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UM MANÉ QUE NASCEU EM PAU GRANDE

por Luiz Alves Lopes (*)

Em um mundo marcado pela desigualdade, pela discórdia, pela busca de poder e enriquecimento a qualquer título, a história registra fatos, exemplos e acontecimentos marcados pela gratidão, reconhecimento e valorização de algum mortal que tenha, de alguma forma, marcado sua passagem na vida terrena fazendo o bem, proporcionando alegria, conforto e buscando dar dignidade a tantos outros.

Na pequenina cidade fluminense (Rio de Janeiro) de Pau Grande, veio ao mundo um ser humano que recebeu na pia batismal o nome de Manoel Francisco dos Santos e que, ao se tornar atleta de futebol profissional, ficou conhecido mundialmente como GARRINCHA. Não menos verdade ter sido verdadeiramente “a alegria do povo.”

De Garrincha muito já se disse e escreveu, pouco ou quase nada restando a ser acrescentado. Pode-se, quando muito, relembrar narrativas de quem o conheceu, que com ele conviveu ou que teve a oportunidade profissional de testemunhar seus feitos ou mesmo registrar agradecimentos e reconhecimentos.

FIORI GIGLIOTTI, um dos mais consagrados jornalistas/narradores de todas as épocas do futebol brasileiro – que já teve Waldir Amaral, Jorge Kuri, Fernando Sasso, José Carlos Araújo, Oduvaldo Cozzi e tantos outros -, em texto brilhante e comovente, assim se expressou em seu “Cantinho da Saudade”:

“Torcida brasileira: hoje ninguém mais fala dele. E parece que foi ontem que ele morreu. Hoje ninguém mais se lembra de suas pernas tortas. Ninguém mais comenta sua ingenuidade. Ninguém mais se preocupa em dimensionar suas bebedeiras. Ninguém mais se lembra de seu desastrado casamento com dona Nair e o montão de filhos que sobrou.”

“Ninguém mais explora as consequências de seu longo romance com a cantora Elza Soares. Ah! É verdade, hoje ninguém mais se lembra da ‘alegria do povo’. Apesar do povo brasileiro viver tão triste e tão preocupado. A verdade é que o moço das pernas tortas um dia morreu, e pronto, foi esquecido. Ele que foi a grande arma do Brasil para rasgar os caminhos que nos levaram à conquista de nosso primeiro mundial na loira Suécia”.

“Ele que quase sozinho ganhou para o Brasil o bicampeonato mundial no Chile em 1962. Ele que não se lembrava dos nomes das cidades e dos  países por onde passava ou dos nomes dos adversários que enfrentava. Ele que gostava de caçar passarinhos, talvez sem saber que o mal que causava aos passarinhos o fazia para ele mesmo. Quem gostava de viver solto, batendo asas sem rumo e não podia caçar passarinhos com maldade no coração era um verdadeiro inconsequente.”

“Ele morreu dizendo que sofreu muito por acreditar nos outros, mas a verdade é que ele jamais acreditou em si mesmo. Antes de acreditar nos outros ele deveria se impor; impor o seu valor pessoal e seu talento de craque. Antes de ser explorado ou traído, ele deveria ter criado o paredão de seus direitos para evitar que sua vida fosse tão castigada.” 

“Que pena! Poucos fizeram tanto para nosso povo como ele. E na história de grandes ídolos, que pouco ligam para a própria vida, não se conhece ninguém que tenha sofrido tantas agressões morais e tenha sofrido em vida castigos piores que ele. Por certo, a morte o libertou de tudo isso. E como os passarinhos dos quais tanto gostava, sua alma voou para o outro lado do mistério em busca da paz que seu espírito sempre reclamou.”

“Torcida brasileira: Ele merece ser lembrado. Estamos falando de Garrincha. Do Mané Garrincha. Que gostava de caçar passarinhos. Do Mané Garrincha das pernas tortas. Do Mané Garrincha alegria do povo. Do Mané Garrincha que em termos de seleção brasileira fez mais do que o próprio Pelé.”

“Do Mané Garrincha desligado de tudo, talvez de sua própria vida. Do Mané Garrincha ingênuo, mas que fazia de todos os seus marcadores um JOÃO qualquer, perdidos nas gingas de suas pernas tortas. É, no passado ele fez tudo isso e muito mais. Hoje, hoje ninguém mais se lembra dele. Mas ele merece ser lembrado. Mané Garrincha, o moço das pernas tortas, vai ficar por todo o tempo e sempre incrustado na ternura e na sinceridade no nosso Cantinho da Saudade.”

É, minha gente, amantes do futebol brasileiro de todos os tempos: felizes somos por ter presenciado atuações de um monstro da bola que encantou o mundo. Seu nome: Manoel Francisco dos Santos, um tal de Mané Garrincha, que brilhou lá na Suécia e nasceu em Pau Grande.

UMA SENHORA ARBITRAGEM:

Palmeiras e Flamengo fizeram uma final digna de uma grande competição internacional, partida realizada no vizinho Uruguai e que teve em sua direção o árbitro argentino Nestor Pitana, cuja atuação ímpar valorizou o espetáculo. No momento em que a arbitragem no mundo todo é esculachada e terrivelmente criticada, o “argentino” demonstrou domínio, conhecimento, humildade e simpatia, passando despercebido durante o espetáculo. Bela lição… Poderia passar uma temporada por aqui.

O FESTIVO EXEMPLO DA OAB-GV. Em sábado repleto de atrações e suspenses, a Sub-seção da Ordem dos Advogados do Brasil em Valadares,  onde também militam boleiros e ex-boleiros, deu um belo exemplo  de civilidade, organização e maturidade, realizando concorrida eleição para o triênio que se avizinha. Clima alegre, festivo, transparente e de muito respeito entre os concorrentes, tudo precedido de ampla publicidade. De dar inveja…

*Ex-atleta

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