Nesta terça-feira (13) é celebrado o Dia do rio Doce, data que busca mobilizar a população em torno da recuperação e conservação de um dos principais mananciais brasileiros.
O rio tem extensão de 850 quilômetros, está numa Bacia Hidrográfica que abrange 228 municípios nos estados de Minas Gerais e Espirito Santo e abriga, em seu entorno, atividades econômicas diversificadas com destaque para a agropecuária, mineração, indústria – na região se encontra instalado o maior complexo siderúrgico da América Latina – e geração de energia elétrica. Além disso, o rio Doce garante a renda de pescadores e pessoas criadas em suas margens.
CBH-Doce
Em entrevista, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), Flamínio Guerra, destacou os feitos deste ano de 2022. “Em 2022, nós do CBH-Doce estamos comemorando a data com muito trabalho. Nas regiões dos rios Piranga, Piracicaba, Santo Antônio e Caratinga, iniciamos a execução do Rio Vivo – dentro dessa iniciativa já estão sendo cercadas nascentes, fossas sépticas serão construídas e caixas secas também. Quando fazemos essas ações nos afluentes, significa que teremos mais água no rio Doce, além de um manancial menos assoreado”, disse.
Segundo a CBH-Doce, outro problema recorrente é a perda de água nos sistemas de distribuição das companhias de abastecimento. De acordo com o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), a média de perdas de água tratada na rede de distribuição para a nossa região é de 28,66%. Ou seja, cerca de 1/3 da água retirada dos mananciais [e que passa pelo processo de tratamento] é perdida.
“Essa é uma grande preocupação, a notícia boa é que no último dia 8, assinamos o contrato para desembolsar cerca de R$ 5,25 milhões para os municípios de Guanhães, João Monlevade, Manhuaçu, Raul Soares e Itaguaçu. O valor repassado será investido em inteligência artificial para reduzir essa perda”, conta Flamínio.
O rio Doce
De acordo com a CBH-Doce, apesar de ser denominado “Doce”, a população indígena o reverencia como “Watu”, o mesmo que “Rio Grande”. Poucos sabem, entretanto, que o primeiro nome do manancial foi Santa Luzia, devido a uma expedição realizada a mando do rei de Portugal, D. Manuel, que partiu da Europa em 1501 com três caravelas para desbravar as novas terras.
Nas anotações dos navegantes, as descobertas de inúmeros acidentes geográficos eram batizadas com o nome do santo do dia. Quanto ao nome “Doce”, historiadores atribuem a origem do batismo ao fato de ter sido encontrada água doce a seis milhas da costa.
Sobre a CBH-Doce
O Comitê Da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) é um órgão colegiado, com atribuições normativas, deliberativas e consultivas, no âmbito da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.
Atualmente, o Comitê é formado por 60 membros titulares e 60 suplentes, na proporcionalidade de 33% do segmento do Poder Público, 40% de Usuários e 27% da Sociedade Civil. Responsável por importantes decisões sobre a gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, o Comitê conta com o apoio de grupos de trabalho e de quatro câmaras técnicas permanentes: Institucional e Legal (CTIL); de Capacitação e Informação (CTCI); de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC); e de Integração (CTI).
A atuação do CBH-Doce tornou-se de grande importância em função do papel estratégico do Comitê na articulação dos diversos atores sociais para a cooperação voltada à preservação e recuperação do rio Doce, sem prejuízos ao desenvolvimento econômico. Entre os avanços já alcançados, estão a aprovação, em julho de 2010, do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, o PIRH-Doce, e a deliberação da cobrança pelo uso da água, a fim de que os recursos sejam destinados a projetos de recuperação da bacia.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce constitui-se em ambiente favorável à resolução de conflitos quanto à diversidade de interesses em relação aos usos da água, desigualdade de distribuição e utilização inadequada. Tem poder de Estado e atribuição legal de deliberar sobre a gestão da água, fazendo isso de forma compartilhada com o poder público, usuários e sociedade civil. Portanto cabe ao Comitê a definição das regras a serem seguidas com relação ao uso das águas, sendo responsabilidade dos órgãos gestores de recursos hídricos colocá-las em prática por meio do seu poder de regulação.
Com informações da CBH-Doce.