Desde a implantação, em setembro de 2018, o novo sistema de estacionamento rotativo, mais conhecido como Zona Azul, vem gerando dúvidas, desconfianças e desagradando usuários. A Zona Azul deixou de ser cobrada no município no dia 23 de outubro de 2015, depois que se encerrou o contrato com a empresa Estaciotec, que gerenciava 2.222 vagas do estacionamento rotativo na cidade. O valor do bilhete na época era R$ 1,50. Com o fim do contrato, as vagas se tornaram de acesso livre para os motoristas. Agora, nesses quatro meses de implantação, alguns usuários reclamam do valor, da falta de vagas, do horário e das dificuldades para conseguir comprar o cartão.
A nova Zona Azul voltou a funcionar em Governador Valadares no dia 3 de setembro de 2018. A lei que autoriza seu funcionamento foi aprovada na Câmara Municipal em junho de 2018 e regulamentada em julho do mesmo ano, pelo Decreto nº 10.564/2017.
O sistema foi implantado e é gerenciado pela empresa Alias Tecnologia, ganhadora da licitação, e funciona sob a fiscalização do Departamento de Transporte, Trânsito e Sistema Viário do Município.
Novo sistema
Por meio do novo sistema, cada veículo pode ficar estacionado em uma vaga por até duas horas e o valor da hora é R$ 2,20, de acordo com o decreto. Os usuários podem baixar o aplicativo, por meio do qual é possível ter controle do uso da Zona Azul, permitindo, inclusive, a cobrança fracionada do tempo em uma vaga.
As cobranças das vagas começaram no dia 10 de setembro do ano passado. Na primeira semana foram realizadas ações educativas para orientar a população em relação ao uso do sistema. O serviço está sendo feito de forma gradativa, em quatro fases, sendo que na primeira foram disponibilizadas 500 vagas, já demarcadas e sinalizadas. No dia 15 de outubro a Zona Azul implantou a segunda fase, com mais de 500 vagas. Posteriormente, novas vagas serão liberadas, até que sejam atingidas quatro mil vagas. O estacionamento de motocicletas só poderá ser feito em áreas permitidas.
Tempo de quatro horas de permanência foi cancelado
Começaria no dia 2 de janeiro deste ano a utilização do tempo de permanência de quatro horas dos veículos na Nova Zona Azul. Em outubro de 2018 a permanência nas vagas foi alterada, mas a Prefeitura, em nova decisão, definiu o tempo máximo de duas horas, para garantir a rotatividade. O novo tempo chegou a ser estabelecido por decreto publicado em 26 de outubro. Porém, em novo estudo de viabilidade técnica do Departamento de Trânsito, entendeu-se que, quando um mesmo veículo permanece estacionado por quatro horas na mesma vaga, não há a esperada rotatividade. Dessa maneira, em novo decreto, de 27 de dezembro, a Prefeitura definiu que as vagas só poderão ser ocupadas pelo período máximo de duas horas, não sendo permitida a prorrogação nem a troca de vagas na mesma face de um quarteirão.
Empresa esclarece a prestação do serviço
O DIÁRIO DO RIO DOCE entrou em contato, na semana passada com a Alias/Mobile Parking para tirar dúvidas sobre o funcionamento da Nova Zona Azul, depois de quatro meses de implantação. “O projeto está em perfeitas condições de funcionamento, estável, sem oscilações na transmissão dos dados e evoluindo”, informou a Alias/Mobile Parking.
Na oportunidade, a empresa disse também que a adesão do aplicativo está agradando os usuários. “A adesão ao aplicativo foi positiva. Os usuários têm utilizado a plataforma, pois é muito prática. Os cartões de estacionamento continuam sendo usados pelos usuários, que gradativamente estão migrando para o aplicativo”, afirma a empresa.
Na entrevista com a empresa, o DIÁRIO DO RIO DOCE apresentou algumas reclamações feitas pelos usuários, como falta de vagas, valor alto e dificuldade para comprar o cartão no comércio da cidade. É o caso do representante comercial Leandro César Costa, que precisa usar o serviço várias vezes durante o dia e tem tido dificuldades para encontrar o cartão.
“A dita Novo Zona Azul está deixando a desejar; nem sempre encontro cartão disponível. Sem contar que qualquer valor que a gente tiver que pagar para estacionar nossos veículos é um absurdo, afinal, já pagamos vários tributos, desde que compramos um veículo. É horrível tanto o trabalho da empresa quanto o valor cobrado. Já o estudante Ronaldo Ferreira diz que quase não encontra vaga e isso gera atraso nas suas atividades diárias. “Uso bastante o serviço, só que as vagas são poucas e temos que ficar rodando até encontrar. Acho o tempo de duas horas muito grande. Uma hora seria ideal, para termos rotatividade”, comenta o estudante.
A comerciante Gizelly Castro prefere pagar estacionamento. “Pagar R$ 2,20 é um valor alto. Prefiro deixar meu carro no estacionamento. Além de estar mais seguro, não tem que ficar procurando vagas de um lado para o outro”.
Em resposta às reclamações, a empresa Alias/Mobile Parking informa que a ideia é implantar novas vagas. “Nesta fase, o projeto atingirá 2.000 vagas, até o fim do primeiro semestre. Hoje já estamos com aproximadamente 1.200 vagas. A próxima fase começa no segundo semestre. O período máximo que o veículo pode ficar estacionado são duas horas, como determinado por lei. Na Zona Azul de Governador Valadares os veículos ficam estacionados, em média, por 1 hora, de acordo com o monitoramento”.
“Quanto aos cartões, temos aproximadamente 60 pontos de venda espalhados na área de atuação. O projeto possui poucos meses de vigência e a população ainda está se acostumando com a localização dos pontos de venda. Mas, diante da reclamação, como empresa responsável pela execução da Zona Azul na cidade e gestão dos meios de pagamento, verificaremos se existe necessidade de readequações na distribuição desses locais. Vale lembrar que os pontos de venda do cartão estão listados no aplicativo”.
A empresa esclarece ainda que a Alias/Mobile Parking é responsável pela execução da Zona Azul na cidade, a gestão dos meios de pagamento e a parte tecnológica. Já a criação do projeto e a fiscalização é de responsabilidade da Prefeitura.
Forma de pagamento
O novo sistema de estacionamento rotativo tem três formas de pagamento: por meio da compra de créditos com o cartão de crédito ou débito direto no aplicativo da Zona Azul; por cartão pré-pago vendido em pontos credenciados, nos quais poderão ser inseridos créditos no valor de R$ 20 ou R$ 50; pelo tradicional talão com campos para demarcar o dia e hora em que o veículo foi estacionado.
A falta de postos de vendas de talões é uma das principais reclamações dos usuários do serviço, que é gerenciado pela empresa Alias Tecnologia