[the_ad id="288653"]

Um dia para ser refletido

Luiz Alves Lopes (*)

Sábado, dia 12 de março de 2022. O Estádio Mammoud Abbas é palco da partida entre Democrata PANTERA e o Clube Atlético Mineiro, valendo pelo campeonato mineiro da temporada. Respeitadas as normas sanitárias, todos os ingressos colocados à venda foram vendidos. Provavelmente público na casa de 8.000 torcedores.

São passadas algumas décadas, quando não vigia o Estatuto do Torcedor, nas quais vivenciamos e participamos de situações semelhantes, trajando o manto da Pantera e tendo pela frente o CABULOSO de Raul, Nelinho, Tostão, Piaza, Dirceu, Natal e cia., ou mesmo o Galo Cariijó de João Leite, Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro e um tal de Reinaldo.

Nas situações passadas, inexistindo as metálicas de ‘ALMIR VARGAS’, o público oscilava entre 18.000 a 22.000 pessoas presentes, claro que em desconforto incomum. Porém, este mesmo público, na sua grande maioria, era de gente apaixonada pelo futebol, que se aglomerava e voltava para casa feliz por ter assistido ao jogo de seu time de coração da CAPITAL, enfrentando o seu/nosso Democrata. O preço do ingresso era compatível; a era vivida era de uma realidade futebolística diferente.

Esta última  presença do GALO na cidade trouxe benefícios e resultados positivos para todo o mundo: vendedores de camisas e comestíveis, ocupação de hotéis, envolvimento de profissionais autônomos, bares, restaurantes e similares, movimentação no comércio, acrescido da divulgação da cidade que já foi Princesa um dia.

O resultado da partida de sábado – vitória apertada do Galo por 1×0, ao apagar das luzes – pouco importa neste espaço. Certamente que o lance de gol, caso ocorresse no lado contrário, a arbitragem teria assinalado falta. É assim a máxima do futebol atual pelo qual um dia fomos apaixonados.

E o DEMO? Assistimos à distância, no conforto do sofá, água gelada e… Claro, lógico e evidente que a TV nos mostra a movimentação da ‘maricota’, enquanto que no estádio a visão de campo é ampla, total. Pareceu-nos uma equipe organizada, combativa, consciente e sabedora de suas limitações, dificuldades e adversidades. O empate lhe faria justiça.

Final do espetáculo, vida que segue. O torcedor vai para casa. A diretoria faz suas contas, com os olhos vidrados no borderô de uma federação draconiana. Haja despesas e penduricalhos! É a perversidade impregnada no seio de nosso futebol. Pobre futebol interiorano, que insiste em sobreviver. É uma luta desigual.

Provavelmente será ou terá sido o único jogo em que a PANTERA tenha resultado financeiro positivo a aliviar parte dos gastos que não foram e não são poucos, quando dos trabalhos de montagem do plantel e outras despesas visando ao certame curtíssimo e prestes a se encerrar. O que virá pela frente?

Duas constatações tristes: a primeira é que, ao contrário de um passado não tão distante, o torcedor valadarense, aquele que ama seu representante maior, não vislumbra um nome da terra ou por ela fabricado para GRITAR (Robertinho; Borges; Pagani; Alex; Marquinhos; Sílvio; Mateus; Jairo; Ziquita; Juvenal; Alemão; etc., etc.,). Aqui, craques não se fazem mais em casa.

A segunda é que, também no passado, o repórter de campo enchia o peito e, todo pomposo, anunciava: o Democrata Pantera, dentro de minutos, adentrará no Mamudão com seu tradicional uniforme de listas verticais em preto e branco, calções brancos e meias pretas. Ou: na tarde de hoje, o Democrata utilizará seu uniforme de número dois, indo todo de branco: camisas, meias e calções totalmente brancos. Tudo mudou…

As colocações que se fazem são saudosistas, porém, a realidade dos dias atuais são outras, totalmente diferentes, impondo aos dirigentes sacrifícios poucos conhecidos. Existem justificativas para tudo… uma pena.

É possível refletir e imaginar a angustia e o sofrimento de quem insiste em movimentar o futebol profissional no interior dos Estados brasileiros. Verdadeira loucura. A conta não fecha, acabando por virar uma bola de neve. Vale a pena?

O que nos reserva o futuro? Enfrentar, admitir e aderir à SAF? Há, sinceramente, outra saída? É justo uma única pessoa tocar o barco? O futebol perdeu o encanto. Consequentemente, também perdeu muitos daqueles que por ele se encantavam.

Agora, minha gente, só se fala em negócios, em participações, em lucros e dividendos. Até o perfil do torcedor mudou. Ir ao campo/estádio é coisa de luxo. Se a TV aberta deixar de transmitir espetáculos futebolísticos, a grande massa vai voltar ao radinho de pilha.

E o duro é que não teremos mais Jorge Curi…” o relógio marca…”, Waldir Amaral… “deixa comigo…”, Fernando Sasso…”tá no filó…” e tantos outros notáveis da radiofonia brasileira que já se foram. Teremos que nos acostumar aos novos… Vida que segue. 


(*) Ex-atleta

N.B. – Sob o manto da legalidade, injustiças são praticadas com frequência. Às vezes nos faltam experiência, visão de vida e humildade. Deixar gabinetes confortáveis, descer de patamar e visitar o andar de baixo pode nos fazer bem e nos permitir praticar a verdadeira justiça.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Igreja viva

🔊 Clique e ouça a notícia Caros irmãos e irmãs, desejo que a ternura de Deus venha de encontro às suas fragilidades e os apascente de muito amor, saúde e

Se o esporte é vida e educação…

🔊 Clique e ouça a notícia Luiz Alves Lopes (*) Doutos, cultos e muitos que se dizem entendidos das coisas mundanas, enchem e estufam o peito para dizer que “o