O HPV é um vírus silencioso, que pode não apresentar sinais nem sintomas por mais de vinte anos
De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estudos apontam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento da vida. Porcentagem que pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada com o vírus.
HPV é a abreviação em inglês do termo Papilomavírus Humano, um tipo de infecção sexualmente transmissível que afeta homens e mulheres, e que, em muitos casos, pode ser totalmente assintomática. No entanto a pessoa infectada também pode apresentar sintomas como verrugas genitais. De acordo com a ginecologista Flaviane Pinheiro Nassif, existem mais de duzentos tipos de HPV, sendo que treze deles são os mais oncogênicos, ou seja, podem causar câncer; e quarenta deles infectam a mucosa genital.

A ginecologista explicou como o vírus age nos organismos feminino e masculino. “Nas mulheres, como o trato genital é interno, tem uma chance maior da infecção se alastrar mais, e causar câncer do colo do útero. Nos homens, pode ter verruga genital, e também câncer de pênis. Mas quando há a transmissão do vírus pode não ter sintoma nenhum. Mas, na maioria das vezes, o vírus fica encubado de dois a oito meses, podendo ficar até mais de vinte anos em estado latente, sem provocar nenhum sintoma. Quando acontece a ativação do vírus, provocando ou a verruga genital ou as lesões subclínicas, que não são visíveis a olho nu, visíveis apenas no aparelho que a gente usa, ou na coleta do preventivo, a chance de evoluir para o câncer é maior”, destacou.
Transmissão do HPV
A transmissão do HPV pode ser por meio de relações sexuais e também da mãe para o filho durante a gravidez. A ginecologista comentou sobre as formas de prevenção. “A prevenção primária é a vacinação, porque protege contra os quatro principais tipos de HPV. Outra maneira de se prevenir, é por meio do uso de preservativo. Apesar que pode ter áreas onde o preservativo não cobre e, assim, pode haver a transmissão do vírus”, disse.
Tratamento
A ginecologista explicou que quando a pessoa já apresenta a infecção clínica, ou seja, a verruga genital, em estado inicial, o tratamento é feito por meio de cauterização. Quando há a alteração no preventivo, é feito o exame de colposcopia, que gera um aumento de até vinte e duas vezes na imagem da lesão, possibilitando assim, que o especialista veja exatamente onde ela está localizada, para que, a partir daí, ela possa ser tratada com a realização de uma cirurgia de alta frequência.
No entanto o HPV é um vírus que pode reincidir, a depender do sistema imunológico de cada pessoa. Fatores como uso de imunodepressores, alimentação inadequada, uso de cigarro, um número significativo de parceiros sexuais estão diretamente relacionados à possibilidade de reinfecção pelo vírus. Estudos apontam que a vacinação diminui a reincidência de HPV.

Esquema vacinal
A chefe do setor de imunização, Márcia Cordeiro, explicou como funciona o esquema vacinal. “A vacina está disponível em todas as unidades de saúde onde têm sala de vacinação, e cada sala tem um horário diferenciado. A vacina é liberada para meninas a partir de nove a quatorze anos de idade; e meninos, de onze a quatorze anos. É muito importante que eles procurem as unidades de saúde, pois a cobertura vacinal na cidade está baixíssima. No ano passado, nós vacinamos pouco mais de 2.000 crianças e adolescentes com a primeira dose. Isso é muito preocupante. Tem também um esquema de vacinação diferenciado para pessoas com doenças imunossupressoras, como HIV, um esquema de três doses. Na rotina, o esquema é de duas doses”, comentou.