Valadares na Onda Verde: infectologista alerta que ainda não é hora de relaxar nos cuidados de prevenção à Covid-19

Governador Valadares foi um dos municípios que migraram da onda amarela para onda verde do programa Minas Consciente, na última quarta-feira (30). Com esta mudança, vários serviços não essenciais que estavam restritos poderão ser retomados na cidade. Contudo manter a prudência neste período será fundamental, já que a pandemia ainda não acabou.

De acordo com a médica infectologista e professora do curso de Medicina da UFJF-GV Patrícia Ferraz Martins, a população valadarense deve continuar tomando os cuidados necessários e não pode relaxar neste momento. “Vários fatores são levados em conta para definir que uma dada região entrou na ‘onda verde’. Uma delas foi a tendência de queda e estabilização no número de casos novos e óbitos, nas últimas semanas, no município de Governador Valadares. O que já é uma boa notícia. Porém a pandemia da Covid-19 não acabou e acreditamos que ela só será adequadamente controlada quando tivermos vacinas eficazes e boa cobertura vacinal. Até lá, a principal forma de minimizarmos a disseminação do vírus é ainda o distanciamento social, o uso de máscaras, a higienização das mãos e o isolamento de pessoas suspeitas ou confirmadas com a doença. Evitar aglomerações é fundamental. Não é porque um bar está aberto ou vai haver uma festa que precisamos abandonar os cuidados. Estamos vendo em vários países da Europa um novo aumento do número de casos após flexibilização das medidas de isolamento. O que vai definir a evolução da pandemia nos próximos meses são as políticas públicas, a postura e atitude de cada cidadão. Se não soubermos nos adequar ao que estão chamando de ‘novo normal’, é possível, sim, que o número de casos volte a aumentar e que até mesmo voltemos para a onda amarela ou para a onda vermelha”.

Sobre a onda de calor em Governador Valadares, que poderia ser uma arma contra o coronavírus, a médica faz uma ressalva. “Estudos feitos em laboratório demonstraram que a luz solar simulada demonstrou inativar o SARS-CoV-2 ao longo de 15 a 20 minutos, com níveis mais elevados de luz ultravioleta-B (UVB) associados a uma inativação mais rápida do vírus. Porém isso não significa que o vírus se dissemine menos no verão nem mesmo em temperaturas elevadas, como ocorre em nossa região. Inclusive vimos que a transmissão se manteve no verão do hemisfério norte”.

Vontade de sair e receios

A funcionária pública Ana Carolina Figueiredo, 33 anos, ainda está dividida sobre a retomada de serviços não essenciais, mesmo gostando da noite valadarense. Ela tinha o costume de se encontrar com os amigos em locais de música ao vivo. “Essa flexibilização que o Minas Consciente nos possibilitou em relação às medidas de isolamento social, as ‘ondas’, mais do que concordar ou não, foram necessárias. Por gostar muito da noite valadarense, fico dividida com a notícia da onda verde, pois trabalho na saúde de frente com a Covid-19, e vejo as consequências de estarmos um pouco mais ‘liberais’. Espero que essa mudança não traga uma onda de descrédito em relação à doença, que ainda passeia bem à vontade por nós. O novo ‘normal’ está aí, e nada melhor pra driblar esse calor primaveril do que sentar em um barzinho com os amigos e jogar conversa fora, feliz em ver um artista local voltando à sua cena, mas consciente de todos os cuidados”.

Ana Carolina Figueiredo está dividida sobre poder sair com amigos neste momento (foto: arquivo pessoal Ana Carolina Figueiredo)

Já o publicitário Tico Ribeiro, 37 anos, tem um pouco de receio sobre este período de pandemia, mesmo que a cidade tenha entrado na onda verde. Por ter um filho de oito anos e uma filha de quatro anos, ele revela que é prudente na hora de sair com eles. “Por mais que tenha passado para onda verde, eu ainda não estou cem por cento seguro para deixar meus filhos soltos para fazer alguma coisa, vamos dizer assim. Se porventura voltar as aulas amanhã, não vão à escola, pois enquanto não tiver uma vacina, uma situação que nos deixaria cem por cento seguro, não tem como deixar sair assim. Uma rotina com duas crianças dentro de casa sem poder sair é muito difícil, sem contar que as aulas on-line para essa idade são bem complicadas, pois eles não conseguem focar direito. Nessa nova rotina, saio com eles na rua, passeio na praça do bairro Lagoa Santa, mas sempre em um horário que tem pouco fluxo de gente e tomando todos os cuidados”.

Com dois filhos menores, Tico Ribeiro ainda sente receio sobre os riscos de contaminação (foto: arquivo pessoal Tico Ribeiro)

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