Queridos irmãos e irmãs, a vida é sempre esse caminhar em direção a Deus, sem esquecer que estamos com o pé aqui na terra. Entender o tempo, tendo os olhos bem abertos, é uma proposta que nos é feita como caminho de peregrinação, que não se faz de um dia para o outro, nem tampouco sem buscar entender a vontade de Deus, que se faz em nossa realidade humana, no dia a dia da caminhada.
As primeiras comunidades cristãs, e cada um de nós, viveram e vivem momentos e tempos difíceis. Nos perdemos em meio a tantas coisas que nos cercam e que, muitas vezes, nos fazem viver em conflito em meio à nossa existência, fazendo-nos viver o verdadeiro sentido da vida, buscando força e alimento, esperando a promessa que nos foi feita, e continuando a realizar a cada momento de nossa vida, tomando consciência de que fazemos uma caminhada como uma eterna peregrinação.
Queridos irmãos e irmãs, na caminhada da vida, precisamos cada vez mais no colocar na disponibilidade do chamado que Deus nos faz sempre. Em primeiro lugar, com o dom da vida; em segundo lugar, com o compromisso de batizado que cada um é chamado a viver, como cristão. Como vivemos o nosso ser cristão: buscando a esperança em Deus, tendo os olhos abertos para as realidades de cada dia, sem nos fazer de cegos, sem ter medo da justiça e do amor misericordioso de Deus em nossa história humana de cada dia.
Aos poucos, cada um de nós se acostuma em meio às realidades que nos cercam, sem levar em conta o seu verdadeiro sentido, a nos tirar do centro de todas as coisas, e nos fazer buscar o essencial para nós e para os outros, que fazem parte da nossa realidade humana. Caminhar em meio às realidades que a vida nos apresenta, e tomar consciência da necessidade de sair de nós mesmos, até mesmo das nossas misérias, percebendo que Deus a nós se manifesta em uma humanidade. Para determinados temas, sobretudo os que nos dizem com a construção da nossa humanidade os séculos e a história, não são linhas que distanciam. Pois o ser humano, que se faz presente nos antigos acontecimentos da história e do mundo, diante dos olhos e da caminhada, é exatamente o mesmo ser humano com as mesmas características e toda a sua existência, que somos cada um de nós.
Queridos irmãos e irmãs, não podemos apenas nos satisfazer em dar apenas uma resposta em meio a tantas perguntas, que agora nos faz necessário fazer. Um grande filósofo escreveu: “é necessário habituar-se a fazer uma passagem, a criar um intervalo entre pergunta e resposta, durante o qual aquilo que interroga pode ainda acrescentar os elementos que quiser, e ao interrogado é concedida a oportunidade de passar o que responderá, a fim de não se arremessarem sobre a questão e captá-la” (Plutarco).
Fazer uma caminhada de peregrinação é sempre fazer um caminho interior com uma pergunta: de onde viemos, para onde vamos? É ter consciência de que não podemos esquecer de apagar as perguntas com avalanche de equívoco de sucessivas respostas que não são respostas que constituem uma aprendizagem paciente na realidade da vida, com o dom e a graça de Deus.
Quanto mais descobrimos o verdadeiro sentido da vida, em meio a tantos questionamentos, mais tempo teremos que dedicar de fato à vida, que agora nos ensina a viver com intensidade, percebendo o seu verdadeiro valor e o seu verdadeiro sentido.
Queridos irmãos e irmãs: eis que a vida de todos nós é uma peregrinação. Um fato para o qual a consciência nos chama a pensar: como vivemos e como entendemos essa peregrinação? Pois o destino nos revela a meta, mas a maneira como fazemos a caminhada nos indica como vamos chegar ao princípio fundamental de todas as coisas: “o ser humano foi criado para louvar, reverenciar e servir a Deus nosso Senhor e, mediante a isso, salvar a sua alma, e as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a conseguir o fim para que é criado”.
Sendo assim, peçamos a Deus que nos conduza a cada dia de nossa vida, e nos faça viver cada momento, tendo consciência da peregrinação que cada um é chamado a fazer.
Fraterno abraço
Pe. Gilberto Faustino