Tradicionalmente, por conta da quaresma, o movimento nas peixarias em Governador Valadares aumenta. Porém, até o momento, a procura por pescados continua fraca, mesmo depois da Quarta-feira de Cinzas (6). Apesar do pessimismo, donos de peixarias no Mercado Municipal aguardam um movimento mais intenso na Semana Santa, em função da tradição de fiéis católicos de não comer carne vermelha nas quartas e sextas-feiras.
Na peixaria de Pedro Martins Alves, no Mercado Municipal, não foi registrado aumento no fluxo de clientes desde o fim do carnaval. O comerciante conta que não espera aumento de vendas em relação ao mesmo período do ano passado, mas tem esperanças de que no período da Semana Santa cresça a procura por pescados. “Acredito que as vendas ficarão como na quaresma de 2018, mas, ainda assim, é um aumento em relação ao dia a dia. Nesse período, o fluxo de clientes na peixaria cresce cerca de 60%. Meu consumidor fiel mesmo é aquele que não espera a quaresma para comprar peixes. Quem gosta de peixe já vem aqui muito antes de o período começar. Tem meses que chego a vender mais do que na quaresma”, disse.
O reformador de estofados Jorge Passos é um dos clientes assíduos nas peixarias do Mercado Municipal e não abre mão de comer um cascudo ou tilápia durante a semana. “A quaresma é de apenas 40 dias. Eu não deixo de comer peixe durante o ano. Além de fazer bem para a saúde, é muito gostoso um peixe frito ou assado”, comenta.
Em outro estabelecimento, a perspectiva de vendas do comerciante Jacó Alves é de crescimento entre 10 a 20%, e o peixe mais pedido não costuma ser o mais em conta. “Mais barato a gente tem a piratinga, que está saindo a R$ 14,99. Mas a maior procura é pelo dourada, que está custando R$ 22. É mais saboroso. O bacalhau costuma sair só na Semana Santa. Não chegamos a reforçar o estoque porque a oferta está baixa, pois teve cheia em Manaus e não houve tantos peixes. Esperamos que a oferta e a procura cresçam nos próximos dias da quaresma”, disse.
Com 40 anos no ramo de pescados dentro do Mercado Municipal, Jacó afirma que a venda de peixes em Governador Valadares nunca foi a mesma desde que o rio Doce foi contaminado por rejeitos da mineradora da Samarco, em novembro de 2015. Ainda há desconfiança dos consumidores em relação ao produto. “Desde a quaresma de 2016 já não é a mesma coisa. Os consumidores estão desconfiados ainda. Mesmo com a tradição, preferem comprar em outra cidade e perguntam se o peixe é do rio Doce. Isso, de certa forma, ofende nosso trabalho, que é fiscalizado, e ninguém arriscaria fazer isso”, lamenta-se.
Se no Mercado Municipal a procura por pescados continua baixa, nos supermercados é bem diferente. Preço e variedade de pescados têm sido fatores determinantes na escolha do consumidor. O mais procurado é o filé de tilápia, que está saindo a R$ 9,90, e a piramutaba, a R$ 11,90. “A gente sabe que na peixaria tá difícil encontrar peixe fresco; a maioria é congelado de outro lugar. Então, no supermercado é mais barato”, disse dona Alaíde.
Saiba como verificar a qualidade do pescado
Diante da dificuldade de encontrar peixes frescos, algumas dicas podem ajudar o consumidor na hora de escolher um bom pescado durante a quaresma.
Repare na pele – O peixe bom tem a pele brilhante, ao contrário do ruim, que já tem sua superfície opaca e sem vida.
Foco nas escamas – Elas devem estar bem firmes no corpo do peixe. Se você puxar uma delas e soltar com facilidade, é um indício de que não está bom para consumo.
Olhos brilhando – Assim como a pele, os olhos devem estar brilhando, com cores vivas. Caso estejam cinzas ou esbranquiçados, é mau sinal.
Brânquias vermelhas – Também conhecidas como guelras, essa parte localizada no fim da cabeça deve estar o mais avermelhada possível. Descarte os que estiverem com as guelras rosadas ou acinzentadas.
por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br
Fonte: ciclovivo.com.br