5º Seminário Integrado do Rio Doce vai discutir consequências do desastre da barragem da Vale/Samarco/BHP

O seminário acontece de 20 de outubro a 6 de novembro

No ano em que completa cinco anos do maior desastre ambiental de Minas Gerais, a Universidade Vale do Rio Doce (Univale) acerta os últimos detalhes para a realização do 5º Seminário Integrado do Rio Doce, que neste ano traz o tema: “Esquecimento e incertezas dos desastres da mineração: resistir é preciso”. A abertura do evento acontecerá às 19h30 do dia 20 de outubro.

O evento vai reunir além de pessoas que foram atingidas pela tragédia, instituições de ensino, grupos de pesquisa e órgãos representativos para debater questões relativas às consequências do rompimento da Barragem da Vale/Samarco/BHP, em Bento Rodrigues, no dia 5 de novembro de 2015.

A programação será completamente on-line e gratuita, com transmissão ao vivo pelo canal da Univale no Youtube. Não é necessário fazer inscrição.

A abertura do evento acontecerá às 19h30 do dia 20 de outubro.

Rastros de um desastre

Na barragem de Mariana, na região Central de Minas Gerais, pertencente à Samarco, cujas proprietárias são a Vale e a BHP Billiton, além de destruir casas, o “mar de lama” devastou o Rio Doce, passando por Governador Valadares até o Espírito Santo, e por fim atingindo o mar.

Passados cinco anos desde o rompimento da barragem, pouco foi feito para a recuperação da bacia do rio Doce bem como o pagamento das indenizações das famílias, que perderam as próprias casas para a lama de rejeitos da mineradora.

Além de destruir casas, o “mar de lama” devastou o Rio Doce causando a morte de milhares de peixes. (Foto: Divulgação)

De acordo com o organizador do seminário, Professor e pesquisador do Curso de Direito da Univale, Pesquisador no Observatório Interdisciplinar do Território (OBIT/GIT), Diego Jean Gregório, os impactos do rompimento da barragem se perpetuam até hoje, porque houve esquecimento das autoridades. “As comunidades, os atingidos, a sociedade e o ambiente em geral permanecem como vítimas de violações que se perpetuam de diversas formas. Nesse cenário, as respostas sobre a qualidade da água do rio, sobre o andamento das ações de reparação dos impactos, sobre a efetividade dos programas de reparação e dos procedimentos jurídicos, muitas vezes, são superficiais. Além disso, depois de todo esse tempo, percebe-se um esquecimento sobre o desastre, sobre a gravidade dos danos, sobre o sofrimento que a população sofreu e continua a sofrer por causa do desastre”, comentou.

Professor e pesquisador do Curso de Direito da Univale, Pesquisador no Observatório Interdisciplinar do Território (OBIT/GIT), Diego Jean Gregório. Foto: Arquivo pessoal.

Diego também ressaltou a importância da participação de acadêmicos e docentes nos debates. “Esse cenário de esquecimento e incertezas é a tônica do 5° Seminário Integrado do Rio Doce. A Univale, juntamente com as instituições parceiras, academias, entidades, comunidades, grupos de atingidos, tem atuado pra fazer uma interlocução entre os anseios e incertezas da comunidade com o poder público e as instâncias de tomada de decisão”, concluiu.

“Nesse seminário buscaremos respostas para questões que estão há 5 anos sem respostas. Um esclarecimento de como as coisas estão, e como as ações de reparação estão sendo executadas” .

Prof. Diego Jean Gregório

O evento on-line é uma alternativa que possibilita a interlocução de todos, apesar das contingências. “De forma on-line, a Univale vai ao encontro das pessoas. Essa medida de manter o compromisso de buscar respostas e providências com todos os desafios da pandemia, acaba por potencializar a participação e ressoar as discussões pra todos interessados”, enfatizou o professor.

Como será a programação

No primeiro dia, 20 de outubro, às 19h45, o procurador da República Edmundo Antônio Dias Netto Júnior, o promotor de Justiça André Sperling Prado e a defensora pública Carolina Morishita Ferreira se reunirão em uma mesa-redonda para falar sobre o meio ambiente e os direitos dos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale/Samarco/BHP.

No dia 23 de outubro, o evento continua a partir das 19h30, com depoimentos de atingidos pelo desastre. Já no dia 3 de novembro, também às 19h30, o promotor de Justiça Ms. Leonardo Castro Maia e os professores Dr. José Rubens Morato Leite, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Dr. Ângelo Denadai, da Universidade Federal de Juiz de Fora, vão debater a qualidade da água do Rio Doce, com base no relatório da Lactec (Laboratório de Análises).

No dia 4 de novembro, a partir das 18h30, os pesquisadores inscritos no evento que possuem estudos socioambientais em andamento terão a oportunidade de apresentar seus trabalhos, com a moderação da profa. Dra. Eunice Nodari.

No mesmo dia, às 20h30, acontecerá o debate “Incerteza dos Desastres Minerários: da lama à pandemia”, com participação do prof. Dr. Haruf Salmen Espíndola, da Univale, profa. Dra. Marcia Grisotti, da Universidade Federal de Santa Catarina, e dos professores Dr. Ricardo Rozzi e Dra. Irene Klaver.

O penúltimo dia do evento, 5 de novembro, será a única data com uma atividade presencial. O Fórum Permanente em Defesa da Bacia do Rio Doce e a Comissão de Atingidos do Território de Valadares promoverão uma celebração ecumênica, que será realizada na Praça da Bíblia, em frente à Agência Central dos Correios de Governador Valadares, às 10 horas.

Ainda na noite do dia 5, a partir de 20h30, o prof. Dr. Sérvio Pontes Ribeiro, da Universidade Federal de Ouro Preto, a profa. Dra. Renata Bernardes Faria Campos, da Univale, e a Ms. Bianca de Jesus Souza, do Centro Agroecológico Tamanduá, debaterão o tema “Saúde e Ambiente”.

O encerramento do evento acontecerá no dia 6 de novembro, quando os pesquisadores participantes farão uma videoconferência na qual será elaborada a III Carta de Governador Valadares.

Realização

O 5º SIRD é realizado pelo grupo Observatório interdisciplinar do Território, do Mestrado em Gestão Integrada do Território, Fórum Permanente em Defesa da Bacia do Rio Doce, Universidade Federal de Juiz de Fora (Campus GV), Instituto Federal de Minas Gerais (Campus GV), Rede Interinstitucional de Pesquisa Socioambiental de Governador Valadares, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, Rede Terra Água (UFV/UFOP/Univale) e Comissão de atingidos do Território de Governador Valadares.

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