Desde o início do ano passado, a concessionária de transporte público em Governador Valadares trabalha para resgatar sua imagem diante do público. Alvo de investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal e centro de muitas críticas devido ao passado, a Empresa Valadarense de Transporte Coletivo deu lugar à Mobi Transporte Urbano, uma marca que veio acompanhada de uma nova gestão e um novo conceito. Para isso, a empresa tem investido em tecnologia e projetos sociais em Valadares.
No início do ano passado, a nova gestão disponibilizou diversos serviços para o passageiro. Quem apresentou o balanço anual da empresa e mostrou de perto os testes para novos serviços foi o diretor, Felipe Carvalho, que em 2017 assumiu o comando da concessionária. Um os destaques é o aplicativo GVBUS, que traz informações do itinerário e horário dos ônibus e um canal para reclamações ou sugestões. Por meio dele também é possível fazer compra e recarga de créditos pagando no cartão de crédito, boleto e depósito bancário. Outra novidade é a troca, em andamento, do validador (equipamentos de leitura do cartão) que fica dentro dos ônibus, por um tablet com tecnologia avançada.
“A gente tem trabalhado intensamente para melhorar o serviço para o usuário, com diversas ações. O GVBUS, por exemplo, é a nossa ‘galinha dos ovos de ouro’, pois tem tido uma aceitação bem positiva. O formato da substituição é inédito no Brasil e não causará nenhum desconforto ao usuário, bastando que ele passe o cartão no validador antigo. Além disso, renovamos mais de 50% da frota. Nós ampliamos os postos de venda de 2 para 9, e investimos na mudança da bilhetagem eletrônica com novos validadores, o que possibilitou trazer a tecnologia do GPS dentro dos ônibus. Dentro de um mês, se tudo der certo, estaremos disponibilizando o horário em tempo real das linhas através do GVBUS. Portanto, nosso trabalho tem sido de criar uma nova imagem para o transporte público em Valadares. O foco é ouvir o usuário 24 horas, seja reclamações ou sugestões”, explica Carvalho.
O gestor destacou também as opções de escolha de tarifa ao usuário. Comprar o cartão de bilhetagem eletrônico, a R$ 3,75, ou pagar o transporte em dinheiro, a R$ 4,30. “O incentivo ao cartão é devido à tarifa mais barata. Antes da nossa gestão do transporte público, o percentual de usuários do cartão era 38%. Hoje, passou de 60%. É a tecnologia a favor do usuário. Se você percorrer o Brasil vai ver a mesma coisa”, afirma.
Entre as melhorias já à disposição do passageiro, Carvalho destaca a frota de 10 ônibus circulando com ar-condicionado. O gestor informou ainda que a empresa planeja aumentar a frota. “Isso é uma conquista para Governador Valadares. Dentro das medidas do poder concedente (Prefeitura), foi possível trazer o ônibus com ar-condicionado sem precisar aumentar a tarifa. Aumento dos ônibus com ar depende de como as coisas vão andar daqui pra frente, se o poder concedente conseguir equalizar as contas do transporte coletivo de uma forma que dê para investir em mais ônibus com ar-condicionado sem inflacionar a tarifa. Ou seja, nós temos perspectiva de aumentar a frota. Mas depende do poder concedente”, disse.
Projetos sociais
De acordo com Felipe Carvalho, a Mobi tem apostado no relacionamento com a população, seja oferecendo um serviço de transporte público com mais tecnologia ou com projetos sociais. O primeiro projeto foi a campanha de arrecadação de livros, que somou cerca de 15 mil títulos, entregues nos ônibus. Os livros foram doados para a Secretaria Municipal de Educação, que fez a distribuição para as escolas municipais da cidade. Depois veio o lançamento da linha para o pico da Ibituruna, que já transportou mais de 40 mil pessoas. Também lançou o Projeto Bom Passeio.
“Nós implantamos muitos projetos. O principal é o Bom Passeio, que no ano passado transportou mais de mil crianças das escolas municipais das regiões mais carentes da cidade para conheceram os pontos turísticos de Valadares, como o Parque Municipal e o Museu da Cidade. É um projeto que tem dado um retorno bastante positivo nas escolas. Ao final de cada passeio, os alunos escrevem uma redação e no final do ano são premiados com viagens para o maior museu a céu aberto do mundo, o Instituto Inhotim, em Brumadinho”, explica o gestor.
CPI na Câmara
Felipe Carvalho também abriu o jogo sobre o envolvimento da concessionária na ‘Operação Mar de Lama’, que investigou crimes contra a administração pública em abril de 2016 e os trabalhos de investigação da CPI na Câmara Municipal. Ele afirma que as críticas do passado não vão comprometer a imagem da empresa.
“Nossa gestão não tem nada a ver com essas acusações. Nossa postura de serviço é outra. O que foi acusado naquela operação eu prefiro não comentar porque não estava aqui. Tudo está sendo resolvido judicialmente. Sobre a CPI, a gente encara isso com naturalidade. É um inquérito democraticamente legal e direito da Câmara. Nós somos concessionários públicos, temos que prestar contas. Isso não vai interferir na nossa imagem. Nós contribuímos com tudo até agora. Já entregamos mais de 25 mil documentos à comissão, respondendo sempre na mesma hora”, conclui Carvalho.
por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br