Minas e Reino Unido firmam parceria para impulsionar desenvolvimento verde e investimentos

Estado é o primeiro do Brasil a formalizar cooperação para descarbonizar a economia, abrindo espaço para a atração de empregos

Minas Gerais é o primeiro Estado do Brasil a assinar acordo com o Reino Unido em torno de uma agenda de desenvolvimento verde rumo à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), marcada para 2021 em Glasgow. O compromisso foi selado nessa sexta-feira (4), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, com a assinatura do Memorando de Entendimento entre o governo mineiro e o Reino Unido.

Na presença do governador Romeu Zema e da embaixadora interina do Reino Unido no Brasil, Liz Davidson, Minas Gerais formalizou a intenção de promover o desenvolvimento econômico sustentável e de se engajar com a campanha global “Race to Zero”, que objetiva a neutralização de emissões e a descarbonização devido às mudanças climáticas mundiais.

“Para mim é uma honra saber que Minas está na vanguarda assinando esse compromisso e que pode dar exemplo para outros estados. Sabemos que a redução de emissões não tem sido algo prioritário no Brasil, mas quero lembrar que aqui trataremos essa pauta com o maior respeito e empenho. Muita coisa no setor público não depende só de recursos. Precisamos ser criativos e buscar soluções que nunca foram buscadas”, afirmou o governador, citando como exemplo a ampliação dos investimentos em geração de energia fotovoltaica.

Geração de receitas

Na avaliação da embaixadora Liz Davidson, Minas tem muito a ganhar com esse debate, inclusive com a geração de mais receitas e empregos.

“Governos estaduais têm papel chave nisso e estão sendo convidados a participar da ‘corrida ao zero’ assumindo também esse compromisso. O Reino Unido quer reduzir em 68% a emissão até 2030. O Brasil tem enormes vantagens comparativas para se posicionar como uma economia verde. As medidas de baixo carbono resultariam em um aumento acumulado de R$ 2,8 trilhões em 2030, e 2 milhões de empregos a mais em 2030, principalmente no setor de indústria e serviços”, destacou.

“Mudar a direção da nossa sociedade para o caminho mais sustentável é uma decisão inteligente e estratégica do ponto de vista da economia. Acredito que Minas tem oportunidade de ser protagonista não somente nacionalmente, mas internacionalmente”, completou a embaixadora.

Relações

O relacionamento entre Minas e o Reino Unido se intensificou após a decisão do governo britânico em criar o Consulado do Reino Unido em Belo Horizonte, em 2015. Desde então, Minas Gerais foi selecionada como local de preparação da delegação britânica para os Jogos Olímpicos de 2016 e ocorreram cooperações nas temáticas da educação, parcerias público-privadas, água e saneamento, entre outras.

O memorando formaliza a intenção de cooperação em mais áreas para promoção do desenvolvimento sustentável, uma vez que envolve também as secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), de Meio Ambiente (Semad) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), além da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Com o desdobramento do acordo, serão estabelecidas ações voltadas ao enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas, bem como à transição energética e, a partir disso, elevar Minas Gerais a um Estado referência na temática no Brasil e apresentá-lo como tal na COP26.

Já está em andamento, por exemplo, o planejamento de workshops referentes à temática “Transição Energética”.

Setor rural

Outras ações de cooperação serão voltadas ao setor rural, coordenadas pela Seapa, com finalidade de reduzir as emissões de carbono por meio da agricultura sustentável. As práticas de conservação já utilizadas pelos produtores mineiros poderão ser potencializadas com o acesso ao “Prosperity Fund Energy Program”, mantido pelo Reino Unido, que também patrocina um programa de agricultura de baixo carbono em 25 municípios no bioma Cerrado.

“O Reino Unido tem raízes fortes na história de Minas Gerais, e nos últimos anos estas colaborações só têm crescido. Com a formalização deste acordo, esperamos expandir o que já existe e abrir portas – aqui e no Reino Unido – para novas oportunidades dentro da agenda de desenvolvimento econômico sustentável”, pontua Lucas Brown, cônsul britânico em Belo Horizonte.

Atração de investimentos

Também é objetivo do memorando promover oportunidades e fomentos de investimentos voltados à economia verde e visando a energia limpa, tecnologias de baixo carbono, agricultura sustentável e restauração ecológica. Assim, cria-se um espaço para atuação conjunta entre a Sede, a Agência de Promoção de Investimentos e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi) e o governo britânico para atração de novos investimentos para o estado. 

Vale destacar a existência de importantes investimentos já anunciados como a fábrica de células de baterias de lítio-enxofre da Oxis Energy, em Juiz de Fora, além da atuação de empresas como BP Bunge Bioenergia, Faro Energy, Atlas, Green Fuels, Anglo American e Aggreko.

Relações comerciais

O Reino Unido está tradicionalmente entre os dez maiores destinos de exportação do estado. Em 2019, ocupou a 6ª posição e, atualmente, em 2020, é o 7º mercado de exportações de Minas, tornado o país responsável por aproximadamente 4% das vendas internacionais do estado nos últimos dois anos.

Minas Gerais corresponde a um terço de toda a importação do Reino Unido do Brasil. Esse fluxo comercial alcançou US$ 1,05 bilhão; nesse cenário, as exportações mineiras somaram US$ 962 milhões, o que representou 32,5% das vendas nacionais a esse país; e as importações US$ 89 milhões, ou seja 3,8% do total comprado pelo Brasil é oriundo do Reino Unido. Esse contexto fez com que o saldo comercial de Minas Gerais nessa relação fosse superior ao saldo nacional, com um valor superavitário para o estado na ordem de US$ 873 milhões.

Encontro de negócios

Após a assinatura do memorando, representantes do governo estadual e do Reino Unido realizaram um encontro de negócios com intenção de promover uma aproximação entre o Estado e os investidores. Participaram empresários já com negócios em curso em Minas e outros com a intenção de expandir suas operações.

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