Desde o início da campanha eleitoral, em 27 de setembro, nenhuma pesquisa de intenção de votos foi divulgada em Governador Valadares. A partir desta quinta-feira (5), faltam apenas 10 dias para os valadarenses irem às urnas e, até o momento, todas as pesquisas realizadas durante o período eleitoral foram impugnadas.
No mês de outubro, quatro pesquisas foram registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre os dias 1º e 23. Dessas, as duas mais recentes foram contratadas por candidatos à prefeitura. No dia 21 foi feito o registro de pesquisa realizada pelo Instituto Ver Pesquisa e Comunicação, encomendada pela campanha do candidato Doutor Luciano (PSC). Uma outra pesquisa, encomendada pela campanha de Rosemary Mafra (PSB), foi contratada junto ao Instituto de Pesquisa Soberano e registrada em 23 de outubro.
Pesquisas impugnadas: a de Rosemary Mafra
Ambas as pesquisas foram impugnadas, após representações feitas pelas coligações dos candidatos André Merlo (PSDB) e Leonardo Monteiro (PT), sob alegação de irregularidades na metodologia ou em questionário que poderia induzir o eleitor a alguma resposta.
Conforme o advogado da coligação “Frente por amor a Valadares” (PT-PL-PCdoB-Rede-Avante), Jayson Keyby Castro, já existem sentenças definitivas que proíbem a divulgação de três das quatro pesquisas realizadas em outubro. “São sentenças definitivas, embora caiba recurso. A da pesquisa da Rosemary Mafra é liminar, mas a empresa sequer se defendeu”, disse o advogado.
Segundo a assessoria de André Merlo, a impugnação à pesquisa contratada por Rosemary Mafra se deu por vício técnico referente ao sistema de controle e verificação registrados pela candidata perante o TSE. “A pesquisa informa que seria feita a verificação dos dados colhidos através de ligações telefônicas para os entrevistados. No entanto, o questionário não possui campo para registro do número telefônico dos entrevistados, tornando impossível verificar a veracidade das informações utilizadas para cômputo das intenções de voto, por não haver como auditá-los, o que faz com que o resultado não seja confiável”, relata a assessoria de André Merlo, por meio de nota.
O Diário do Rio Doce procurou a assessoria de Rosemary Mafra nesta quinta-feira, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.
Pesquisas impugnadas: a de Doutor Luciano
Um dos advogados da coligação de Doutor Luciano, Webster Moura de Sousa disse que já havia apresentado recurso contra a representação de André Merlo e que ainda nesta quinta-feira apresentaria recurso contra a representação de Leonardo Monteiro. O advogado espera que a pesquisa possa ser divulgada antes da eleição, no dia 15: “Eles (coligação de André Merlo) têm até amanhã para contrarrazoar nosso recurso. Creio que até depois de amanhã, no máximo, o processo é enviado para o TRE-MG. Pode ser que consigamos antes da eleição a permissão.”
Em nota, a campanha de André Merlo ressaltou que a pesquisa foi impugnada por não ter computado o grau de escolaridade dos entrevistados, o que é requisito legal para validade da pesquisa eleitoral. “A infração à norma legal foi confirmada em sentença pelo juízo da 318ª Zona Eleitoral, que também determinou a proibição de divulgação da pesquisa e multa de 50 mil reais para quem o fizer”, afirma a nota.
O advogado Jayson Keyby, que também impugnou a pesquisa contratada por Doutor Luciano, avalia que a suspensão das pesquisas impugnadas é uma forma de preservar a lisura das eleições. Ele demonstrou preocupação com pesquisas falsas que vêm sendo divulgadas em redes sociais e em grupos de aplicativos de mensagens. “A situação é gravíssima, e tal fato já foi, inclusive, noticiado ao juiz eleitoral, para que tome as providências cabíveis, aplicando a multa fixada por divulgação indevida da pesquisa”, declarou Jayson.