A política de paridade dos preços de compra, aplicada pela Petrobrás desde 2016, é um dos fatores relacionados ao aumento
“Ouro líquido”, é assim que muitas pessoas estão se referindo ao petróleo atualmente, devido aos preços exorbitantes do produto e de seus derivados. Na última sexta-feira (17), a Petrobrás anunciou um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel. O diesel sofreu um aumento de 14% (63 centavos), e a gasolina de 5% (15 centavos).
A economista Beatriz Almeida, explicou os motivos desse novo reajuste. “Desde 2016, a Petrobrás tem uma política de paridade dos preços de compra. Ela importa muito petróleo e derivados para o mercado nacional e, por isso, precisa manter uma paridade pensando no câmbio, no preço que ela compra lá fora. Agora, a alta do petróleo se dá por causa da guerra no leste europeu, porque muita refinarias foram fechadas; por causas das sansões feitas ao petróleo da Rússia; tem uma alta demanda por petróleo no mercado internacional e uma diminuição da oferta do produto. Então, tem uma elevação forte no preço do mercado internacional, e o câmbio, pois, o real está bem defasado em relação ao dólar”, comentou.

A economista também explicou os motivos da implementação da paridade dos preços pela Petrobrás. “Em 2015, a Petrobrás era muito deficitária, estava vindo de um endividamento, justamente por essa política de comprar a preços maiores e vender a preços mais baixos, ocasionou um endividamento grande. Em 2016, durante o governo Temer, implementaram essa política, para manter uma paridade com reajustes frequentes, quando tivesse essas oscilações no mercado internacional, apara ela não voltar a se endividar tanto”, disse.
A alta no preço dos combustíveis gera impacto direto ou indireto em todos os setores da economia. Isso se dá, principalmente, devido ao aumento do frete. “Tem uma pressão para aumentar o preço do frete e essa pressão é repassada para o consumidor final pelos produtores. Diretamente, a gente vai ter um impacto para quem usa seu transporte particular, usa os combustíveis. E, indiretamente, no preço dos alimentos, no vestuário, na construção civil. Em todos os setores a gente vai ter um impacto”, comentou a economista.
“Eu acho que falta do combustível é algo do futuro. Um cenário muito caótico, mas não é uma realidade agora. Não ter combustível seria muito pior do que um aumento de preços. Mas tem possibilidades, inovações que estão surgindo, que vão permitir que a gente seja menos dependente dos combustíveis fósseis. Eu acho que o caminho para o futuro, é que as nações fiquem menos dependentes desses combustíveis.” (Beatriz Almeida – Economista )

Luciano Faria é comerciante, e saiu da cidade de Registro, no interior de São Paulo, rumo à Pernambuco. Ele comentou sobre os gastos com combustível. “A gente está calculando uma faixa aí de dois mil reais de combustível. Há dois anos, a gente gastava oitocentos. É um absurdo”, disse.

Gecione Hipólito está fazendo uma viagem de três mil quilômetros, indo do interior de São Paula para Lagoa Nova, em Natal, no Rio Grande do Norte, e vai gastar o dobro do que costumava gastar antigamente. “Eu adquiri o meu primeiro carro à diesel há quatro anos. Era legal, dava para a gente sustentar. Hoje em dia, tem que repensar, porque disparou o preço, principalmente do diesel. Uma viagem em que a gente gastava em média mil reais, hoje tá dois mil reais. Tá um absurdo, tá complicada a situação”, disse.