O exame será aplicado nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021
O ano de 2020 não foi um ano comum para os estudantes e para os professores. Por causa da pandemia do coronavírus (covid-19), escolas e cursinhos preparatórios fecharam as portas e precisaram se adaptar ao novo processo de ensino e aprendizagem, à distância. E essa situação dificultou a preparação para o Enem.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), neste ano o Enem traz novidades, não apenas por conta da pandemia, mas também pela estreia da versão digital. Nesse formato, as provas passarão a ser feitas no computador, o que permitirá questões multimídia, com vídeos e animações, e maior rapidez na divulgação dos resultados.
Mas os alunos devem ficar atentos. Assim como no Enem impresso, os participantes terão de ir para o local de prova levando caneta esferográfica da cor preta, para fazer a redação, que será preenchida em papel.
Em meio a essas mudanças, a preparação dos alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acabou ficando mais difícil, visto que muitos estudantes não têm estrutura física – computador ou internet de qualidade -, nem estrutura psicológica para estudar sozinhos.
Klevellin Liliano, de 17 anos, contou que fez um cursinho on-line em 2020 e que, ainda assim, não está totalmente confiante para fazer a prova. Para ele, a modalidade de educação a distância (EaD) acabou sendo um obstáculo.
“Nesse ano de 2020 eu cursei o terceiro ano e, como vou fazer o Enem 2021, fiz cursinho on-line de pré-Enem. Por ser EaD, tive dificuldades, pela facilidade de perder a atenção e de me acostumar com esse novo modo de ensino. Acredito que o EaD é o maior obstáculo que enfrentei, por ser uma modalidade com que eu não estava acostumado, e tive que me adaptar de última hora. Por causa disso, minhas expectativas são medianas; não sinto que estudei o suficiente para enfrentar o exame. E pelo fato de estar numa pandemia, a ansiedade se tornou uma vilã”, disse.

Thaís Valeriano, de 18 anos, também não tem boas expectativas a respeito do exame. Além de enfrentar o desafio de estudar em casa, ela não conseguiu se empenhar como nos outros anos, quando tinha mais apoio da escola e a presença do professor.
“Estudar para o Enem deste ano foi bem difícil; não estudei tanto quanto estava estudando antes da pandemia. Pra mim, a dificuldade foi de estudar em casa, onde acaba tendo muito barulho e, principalmente, estudar sem apoio presencial dos professores. No ano passado consegui estudar mais, e a escola estava dando mais apoio em relação à preparação dos estudos. Por isso, neste ano minhas expectativas são baixas. Não sei o que esperar”.
A artesã Karoline Domingos, 20 anos, contou que se formou em 2018, mas vai fazer o Enem pela primeira vez neste ano e disse que, além de não estar segura, por ter estudado sozinha, ainda está preocupada com as aglomerações nos lugares onde serão aplicadas as provas.
“Em 2018 terminei o ensino médio, e não fiz o exame porque não me sentia preparada. Em 2019 eu foquei totalmente no trabalho para adquirir experiência em alguma coisa, e 2020 seria o ano em que finalmente iria me preparar para fazer o Enem, e sinceramente a pandemia mudou completamente tudo. Tenho medo da aglomeração que a prova vai fazer, visto que não tem estrutura pra tantos candidatos. Não temos resposta nenhuma sobre esse assunto. Não tenho muitas expectativas com a nota. Irei somente pela experiência, já que não foi um ano bom pra estudar, nem para mim, nem para ninguém. Eu já sou mais adulta, sei lidar com o emocional, mas a grande maioria é apenas adolescente com sonhos, e ver o sonho ficar mais longe por coisas que poderiam ser diferentes é desesperador pra eles”.

Camila Fernandes, tem 25 anos, é formada em jornalismo e contou que fez todos os exames desde que entrou na faculdade. Segundo ela, neste ano o Enem poderá ser mais complicado que nos outros anos, visto que grande parte dos alunos não tem estrutura física e nem mental para estudar remotamente.
“Eu sempre fiz o Enem, desde o ensino médio até o final da minha faculdade de jornalismo. Com certeza, a pandemia atrapalhou muito para quem estava se preparando, não só pela questão dos alunos de escolas públicas, que tiveram menos apoio, mas para aqueles que não têm tecnologia necessária para estudar e nem mental para poder estudar sozinho, sem apoio. Então, creio que neste ano o Enem seja mais complicado do que nos outros anos”, afirmou.
