“A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”, disse o romancista André Maurois. Mas, apesar de ser benéfica para o desenvolvimento da criança, e de ter influencia direta em seu desenvolvimento como aluno ou profissional, despertar o interesse dos alunos pela leitura é uma missão trabalhosa e desafiadora nas escolas.
Segundo a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro, o Brasil perdeu nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores. De acordo com dados do estudo, de 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior e entre os mais ricos.
Em contra partida a esses dados, em Valadares, um projeto de incentivo a leitura idealizado por alunos do 9º ano de uma escola surpreendeu a equipe pedagógica com seus mais de 300 livros arrecadados. Segundo Ester Rodrigues, uma das alunas que criou o projeto, essa foi uma forma de rechear a biblioteca da escola com livros mais novos, que sejam mais atrativos para os alunos.
“Eu e algumas amigas sempre achamos os livros da biblioteca muito antigos e, por isso, não chamavam atenção. Assim surgiu a idéia de dar uma repaginada na biblioteca; trouxemos livros nossos, fizemos uma lista de livros que gostávamos e fomos de sala em sala para pedir doações. Ao todo nós arrecadamos 294 livros e os resultados têm sido ótimo”, contou.
Ainda segundo Ester, o projeto é uma forma de incentivar a leitura. “A idéia deu tão certo que logo depois nós abrimos o Clube do Livro, onde nos encontramos uma vez por semana na biblioteca para falar sobre nossas últimas leituras e deixar dicas de livros. Acredito que acabamos trazendo mais força para esse mundo literário, que muitas vezes só temos acesso na escola”.
“Essa é uma iniciativa importante. Sabemos que a leitura abre portas para o conhecimento em diversas áreas. Fiquei muito satisfeita com a idealização desse projeto na nossa escola e esse é um ganho que teremos em outros anos também. Esperamos que o projeto se estenda por muitos anos, alcançando várias turmas e sempre trazendo mais livros”, contou a professora de língua português, Lorena Franciely.
Qual a melhor forma de incentivar a leitura?
Maria Eduarda Luna, que se diz apaixonada por livros, contou que sempre se viu incentivada em casa, uma vez que seus pais e avós eram fãs da leitura. Contudo, ela sempre mostrou interesse por esse mundo literário.
“Eu gosto muito de livros. Comecei a ler e já me interessei pelos livros. Mas antes de aprender a ler mesmo eu já me interessava em folhear gibis, ver os desenhos e imagens. Eu recebi influencia de casa já que meu pai, meu avo, minha mãe, todo tem o hábito da leitura, e tento passar isso para minha irmã. Eu amo obras como ‘O Diário de Anne Frank’, ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ e ‘Cinco minutos’.
Já Thiago César Lana, de 11 anos, contou gostar dos gibis e que, quando para pra ler, se perde na história e nas imagens. “Eu não sou muito de ler livros maiores, mas comecei a ler mesmo graça ao incentivo de alguns amigos, que me indicaram o “Diário de um banana”, um coleção de livros bem legais. Gosto mesmo é dos gibis, como turma da Monica ou as historias tradicionais de super-heróis”, disse ele.
Em entrevista, a Lorena deixou algumas dicas para que essa introdução seja se já feita e reforçou que, para ter uma leitura plena e dinâmica, é preciso praticar. De acordo com ela, ninguém começa lendo um livro de 400 paginas, como tudo, o ideal é ir aos poucos.
“A questão da leitura e mais uma questão de prática. Muitas pessoas que não tem o habito de ler, acabam tendo dificuldades para entender e até mesmo de lembrar o que leram, isso por falta de costume. A dica, tanto para quem quer ser um leitor ativo ou incentivar alguém a começar com hábitos de leitura, é ler textos mais simples, curtos, e mantendo um ritmo. Assim, aos poucos, ir aumentando o nível da leitura, buscando textos mais elaborados. Assim essa prática se desenvolve na vida da criança e passa a ser parte disso”.
Segundo a professora, a chave é criatividade e inovação. Confira: