Secretaria de Estado de Saúde detecta linhagem do coronavírus em Valadares

Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) foi oficialmente comunicada sobre a confirmação laboratorial de novas variantes do SARS-CoV-2 em Minas Gerais. Com isso, a pasta intensificou ainda mais as investigações sobre a circulação das variantes no Estado. As informações são da Agência Minas.

De acordo com a SES-MG, a Fiocruz detectou três genomas da linhagem B.1.1.143, nos municípios de Caratinga, Muriaé e São Lourenço; e B.1.1.28, em Coronel Fabriciano, Ouro Branco e Varginha. E um genoma da linhagem B.1.1.33 em Governador Valadares. Porém, esse genoma B.1.1.33 detectado em Valadares não é novo e está presente na cidade desde fevereiro de 2020, no inicio da pandemia.

Investigação

A variante chamada de VOC 202012/01, linhagem B.1.1.7, que a princípio foi descoberta no Reino Unido, foi detectada em MG por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), o Instituto Hermes Pardini e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A variante do Reino Unido foi encontrada em amostras coletadas de pacientes em Belo Horizonte (10), Barbacena (1), Araxá (1) e Betim (1), de acordo com o relatório técnico enviado à SES-MG.  A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-Minas) e da Sala de Situação, Eva Medeiros, explica que o Estado está acionando os municípios de onde foram encontradas essas mutações para reforçar ainda mais a investigação de pacientes infectados e seus contatos próximos. “Com as investigações, será possível dizer se essas variantes estão ou não em circulação em Minas”, diz.

Esse mesmo grupo de pesquisa identificou a variante P.2 em 16 amostras de pacientes da capital mineira, referentes ao período de novembro/2020 a janeiro/2021.

Nova variante P.1

Nesta segunda-feira (1/3), a Funed enviou relatório técnico à SES-MG informando ter encontrado a variante P.1 em duas amostras analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG). Apurações da SES-MG dão conta de que as duas pessoas são de Manaus e estavam em viagem por Belo Horizonte. Também na semana passada, a secretaria estadual foi notificada pelo Ministério da Saúde sobre a detecção da variante P.1 em um paciente do Canadá que estava em viagem ao Brasil, com histórico de visita a Minas Gerais.

De acordo com Eva Medeiros, a pessoa esteve com a família em BH e Nova Lima, na RMBH. Três dias depois de voltar para a América do Norte, começou a apresentar os sintomas de infecção pelo coronavírus. “No Canadá, foi realizado o sequenciamento genético e a nova variante P.1 foi detectada. A análise foi apresentada para o Ministério da Saúde, que nos repassou”, explica a coordenadora do CIEVS-Minas e da Sala de Situação.

A equipe de Vigilância em Saúde investigou o caso e descobriu que os contatos próximos ao paciente não apresentaram sintomas da infecção. “É provável que ele não tenha se infectado em Minas, já que passou por outros estados, como São Paulo, antes de voltar para o Canadá”, avalia Eva.

Nova variante P.2

A Fiocruz também comunicou à SES a detecção da nova variante P.2, detectada em 15 amostras de 12 cidades mineiras: Ouro Branco (1), Além Paraíba (2), Caratinga (1), Coronel Fabriciano (1), Cruzília (1), Imbé de Minas (1), Ribeirão das Neves (1), Rio Manso (1), Santa Luzia (1), São José da Lapa (1), Taiobeiras (1) e Varginha (3). 

A linhagem P.2 contém a mutação E484K na Spike e já foi encontrada em todas as regiões do país. No entanto, essas linhagens identificadas não são consideradas Variantes de Atenção (VOC).

O relatório técnico da Funed, enviado nessa segunda-feira (1/03) à SES, aponta que foram encontradas quatro amostras com a variante P2 em pacientes de Uberaba (1); Ibitiúra de Minas (1); Esmeraldas (1); e um paciente de Manaus que estava de férias em Minas.

Investigação

Diante das notificações, Eva ressalta que a Vigilância em Saúde da SES-MG está atenta a detecção de novas variantes no estado e municípios estão sendo acionados para intensificar a investigação epidemiológica sobre a infecção desses pacientes, inclusive daquelas pessoas com as quais eles tiveram contatos próximos. “O objetivo é entender melhor o desfecho clínico e epidemiológico dos casos, assim como histórico de deslocamento para outros locais”, explica.

Atualmente, as três variantes de atenção (VOC) sob vigilância no Brasil são:  Variante VOC 202012/01, linhagem B.1.1.7 (Reino Unido); Variante 501Y.V2, linhagem B.1.351 (África do Sul); e, Variante P.1, linhagem B.1.1.28 (Brasil).

Segundo a coordenadora estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância da SES-MG, Jaqueline Oliveira, a vigilância laboratorial é fundamental para a identificação das novas variantes do coronavírus.  

“A partir da suspeita clínica e/ou da análise do perfil epidemiológico da covid-19 em determinada região do estado ou grupo populacional, a suspeição da circulação de uma nova variante é confirmada por sequenciamento genético. Para isso, as amostras dos casos suspeitos são selecionadas e direcionadas para análise laboratorial no Lacen-MG, da Funed. Adicionalmente, a ampliação dessa análise genética em outros laboratórios capacitados como a Fiocruz-RJ e a UFMG, por meio da rede Corona-Ômica, poderá fortalecer a vigilância laboratorial em Minas Gerais, contribuindo para a identificação dessas e de outras variantes que, por ventura, venham surgir”, afirma Jaqueline.

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