imprensa, que considera grave uma tentativa de intimidação de um opositor e que se trata de um ato de desespero de Bolsonaro.
“Particularmente, não ligo para esse ato contra mim, mas considero grave a tentativa de Bolsonaro de intimidar opositores e adversários”, disse o ex-ministro, que é pré-candidato à Presidência em 2022.
“Entendo que é um ato de desespero de quem vê sua imagem se deteriorar todos os dias pela gestão criminosa do Brasil na pandemia. Bolsonaro está condenando nosso povo à morte. E vamos seguir lutando para salvar vidas e contra sua política genocida!”, completou.
Nos últimos meses, Ciro chegou a falar em conversas privadas que um eventual embate com Bolsonaro por meio de redes sociais poderia até exercer impacto positivo em sua campanha ao Planalto.
Na visão do pedetista, uma crítica do presidente daria mais abrangência a seu nome no contexto de disputa eleitoral, algo que já ocorreu, por exemplo, com presidenciáveis como João Doria (PSDB) e Luciano Huck (sem filiação).
Como mostrou a Folha, Ciro tem buscado diálogo com partidos de centro para consolidar sua candidatura. Ele pretende se viabilizar como terceira via na disputa e se descolar do PT na esquerda.
A entrada no páreo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem o pedetista troca críticas, jogou dúvidas sobre a viabilidade eleitoral de seu nome para 2022, mas o ex-ministro mantém a postura de presidenciável.