SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Assunção teve na sexta (5) uma noite de confrontos nas ruas entre policiais e manifestantes, que pedem a saída do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, por conta da má gestão da pandemia.
O país vive seu pior momento da crise sanitária, com falta de insumos em hospitais, recorde de novos casos de Covid-19 e vacinação lenta.
Durante o dia, houve protestos em Ciudad del Este e em Assunção. O ato na capital, perto do Congresso, começou por volta das 18h (a mesma de Brasília). A confusão teve início perto das 20h, quando policiais começaram a reprimir os manifestantes.
Forças de segurança dispararam balas de borracha e bombas de gás em manifestantes que se reuniam perto do Congresso. Os ativistas derrubaram barreiras de segurança, construíram barricadas e tacaram pedras nos agentes.
O confronto se espalhou pelas ruas do centro da cidade e deixou mais de 20 feridos, entre manifestantes e policiais. Em alguns locais, os agentes agitaram panos brancos para pedir que os ativistas se acalmassem.
Após a confusão, parte dos manifestantes foi até a sede da Polícia Nacional exigir falar com o comandante da força, para saber quem deu a ordem para que os agentes os atacassem.
Os atos nas ruas ganharam força mesmo após a saída do ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, nesta sexta. Ele deixou o cargo após o Senado aprovar uma resolução que pedia seu afastamento. Sua gestão foi criticada por conta da falta de insumos nos hospitais, a demora na chegada de vacinas e por casos de corrupção que não foram punidos.
Segundo o governo paraguaio, há quase 300 pacientes de Covid em UTIs. Até quinta (4), o país somava 164 mil casos da doença e 3.256 mortes desde o começo da crise sanitária.
Nos últimos dias, a média de casos ficou em 115 a cada 100 mil pessoas. O país vacinou menos de 0,1% da população, de cerca de 7 milhões de habitantes.
O presidente Abdo Benítez tomou posse em 2018. Um ano depois, ele escapou de um processo de impeachment, motivado pela revelação de um acordo secreto entre Brasil e Paraguai sobre a energia gerada em Itaipu, que foi considerado prejudicial aos paraguaios. O termo acabou sendo cancelado.
Abdo, 49, integra o Partido Colorado, legenda que governa o país de forma quase ininterrupta desde os anos 1940, inclusive durante a ditadura de Alfredo Stroessner, que governou de 1954 a 1989.
Os protestos atuais estão sendo chamados de Março Paraguaio 2021. Em 2017, neste mesmo mês, manifestantes incendiaram o Congresso, em meio a um protesto contra a aprovação da reeleição presidencial.