Polícia Militar potencializa segurança dentro e fora das escolas em Valadares

O massacre ocorrido na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), no dia 13 de março, gerou medo e pânico não apenas para quem presenciou o ataque. O ato, que deixou ao todo dez mortos, causou comoção nacional e levantou discussões a respeito da violência em escolas públicas no Brasil. Grades, policiamento e até armamento de funcionários na portaria são apontados por alguns como soluções para reforçar a segurança em unidades educacionais. Nesta reportagem, o DIÁRIO DO RIO DOCE ouviu opiniões de professores, diretores e segurança pública, sobre os caminhos para diminuir a violência dentro e fora da sala de aula.

A proteção no ambiente escolar está entre as prioridades da segurança pública no Governo de Minas, inclusive com estratégias consolidadas há muito tempo. Exemplo disso é a integração de dois programas, executados pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG): a Patrulha Escolar e o Proerd. De acordo com o tenente Gilson Sérgio, do 6º Batalhão de Polícia Militar de Governador Valadares (6º BPM), a Patrulha Escolar abarca policiamento especial e suporte em ocorrências no entorno das escolas. O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), por sua vez, leva a estratégia preventiva para dentro da rede de ensino.

“Todo e qualquer policiamento feito no município é também voltado para a segurança nas escolas. O policial do Proerd dá até aulas. Ano passado, 12 mil alunos foram formados no programa. Além de garantir mais segurança e proteção para escolas de Minas Gerais, o programa também estreita os laços entre PMMG, pais, alunos, diretores e demais colaboradores das escolas. A partir do Proerd, por exemplo, é estabelecida uma linha de comunicação direta entre estudantes e Polícia Militar, com intervenções permanentes para a formação cidadã de crianças e adolescentes”, explicou o tenente.

De acordo com informações da PM, o Proerd foi implementado em 1998 e, desde a sua criação, já teve mais de 3,6 milhões de pessoas capacitadas, entre crianças, adolescentes e adultos. Questionado sobre o policiamento em casos de crime ou violência dentro do ambiente escolar, o tenente Gilson salientou que poucos há casos de violência registrados em Governador Valadares. “A parceria da Escola com a Polícia Militar evita esses tipos de acontecimentos. Sabemos que alguns bairros da periferia são áreas que têm maiores conflitos. A gente entra em contato com os diretores dessas escolas para oferecer nosso trabalho. Tudo com consentimento da administração da escola”, diz.

É preciso trabalhar a cultura de paz nas escolas,
diz diretor do Sind-UTE em Valadares

O caso de Suzano mostra a complexidade da discussão sobre a violência nas escolas. De acordo com o diretor do Sind-UTE em Valadares, Rafael Toledo, para trabalhar contra a violência na sociedade em geral, a escola precisa trabalhar a cultura da paz e da justiça social, não táticas de segurança.“Em nossa visão, o melhor caminho para o país é a resolução pacífica de conflitos de escola democrática, dominada pela educação com clareza de regras, limites, e que os entraves possam ser resolvidos através da intervenção de uma gama de profissionais especializados, que, infelizmente, os sistemas escolares não oferecem, nem mesmo o sistema de saúde ou de assistência social, pois carecem de apoio para sua implementação ampliada, através de financiamento público.De imediato, além do intenso trabalho de construção da cultura de paz, que o Estado capacite e ofereça profissionais de segurança preparados para lidar com o ambiente escolar, controle de entrada e saída nas unidades e ronda no entorno, sem práticas de violência”, afirmou.

A maioria das escolas públicas não oferece estrutura de segurança

Segundo Ronaldo Castro, diretor da Escola Estadual Abílio Rodrigues Patto, alguns bairros que sediam instituições de ensino são vulneráveis e o Estado não oferece estrutura que garanta a segurança dos alunos. “Em nossa escola (no bairro Esperança), temos muitas orientações para os servidores na entrada e saída de alunos, entrada de duas alunas cadeirantes, entrada de pais diferentes da entrada de alunos. Portões distintos, com profissionais orientados em todos eles, inclusive a entrada dos próprios servidores. A comunidade é considerada de elevada vulnerabilidade, principalmente em relação à violência. Contudo, a maioria das escolas não oferece estrutura de segurança”, afirma.

por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br

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