Segundo a Fundação Renova, entidade criada para reparação e assistência aos atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, “nas próximas semanas” serão divulgados resultados de análise dos resíduos da enchente em Governador Valadares.
Após o rio Doce voltar ao seu nível normal, a lama tomou conta de bairros ribeirinhos afetados pela enchente. Durante o processo de limpeza, a lama e a poeira passaram a fazer parte da paisagem mesmo bairros distantes do rio. O prefeito André Merlo (PSDB) anunciou que o município processará a Samarco, por entender que a lama possui resíduos de mineração. O engenheiro agrônomo e professor de recursos hídricos da Universidade Federal do Jequinhonha e Mucuri (UFVJM), Alexandre Sylvio Costa, considera a hipótese de que o despejo dos rejeitos tenha deixado o rio mais suscetível a enchentes.
Impactos
Para a Renova, no entanto, não há evidências de que o rompimento da barragem de Fundão tenha causado impactos que acarretam elevação dos níveis de água dos rios. “Estudos demonstram que não houve uma alteração na morfologia do rio. Porque esse sedimento, como ele estava dissolvido na água, ele não teve força e não alterou o leito do rio, nem suas laterais de forma significativa. Então não tem como ter evidências de que a enchente hoje observada em Governador Valadares tenha algum efeito decorrente do rompimento em si”, afirmou a gerente socioambiental da Renova, Rachel Starling.
Ela espera que a análise dos resíduos comprove ausência de risco toxicológico à saúde humana. “De acordo com o relatório de consolidação dos estudos de avaliação de risco à saúde humana, divulgado em dezembro do ano passado, não há metais decorrentes do rompimento da barragem de Fundão que representem um risco toxicológico à saúde humana. É por isso que não há limitação às atividades agropecuárias, nem no consumo de água, desde que tratada”, declarou Rachel.